O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

13 DE DEZEMBRO DE 1960 153

os médicos judeu? portugueses Amato Lusitano, Zacuto e Ribeiro Sanches.
A ele se devem os vinte volumes dos Arquivos da História de Medicina Portuguesa.
A vida de Maximiano de Lemos caracterizou-se por uma actividade intelectual excepcional, um estudo constante, uma paciência beneditina. Possuía uma erudição e cultura fora do vulgar, aliada a um carácter íntegro. Poucos médicos portugueses deixaram uma obra tão vasta e ao mesmo tempo tão séria.
Dele disse Ricardo Jorge: «A melhor das suas lições foi a sua própria vida, em que o talento se associa à modéstia, o culto do trabalho ao da verdade e o homem todo à virtude e à bondade».
Por isso torno a dizer, justíssima foi a homenagem que a Régua- prestou, no passado dia 3, ao seu ilustre conterrâneo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador : - Bem merece portanto ser louvada a comissão executiva das comemorações do centenário do nascimento do Prof . Maximiano de Lemos, que, com tanto brilho, comemorou o centenário do seu nascimento.

Vozes: - Muito bem!

O Orador : - A homenagem iniciou-se pelo descerramento de uma lápide comemorativa na casa onde nasceu Maximiano de Lemos, tendo o presidente da Câmara Municipal exaltado a sua figura. A seguir realizou-se uma sessão solene no salão nobre do Hospital D. Luís, presidida pelo governador civil, quo representava o Sr. Ministro da Educação Nacional.
Falou o Prof. Dr. Luís de Pina, que, referindo-se à corrente literária médica portuense, destacou a obra literária de Maximiano de Lemos.
Terminada a sessão foi descerrado um busto do homenageado no jardim em frente do hospital.
A tarde foi inaugurada, numa dependência do quartel dos bombeiros voluntários da Régua, a Biblioteca Maximiano de Lemos, tendo discursado o Prof. Dr. Alberto Saavedra, da Faculdade de Medicina do Porto.
Finalmente, concluíram-se as homenagens com uma sessão solene realizada na Câmara Municipal, na qual o Prof. Dr. Almeida Garret destacou os valiosos trabalhos do homenageado acerca da história da Medicina em Portugal.
Bem haja a vila de Peso da Régua, por tão brilhantemente ter sabido homenagear um seu Ião ilustre conterrâneo, e a Faculdade de Medicina do Porto, por tão devotadamente ter colaborado nessa justa homenagem.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente : - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente : - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei de autorização das receitas e despesas para o ano de 1561.
Tem a palavra o Sr. Deputado Urgel Horta.

O Sr. Urgel Horta : - Sr. Presidente: grande e proveitosa lição está Portugal dando ao Mundo, vivendo calmamente a hora que passa, com espírito de absoluta confiança dos seus destinos.
Sentimos bem a força da razão e da justiça a dar-nos autoridade para enfrentarmos resolutamente todos os perigos, repelindo todas as afrontas.
No cumprimento do preceito que a Constituição nos impõe, a Assembleia Nacional, dentro da absoluta normalidade, revestida dos poderes inerentes à sua alta fundão, discute a Lei de Meios para 1961.
E ao participarmos na sua apreciação, impõe-se à nossa consciência de português e Deputado da Nação proferir, como introdução a esse exame, duas palavras, pedindo vénia a V. Exa.
Sr. Presidente: na hora intensamente amarga e grave que o Mundo atravessa e vive. num misto de agitação vesânica, onde prolifera o ódio dementado e a cupidez aviltante, grotescamente mascarados por ideais de liberdade e justiça, falsos profetas, fascinados por ambições de poderio desmedido, em obstinação de combate aos princípios invioláveis e sagrados da doutrina emancipadora do género humano, estimulam e alimentam sentimentos de ignominioso domínio perante a soberania de uma pátria que os seus filhos, com a ajuda de Deus, manterão eternamente livre.
Fomos e continuamos sendo força geradora da fé e da civilização, alicerçada nos ideais da cristandade, farol guiando a humanidade em seu destino. Nascemos numa pátria livre, una e independente, berço de varões ilustres, quo através dos séculos souberam defender e respeitar direitos e deveres, levando a terras longínquas e ignotas a sua acção gloriosamente civilizadora. com realizações que honram e enobrecem o povo, que na hora presente está dando ao Mundo magnífica lição de coragem, civismo de unidade.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente: Portugal está sendo vítima de persistente campanha, eivada de falsidades, destinada a desorientar e confundir a opinião mundial, mais receptível à mentira do que à, verdade, tentando condições propícias à desagregação dos nossos territórios ultramarinos, o que jamais sucederá. Paradoxalmente, provém essa campanha de elementos inferiores do organismo destinado a fomentar e manter as boas relações entre os povos, agora numa inversão inqualificável de funções, tornando-se centro de intriga internacional, novo foco de guerra fria.
Começa aí a sentir-se uma influencia no velho estilo demo-liberal, dos estados recém-formados, sem tradições, incipientes em tudo, menos na tendência para caluniar e insultar, ajudados pela apatia ou pela cobardia de muitos países do Bloco Ocidental, que triste é dizê-lo, traspassam os interesses morais seus e de outrem por um vago interesse económico. Fogem às suas responsabilidades povos que pela sua cultura e pela sua técnica, eram condutores do Mundo, passando d» condutores a conduzidos, num retrocesso lamentável. Ante a evolução determinada por uma política de sistemática renúncia e abandono, devido a inúmeros factores, marcamos nós posição firme, não abdicando nem transigindo com a truculência e indignidade perfilhada por uns tantos.
Portugal, em magnífico contrasto, coerente com as suas responsabilidades e o seu passado, mantém-se intransigente, intransigência serena e firme, não abdicando nem traindo, seguindo inalterável, confiante e unido no caminho do dever e da honra.
O Chefe do Estado, interpretando o sentido unânime da consciência nacional, foi simples e claro, não deixando dúvidas às nossas intenções, «quaisquer que venham a ser as circunstâncias que nos criem, a nossa resposta será sempre a mesma: um «não» seco e terminante».