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25 DE FEVEREIRO DE 1961 493

O Orador: - Não representa isto a negação de tudo o que tem sido propagandeado contra nós? Não representa ainda um protesto clamoroso contra o sucedido com o Santa Maria? Não é a negação formal das mentiras soezes de Delgado e Galvão?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois bem, Sr. Presidente, perante uma campanha tão insistente, tão mentirosa, tão miserável, como a que foi feita, e continuará, contra nós, podemos, e devemos, responder-lhe, levando ao conhecimento do Mundo, pelo cinema, pela televisão e pela imprensa, esse documento incontestável que apresenta Salazar no meio do seu povo, não como presidente do Conselho de qualquer democracia popular ou não, rodeado de agentes da ordem, contido a distância o povo soberano, mas movendo-se a custo por entre a multidão como qualquer daqueles muitos milhares de portugueses que ali foram levar o seu protesto contra o cobarde assalto ao Santa Maria -, orgulho da nossa marinha mercante, contra os seus autores e os seus processos, contra, afinal, tudo o que se fez e o que se não fez e dizia ter sido feito em defesa dos nossos sagrados direitos, que eram afinal direitos de todos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Será difícil, não temos dúvida de que é, mas que se dê, por todas as formas, conhecimento ao Mundo de um documento único e convincente de que outra muito diferente é n verdade do que se passa em Portugal, ao contrário do que afirmam as gazetas apostadas em facilitar o caminho ao comunismo internacional, mesmo quando tudo indica que o deveriam combater.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Inacreditavelmente, para eles, somos um país de ordem, onde o facto que essas fotografias revelam é possível, não o sendo, aliás, naqueles que falsa, velhaca e insolentemente nos acusam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois se é preciso fazer propaganda, e não tenho dúvida de que é, que se faça com a verdade incontestável e com a indecisão de quem está forte e seguro da sua razão.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentada.

O Sr. José Manuel da Costa: - Sr. Presidente: já tem sido aqui referida, com o natural realce, a atitude firme, decidida, corajosa e patriótica da imprensa portuguesa na informação que deu e na posição que tomou perante os acontecimentos que têm ultimamente impressionado a consciência nacional.
Não era lícito esperar outra coisa de uma imprensa, que sempre pôs acima de tudo e como título da sua própria honra e dignidade a Pátria, na irredutibilidade da sua independência, na eternidade da sua sobrevivência.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nunca, porém, é de mais repetir uni louvor a quem o mereceu com tanta hombridade e galhardia, e da nossa parte aqui se renova, já não bem um elogio, mas uma palavra de respeito e de grato entusiasmo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sem melindre nem desprimor para nenhum dos respeitáveis órgãos da nossa imprensa, a grande e a pequena, sem limitação de qualquer espécie à nobreza e à coragem das posições por todos assumidas, quero pôr em relevo agora a atitude de vanguarda que tomou o vespertino lisboeta Diário Popular, não se limitando à crítica, à repulsa, à condenação, dos actos antipatrióticos que eram objecto da sua atenção e da de todos os seus pares. O Diário Popular procurou ao mesmo tempo e do mesmo passo sacudir o imobilismo, estimular acções construtivas, propor procedimentos oportunos e pertinentes, cortar a modorra como soluções de energia e de vitalidade superadoras da ocasional crítica combativa e tendentes para além dela à iniciativa de uma acção de defesa e de contra-ataque.
Exemplifico: no número publicado no passado dia 21 o Diário Popular inseria uma nota sob o título «A melhor resposta», com fundamento na obra científica de Gilberto Freire, e que terminava deste modo: «Porque se não reúnem as páginas mais incisivas sobre essa negação científica do colonialismo? Porque se não traduzem em tantas línguas quantas seja possível? Porque se não espalham por Universidades, academias, institutos, jornais, emissoras, etc.?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Haverá, porventura, melhor resposta a dar aos que nos acusam de colonialismo do que se insuspeita Ciência?».

O Sr. Rodrigues Prata: - Muito bem!

O Orador: - Isto, Sr. Presidente, é a sã, é a boa doutrina, é a acção forte e viril que se nos impõe desde já, sem hesitações nem demoras, pois a Nação inteira tem de estar agora mobilizada, espiritual e materialmente, em função do ultramar . . .

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... porque nele está a nossa primeira e n nossa última trincheira nesta luta em que nos envolvem., e que no final de contas se resume a quererem, tirar-nos o que é nosso pela história, pelo trabalho, pelo sangue e pela alma. pela grandeza e pela riqueza, pelo descobrimento e pelo direito, pela decisão e pela vontade.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - O ultramar tem de ser hoje a constante do nosso pensamento e acção, não há restrições possíveis, não há problemas que se lhe sobreponham, não há descanso que se consinta a quem quer que seja neste grandioso e profundo momento da nossa ameaçada vida histórica.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, o homem e o Mundo vivem hoje do estímulo e sob o acicate da informação. Já até ouvimos defender por entidades internacionais altamente responsáveis a abstrusa e perniciosa teoria de que a observação do jornalista transmitida ao seu jornal era em si mesma verdadeira, tinha em si mesma a razão de ser suficiente da sua verdade! Isto é espantoso, mas há quem o defenda, há quem o pratique e há. evidentemente, quem por inépcia ou por desprevenção o