530 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 206
resultados ultrapassam as barreiras do interesse da região, projectando-se no verdadeiro interesse nacional.
Sr. Presidente: o historial do aeroporto de Pedras Rubras encerra na essência da sua criação e evolução inúmeras dificuldades, vencidas à custa de laboriosos e reconhecidos sacrifícios, pessoais e colectivos. Pertenceu à imprensa, na sua meritória acção, sempre pronta .na defesa dos legítimos interesses do Porto, à honrosa tarefa d; lutar sem desfalecimento a favor de empreendimento com tão -extraordinária valia, a ela se devendo essa campanha, inteiramente apoiada pelos corpos administrativos da cidade e pelas suas agremiações comerciais, industriais, culturais e desportivas. A ideia vingou, desenvolveu-se e tomou vulto graças a tantos que puseram ao serviço da causa toda a sua energia, a sua vontade, o seu esforço, permitindo-se-me destacar o Aeroclube, que então, como agora, muito se esforçou pelo engrandecimento e pela actualização de Pedras Rubras.
O Porto possui finalmente, após anos de canseiras, o aeroporto indispensável à sua vida de relação, ao seu intercâmbio feito através do espaço, numa economia de tempo tão valiosa para as suas actividades industriais, comerciais ou turísticas e desportivas.
Mas, Sr. Presidente, a vida do Mundo, a vida da humanidade, sofre constantes mutações, de harmonia com as necessidades e com o progresso dos povos, acusada pelo desenvolvimento da ciência nos seus variados sectores. E Pedras Rubras, dentro do seu valor representantivo, da sua utilidade e do seu objectivo, num acréscimo constante de movimento, numa afluência de passageiros e, concomitantemente, num aumento de voos e carreiras, exigia, para desempenho da função que lhe cabe, valorização e actualização das suas instalações, [ara, dentro de condições técnicas perfeitas, fazer face às exigências manifestadas por todos quantos procurar com segurança a via aérea nas suas deslocações.
O Sr. Aires Martins: - Muito bem!
O Orador: - Obedecendo a semelhantes preceitos, e após o estudo pormenorizado problema, tomou o Estado, por intermédio da Direcção-Geral da Aeronáutica Civil, a resolução de, em diversas fases - três, segundo julgo -, proceder imediatamente à ampliação e à renovação de empreendimento tão necessário.
prolongamento, com o reforço de capacidade e suporte do pavimento, das suas pistas, de forma a serem utilizadas por aviões de maior tonelagem; a remodelação e a ampliação das instalações ocupadas pelo pessoal no desempenho do seu cargo, quer seja pessoal privativo, aduaneiro ou da Polícia Internacional, e, ainda, pelo público e pelos passageiros à chegada ou à partida cos aviões, e todo esse conjunto urbanístico que margina o edifício actual, sofrerão a transformação exigida pelas necessidades da hora presente.
Obra de largo alcance, de demorada realização e custo elevado superior a 15 000 contos, foi exposta nos seus detalhes pelo Sr. Director-Geral da Aeronáutica Civil, engenheiro Vítor Veres, técnico consumado, trabalhador infatigável no desempenho do cargo que tão dignamente ocupa, não esquecendo na exposição feita as dificuldades a vencer, dificuldades em parte facilitadas ou aplanadas pela magnífica coadjuvação prestada pelo actual comandante do aeroporto, Sr. Barros Pratas, que tanto e tão louvável interesse tem manifestado na resolução do problema que inteiramente conhece.
Aqui lhes prestamos, em nome da cidade, o reconhecimento que lhes é devido, nele envolvendo todos quantos a Pedras Rubras vêm dando o seu concurso, não esquecendo o Aeroclube, obreiro e infatigável de uma grande causa, que soube fechar o brilhante ciclo das festas comemorativas do seu 25.º aniversário com essa extraordinária exposição aeronáutica no Pavilhão dos Desportos, dando ao povo português noção exacta do que é, do que vale e do que representa a aviação civil e a Força Aérea, tão intimamente ligadas à segurança, ao progresso e ao prestígio da Nação.
Vai Pedras Rubras ser o grande aeroporto que a capital do Norte e a sua região ansiavam possuir. Regozija-nos sinceramente esse facto, que bem merece o agradecimento que desta tribuna dirigimos ao Governo em nome do Porto, como seu representante na Assembleia Nacional.
Sr. Presidente: o outro acontecimento, grande e notável acontecimento, comporta a reconquista de um velho, hoje novo, baluarte ofensivo e defensivo na luta profiláctica e curativa contra a tuberculose, fonte de tanta angústia, origem de tanta amargura, causa próxima e remota de tanta miséria, de tanta juventude roubada à vida no despontar ou no vigor de uma bonançosa e prometedora mocidade.
A reabertura do Hospital-Sanatório Rodrigues Semide, após a sua remodelação e a sua ampliação, fica na vida assistencial do Porto a atestar o inteligente labor, a avisada decisão e a forte vontade do homem lutando esforçadamente pela vida do seu semelhante, numa luta que não admite interrupções ou paragens.
Não pretendo fazer hoje a história desse magnífico estabelecimento hospitalar, unidade assistencial que, nascida há 35 anos, prestou ao Porto é ao Norte do País os mais assinalados serviços no campo da tuberculogia, visto já pormenorizadamente o haver feito perante V. Ex.ª, Sr. Presidente, e perante VV. Ex.ªs, Srs. Deputados.
Pretendo em primeiro lugar, utilizando meia dúzia de palavras, revestidas da maior sinceridade e impregnadas de vivo sentimento de verdade e de justiça, associar-me ao júbilo experimentado neste instante pelo Porto, e bem demonstrado pelo Sr. Ministro da Saúde no agradecido reconhecimento dirigido a todos quantos, vivos ou mortos, deram forma e vida ao Hospital-Sanatório Rodrigues Semide, cujo nome é eloquente símbolo de benemerência e caridade que o Evangelho contém e ensina.
Foi este Hospital durante largos anos o primeiro e único estabelecimento existente no Porto especificamente destinado ao combate contra a terrível bacilemia de Koch.
Com o rodar dos tempos, um acumular de dificuldades sentido pela Santa Casa da Misericórdia deu motivo a quê o Hospital-Sanatório vivesse horas amargas, atingido pelos maléficos efeitos de uma quebra de rendimentos indispensáveis ao encargo que lhe acarretava a manutenção dos doentes e tornando impossível a beneficiação e modernização das instalações e dos meios precisos ao seu movimento. E o caso tomou aspectos tão delicados que chegou a pensar-se e a encarar-se a hipótese do encerramento de uma instituição onde tantos seres humanos venceram a luta contra a morte, para realizar as tarefas inerentes à vida na sua mais nobre actividade e expressão.
Mas a Providência Divina, na sua misericordiosa vigília, despertou energias e vontades que, numa congregação de esforços, souberam ganhar a sua magnífica cruzada da assistência.
A mesa da Santa Casa, em sincronismo generoso e em acordo perfeito com o Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos, numa alta compreensão dos benefícios que à sociedade traria a manutenção e a valorização do Sanatório, meteu mãos à obra tão vultosa como prestimosa na sua acção a projectar-se no futuro de tantos indivíduos atacados pelo terrível mal.