O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

534 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 206

Se os nossos soldados actualmente estiverem nus mesmas condições, tiverem a força moral que lhes dá a certeza de que a Nação os recompensará se ficarem feridos, doentes ou inutilizados e que as suas famílias serão também eficazmente amparadas pelo Estado, não tenhamos dúvidas de que o nosso exército de terra, mar e ar cumprirá mais uma vez o seu dever com heroísmo o eficiência.
Pesa neste momento da vida da Nação uma grave responsabilidade sobre os ombros dos homens do Governo, em especial sobre o ilustre Ministro da Defesa Nacional.
Penso que está à altura de desempenhar o seu lugar com a devida eficiência e que tem colaboradores capazes de cumprir a sua grave missão. Faça, pois, o que entender útil e necessário, com a certeza de que a Nação, toda a Nação, do Minho a Timor, o apoiará em tudo o que fizer na defesa da honra, da vida e dos interesses de todos os portugueses.
Essas responsabilidades recaem também, em elevado grau, sobre o comandante militar de Angola e o governador-geral da mesma, província, que têm de ser individualidades dotadas também de qualidades excepcionais para poderem cumprir a sua missão.
Erros de imprevidência e de falta de preparação já foram cometidos, mas nada se ganha em se aludir a eles. Agora é necessário agir, mas rapidamente, considerando que verdadeiramente estamos em guerra e que é necessário guarnecer a região onde se praticaram os actos de terrorismo com as tropas e forças de polícia suficientes.

O Sr. Cortês Pinto: - Muito bem!

O Orador: - Trata-se de uma região vastíssima, cheia de florestas e esconderijos, onde os terroristas facilmente se acoitam e donde é difícil desalojá-los, nesta época das chuvas, que transforma as estradas e picadas em lamaçais intransponíveis.
É, pois, necessário ter lá muita gente, que se reveze na vigilância e que dispenso, em grande parte, o auxílio dos habitantes, extenuados por estas semanas de emoções terríveis, de combate e vigilância constante no meio do perigo, o que arrasa os corpos mais robustos e os espíritos mais corajosos.
É preciso também que haja pessoal para fazer as patrulhas necessárias, em força.
Umas patrulhas de meia dúzia de homens, ou mesmo mais, transportados em um ou dois carros, facilmente podem ser causados, abatendo árvores nas estradas, que terão f1 e cortar, em paragens sucessivas, até que cheguem à altura que aos terroristas pareça mais conveniente para o ataque, que os encontrará extenuados. Muita cautela, pois, e muita atenção da parte dos comandos em não sacrificarem gente inutilmente.
Só quem passou semanas e meses de vigilância constante, espreitado pela morte, pode fazer ideia do que têm sorrido os militares e civis que têm a seu cargo a vigilância da região afectada pelos terroristas.
Reforcem-se, pois, urgentemente, as forças que lá estão, sem olhar a dinheiro, e não se descuide a vigilância em outras regiões e outras províncias, especialmente no Norte de Moçambique.
Tem de se atender também à vigilância das costas marítimas, o que é importantíssimo.
Já não há militares no activo que conheçam a guerra em África, mas com a inteligência que caracteriza a gente portuguesa e o auxílio e indicações dos heróicos homens do mato todos aprenderão, e venceremos mais uma vez.
Em Angola, no decorrer dos séculos, tem corrido muito generoso sangue português; no seu solo jazem os esqueletos dos que combateram e se sacrificaram para civilizar, fazer progredir e tornar bem portuguesas aquelas terras; muito suor, lágrimas e esforços heróicos têm despendido os Portugueses para fazer de Angola o que hoje é e muitos capitais lá têm sido investidos pelos particulares e pelo Estado. Ninguém pense que vamos deixar cobardemente tudo o que tanto nos custou a alcançar...
Lutemos, aguentemos, e tenho a certeza de que a situação internacional se modificará a nosso favor, tal é a razão que nos assiste e o interesse que as nações ocidentais, e arte as novas nações negras, têm em que se mantenha a presença portuguesa em África.
Não, Sr. Presidente, nunca abandonaremos os nossos irmãos africanos, sejam elegi de que cor forem, e os nossos gloriosos mortos, os heróis que tanto lutaram, saberão com orgulho que os Portugueses de hoje são dignos dos seus heróicos antepassados.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

A próxima sessão será no dia 11 do corrente, terça-feira da próxima semana, com a mesma ordem do dia da de hoje.
Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agnelo Orneias do Rego.
Alberto Carlos de Figueiredo Franco Falcão.
Américo da Costa Ramalho.
António Maria Vasconcelos de Morais Sarmento.
António Pereira de Meireles Rocha Lacerda.
Artur Proença Duarte.
Augusto Duarte Henriques Simões.
Camilo António de Almeida Gama Lemos de Mendonça.
Fernando António Munoz de Oliveira.
Frederico Bagorro de Sequeira.
Henrique dos Santos Tenreiro.
João da Assunção da Cunha Valença.
João Maria Porto.
Joaquim Mendes do Amaral.
Joaquim Pais de Azevedo.
Jorge Pereira Jardim.
José António Ferreira Barbosa.
Júlio Alberto da Costa Evangelista.
Luís Maria da Silva Lima Faleiro.
Luís Tavares Neto Sequeira de Medeiros.
Manuel Cerqueira Gomes.
Manuel Colares Pereira.
Manuel Lopes de Almeida.
Manuel Maria Sarmento Rodrigues.
Manuel Seabra Carqueijeiro.
Purxotoma Ramanata Quenin.
Ramiro Machado Valadão.
Tito Castelo Branco Arantes.

O REDACTOR - Leopoldo Nunes.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA