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27 DE ABRIL DE 1961 861

A grande maioria tem profissões humildes, em que predominam os cozinheiros e os criados de servir.
Seguidamente vêm os empregados comerciais, que vários bancos e outras firmas preferem, por serem, geralmente, honestos.
Além destas ocupações, encontram-se ainda, com certa frequência, mecânicos, marítimos e alfaiates.
A par destes goeses que mantêm a nacionalidade portuguesa há ainda muitos outros que adoptaram a nacionalidade paquistana, na sua quase totalidade a fim de não serem prejudicados nos seus empregos. Em muitos casos trata-se de goeses que atingiram postos já de certo relevo na administração daquele país e que, para garantir cargos e promoções, se nacionalizaram paquistaneses. Por vezes, a mesma atitude foi tomada por empregados em várias firmas comerciais, em virtude de aquelas terem a obrigação de manter ao serviço uma determinada percentagem de nacionais daquele país.
Cultura portuguesa. - Não existe qualquer escola ou instituição onde seja ministrado o ensino da língua portuguesa. Há, todavia, lima agremiação, denominada Pakistan-Portugal Cultural Association, que tem manifestado interêssse em conhecer alguns aspectos da nossa vida económica e social.
Sr. Presidente: muitas e variadas conclusões se poderiam tirar dos elementos que acabo de ler. A mim basta-me concluir que cerca de meio milhão de portugueses trabalham fora do território nacional, em esmagadora maioria de reduzida cultura e desempenhando, por isso, profissões humildes, e junto dos quais é quase nula a acção do Estado quanto .à defesa da sua lusita-nidade. Alguma obra feita, algumas escolas abertas, são de iniciativa particular. Importa, pois, já porque não somos uma nação rica em população para que a possamos assim desperdiçar, já porque é de todo o interesse, inclusive pela sua potencialidade política, manter ligados à Mãe-Pátria esses núcleos de portugueses, cujos filhos não sabem já português e se envergonham nalguns lados da sua ascendência, como acontece na Califórnia, importa - dizia - iniciar uma larga acção difusora da nossa cultura, em língua estrangeira, onde não puder já chegar o português, por meio de professores, conferencistas, missões, cinema, teatro, televisão, enfim, de todas as formas possíveis. Por outro lado, é preciso intensificar no estrangeiro a propaganda da nossa obra cultural, o que já se faz em algumas Universidades onde funcionam leitorados, mas em número ainda insuficiente e dispondo de meios reduzidos. Mas para isso - e volto a insistir na minha ideia de coordenação - é necessário um Instituto de Cultura Portuguesa (só temos um para a alta cultura!), ao qual compita toda a actividade relacionada com a consolidação e expansão da nossa cultura, agora entregue a tantas mãos e, por isso mesmo, tão rarefeita.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Simeão Pinto de Mesquita: - Sr. Presidente: já nesta Câmara tive ocasião de destaca? como a durareza das passadas intempéries outonais atingiu, de entre outras províncias da metrópole, a nossa do Entre Douro e Minho.
Aludi então particularmente aos prejuízos que os excessos da chuva, quase ininterrupta de meados de Setembro até Fevereiro, provocaram na(r) vindimas e na recolha e secagem do milho.
Não obstante tão prolongado baptismo, o vinho saiu ainda assim, em boa parte, são e normal, sobretudo o quê não ficou para tarde, e isto só foi possível acontecer por antes se lhe prever unia qualidade excepcional, que só o desastre do tempo prejudicou.
O volume tia respectiva «produção é que naquela região foi deveras- elevado; d>e resto, o- mesmo ocorreu genericamente nas demais regiões vinícolas a norte do Mondego-Estrela, ao contrário do que sucedeu no sul, em que o(r) quantitativos do vinho antes tenderam a .cifrar-se abaixo da médiia.
Na região dos vinhos verdes as anteriores dirás- últimas colheitas haviam sido, não más, mas medíocres, da ordem das 350 000 pipas, abaixo sensivelmente da actual média, que deve computar-se à volta de 400 000 pipas.
Como é Sabido, o vinho verde não goza geralmente de condições de conservação normal para além de dois anos e muito dele é de urgência consumir-se dentro do ano agrícola «em que se fabrica. Isto acontece não tanto por defeito intrínseco, pois, se sofre de graduação alcoólica baixa - e- nem sempre, pois tantas vezes se situa acima de 10 graus, è rico em acidez total, que é boa condição de dura; resulta, antes das más condições em que, regra geral, continua a ser vindicado e da defeituosa conservação em vasilhas vulneráveis ao ar, sem ates-tos e sem trasfegas.
O emprego, que ora se vai iniciando, de vasilhas herméticas, ou nas adegas cooperativas, 011, a seu exemplo, em adegas modernizadas que os organismos competentes tão acertadamente vêm estimulando, parece já tender a confirmar as possibilidades de aquele vinho ser conservado são por muito mais tempo.
Isso, porém, apenas são esperançosas perspectivas, e por agora força é cingirmo-nos realisticamente ao que ocorre. E assim há que considerar que esse vinho regional, com marca vinária, há que colocar-se dentro de um ano, o máximo dois anos.
E a economia doméstica do lavrador processa-se naturalmente nesse pressuposto.
Por outro lado, a agravar tal circunstância, a produção anual deste vinho -é desconcertante variável, descendo por vezes a metade ou até a um terço da média, ou brindando-nos, como no ano findo, com acréscimos de perto de 50 por cento.
Enunciar estas circunstâncias é verificar quanto este produto, essencial na economia regional, deva, quanto ao jogo de preços, constituir matéria particularmente afectada pela alta e baixa não proporcional da respectiva .cotação, mas antes em que esta se acentua em progressão geométrica, quer na alta, quer sobretudo na baixa. E o designado pelos economistas efeito de King.
Uma grave fase depressiva deste efeito se está verificando com aquele vinho regional. Da preço de à volta de 1800$ ha dois anos, e ainda de 1700$ o ano passado nível que a supra-referida mediocridade das colheitas explica -> desceu nesta altura aos preços de 800$, e mesmo 600$, a pipa, e sem procura. Esta uma colheita abundante que para o rendimento do lavrador equivale em seus efeitos a autêntica penúria de produção!
A agravar o quadro,, ainda as más perspectivas, por
circunstâncias óbvias, de escoamento desse vinho pa-ra
o Brasil e África, seu mercado de eleição, que, embora
hoje limitado, tem exercido nos preços sadia acção de
presença.
Como conjurar, pelo menos atenuar, esta situação?
Ë para o seu criterioso estudo e possíveis medidas saneadoras que chamo a atenção das entidades governativas.
Por iniciativa da Commissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, é do nosso conhecimento ter sido pedido o auxílio financeiro do Governo para que este