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12 DE DEZEMBRO DE 1962 1475

tinto oficial da nossa marinha de guerra Exmo. Sr. Comandante Peixoto Correia, agora novo titular da pasta do Ultramar.
Como todos VV. Ex.ªs sabem, o Exmo. Sr. Comandante Peixoto Correia não é um curioso, não é um peregrino, nem é um debutante em política e administração ultramarina. Não chega carregado de teorias e abstracções que vai aplicar no corpo flagelado do nosso ultramar. S. Ex.ª é o tipo completo de «soldado prático». Conhece o ultramar; trabalhou no ultramar; ali terá curtido desanimes e desilusões, experimentou alegrias e sofreu as inclemências do clima e familiarizou-se com o enervante zumbido do mosquito e com as febres. Neste ambiente apurou S. Ex.ª o espírito e aprendeu a ouvir e a entender a linguagem do homem de África e os anseios das populações nativas. Não é, pois, um desconhecido. E melhor do que eu, melhor do que em letra de imprensa se possa dizer a respeito do novo Ministro do Ultramar, fala a voz do povo, falam aqueles que tiveram a rara felicidade de ser por S. Ex.ª governados.
Ainda em Cabo Verde se fala, com louvor e saudade, do comandante Peixoto Correia, assim como na Huíla, apesar de não ter permanecido largo tempo no governo deste distrito de Angola. O mesmo diremos com respeito à gente da Guiné, cujo Governo deixou muito recentemente. De ninguém se ouvirá uma voz - seja de Cabo Verde, de Angola ou da Guiné - a discordar das gerais referências elogiosas da acção governativa que S. Ex.ª desenvolveu naquelas províncias.
Uma tal unanimidade de opiniões, uma tal fama, que não foi obtida com o artifício da propaganda mercenária, resultou simplesmente de um trabalho inteligente., honesto e dedicado ao bem comum, com a probidade e lúcida consciência dos homens simples e, porque simples, superiores.
Estão de parabéns o Governo e as populações do ultramar pela feliz escolha de tão distinta personalidade, a quem presto as minhas respeitosas homenagens e ofereço a mais leal e desinteressada colaboração, com o desejo sincero de que o seu governo seja frutuosa continuação da sua brilhante carreira de governante ultramarino.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: da verdade de Angola a Nação apenas tinha conhecido a face emocional, explorada até limites doentios. Impunha-se revelar-lhe, sem escândalo, a outra face, para ter a verdade completa e poder deduzir os porquês e melhor saber avaliar as soluções que se têm aventado para a cura do mal que a todos aflige. Eu próprio tomei a iniciativa. Por isso, não regressei a Luanda após o primeiro período de trabalhos desta Assembleia. E, para que viesse a traduzir-se numa eficiente campanha de esclarecimento nacional, necessário foi que um bom punhado de portugueses da melhor formação cívica e política desse a sua adesão ao intento e contribuísse com o seu labor intelectual. Pode dizer-se, efectivamente, que a nossa actividade teve o seu início em Maio, quando houve entre todos a primeira explanação de factos e de ideias até estabelecermos um corpo de doutrina que foi julgada a que melhor pode servir a política ultramarina e a mais capaz de conduzir ao apaziguamento dos espíritos exacertados por uma luta fratricida e cruel.
De conformidade com os princípios estabelecidos e aceites, publicou o Instituto António Sardinha um manifesto que teve larga expansão e colheu geral aceitação, ficando a marcar a primeira e mais clara «posição portuguesa» no problema ultramarino, definida com raro brilho e superior isenção. Logo a seguir, o Sr. Doutor Fernando Pacheco de Amorim deu a conhecer à Nação, por forma clara e elucidativa, Três Caminhos da Política Ultramarina.
Esta obra tem, para mim, o grande mérito de fazer uma crítica imparcial às três soluções que mais debatidas têm sido e a coragem moral e cívica, sem tergiversações nem disfarces, de apontar à Nação a solução mais indicada, a que melhor serve o interesse nacional, a única que é uma solução portuguesa - a integração.

O Sr. Júlio Evangelista: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Tenha a bondade!

O Sr. Júlio Evangelista: - Essa é a opinião de V. Ex.ª

O Orador: - Sem dúvida.

O Sr. Júlio Evangelista: - Pronto! Mais nada!

O Sr. Vasques Tenreiro: - Também desejava fazer minhas as palavras de V. Ex.ª, Sr. Deputado Júlio Evangelista!

O Sr. Manuel João Correia: - E eu apoio as palavras de V. Ex.ª, Sr. Deputado Vasques Tenreiro.

O Orador: - Sucedeu a esta etapa uma fase de consciente expectativa: desejávamos conhecer, em face do arrepiante impasse em que estavam as coisas do ultramar, qual a reacção do Governo e como julgaria a doutrina que se proclamou. Não foi vã a nossa expectativa.
S. Exa. o Ministro de Estado, em comunicação que se dignou fazer, em 3 de Setembro, aos órgãos da informação, veio declarar à Nação, com o brilho e a lógica convincente da sua inteligência, que o Governo também perfilha a mesma doutrina, por «ser a integração o caminho que, no presente e no futuro, melhor convém à realização total de cada uma das regiões integrantes da Pátria Portuguesa. No conceito português, integração será o modo natural e necessário de fortalecer a coesão e será a atitude nacional de hoje, porque, aproveitando o progresso do tempo, ela é a melhor - se não a única - garantia dos interesses próprios e comuns de cada pedaço do chão e de alma de Portugal».
Mais nada nos era necessário, nem mais podíamos esperar, para que nos decidíssemos a percorrer o Norte e o Centro do País em divulgação da política de integração do ultramar português. Fomos, com outros dedicados portugueses de boa fibra, espalhar o conhecimento das nossas ideias, das ideias do Governo acerca do problema ultramarino, despertando a consciência pública.

O Sr. Júlio Evangelista: - Das ideias do Governo?

O Orador: - V. Ex.ª não tem estado a acompanhar a minha exposição.

O Sr. Júlio Evangelista: - Não tenho perdido uma palavra.
Só pergunto se eram as ideias do Governo. E nem peço resposta.

O Orador: - Mas respondo a V. Ex.ª Eram as ideias do Governo e coincidiam com as nossas.

O Sr. Vasques Tenreiro: - Uma coisa é a integração que o Governo procura fazer e outra coisa é a integração