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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 65 1696

posição e acção como escola de educação e preparação do pessoal técnico especializado - médicos, pessoal de enfermagem e auxiliar, trabalhadores sociais - e independentemente ainda do seu valor na educação sanitária, sob o ponto de vista de higiene mental do público.

Poderá parecer estranha a doutrina de colocar o hospital psiquiátrico à frente de toda a luta contra a loucura, mas de facto não é, pois caminha-se no sentido aconselhável, como se depreende da opinião expressa por autoridades bem qualificadas:

«A concepção dualista da medicina preventiva e da medicina curativa está hoje ultrapassada; o hospital constitui o eixo da totalidade do armamento sanitário» - Dr. J. Joanay (presidente do Conselho Supremo de Hospitais de França).

As funções do hospital moderno são inicialmente quatro: a) tratar doentes e sinistrados; b) instruir médicos, enfermeiras e outro pessoal; c) saúde pública (prevenção das doenças e promoção de saúde); d) fazer progredir a investigação da medicina científica» - Dr. Mac Eachern (médico e administrador dos hospitais).

E ainda:

«O hospital expressão única e, se possível, da medicina integral» - Dr. Osvaldo Queijada Cerda (cirurgião da Universidade do Chile e administrador de hospitais).

«O hospital não deve limitar as suas funções exclusivamente à esfera curativa; deve_ organizar-se, antes, para atender também às necessidades da prevenção das doenças, ao ensino e à investigação» - Do relatório da Companhia de Técnicas de Organização da Assistência da Organização Mundial de Saúde.

Confirmam a orientação moderna de considerar o hospital o centro de uma actividade médica completa para a comunidade as palavras do Prof. A. Querido no discurso «A Evolução do Hospital - Um Mundo Que Evolui», pronunciado na inauguração do XII Congresso da Federação Internacional de Hospitais, em Veneza. Dizem assim:

Se o hospital baseia a sua importância no facto de ser o lugar da comunidade em que uma maioria de auxílios médicos se encontra reunida, não há razão para não saltar os seus limites e tornar acessíveis estas facilidades tanto aos que estão dentro como aos que. estão fora das suas paredes.

Isto transformaria os nossos hospitais em centros médicos ou, ainda melhor, em centros de organização sanitária, que reunissem as actividades dos médicos na comunidade e suportassem estas actividades com os seus recursos coordenados e concentrados.

Deste modo, poder-se-á estabelecer uma cadeia contínua de cuidados médicos. Facilidades no diagnóstico, terapêutica, investigação e ensino, instrumentando e assistindo à prática médica. Uma cadeia que se inicia com a pura prevenção, procede ao diagnóstico e tratamento precoce e continua com a passagem do doente para o tratamento ambulatório, cuidados pós-cura, seguida de trabalho social em cooperação com o médico de família e coordenado com as demais instituições de sanidade e bem-estar.

Finalmente, a reforma hospitalar francesa, tão discutida na imprensa especializada e não especializada, apresenta o hospital como organismo de assistência à saúde diminuída ou ameaçada, local de ensino escolar e pós-escolar, centro de investigação médica e social.

«E doutrina assente que o hospital moderno, como senhor único na parte assistência! médico-sanitária, cujas funções básicas são curativa, profiláctica e social, há-de resultar da transformação dos velhos hospitais em centros sanitários (life-extension).

O hospital moderno é uma ideia e só poderá merecer esta denominação se estiver plenamente integrado na colectividade, desenvolvendo estudo e pesquisas sobre a comunidade, no propósito de servir, em todos os sentidos, o indivíduo e a população, vivendo dinamicamente os problemas da área onde actua, no firme propósito de curar, recuperar e reintegrar- na sociedade o doente e auxiliar a manutenção da saúde e do bem-estar do são.»

Este o seu programa.

Diverso não é mesmo o conceito emitido pela própria Organização Mundial da Saúde, que define o hospital como sendo suma entidade de diagnóstico e tratamento, que exerce a medicina curativa e preventiva da população e concorre para o bem-estar físico, mental e social dos indivíduos».

Sendo assim, o hospital, para ser considerado moderno, deve desenvolver, dentro dos princípios técnicos e administrativos hospitalares actuais, as seguintes funções: função de diagnóstico, função preventiva, função científica ou de pesquisa, função didáctica ou de ensino e função moral («Actividade da Saúde Pública do Hospital Dr. D. C. da Gosta Alemão - Hospital de Hoje»).

Mais um depoimento autorizado a demonstrar que, ao pensar-se no equipamento em defesa da saúde mental, se deve instalar no hospital psiquiátrico o centro de todos as actividades.

11. Será fácil organizar instalações onde se internem os doentes de evolução prolongada.

Hoje não deve haver asilos, mas sim centros de recuperação. Todos os doentes podem e devem exercer uma certa actividade escolhida e regulada pelo psiquiatra.

O trabalho é remédio, é medicamento, aconselhado e doseado pelo médico.

A ergoterapia e a terapêutica recreativa proporcionam aos doentes um considerável bem-estar e representam importante benefício moral e material para a instituição, para o doente e para o pessoal.

Em face disso, admite-se que uma grande parte dos crónicos hospitalizados deve ocupar empregos vigiados, viver em famílias próprias ou alheias sob vigilância de especialistas e de assistentes sociais, enfermeiras especializadas, visitadoras sociais, etc.

Admite-se no entanto que alguns terão necessidade, na verdade, de viver era instalações de internamente prolongado, pois alguns deles, como as estatísticas provam, lucram com um novo tratamento activo. Tem-se registado que 10 a 15 por cento desses doentes respondem muito bem a um segundo tratamento médico sistemático, tratamento que lhes permite melhorar a sua vida no internamento. Um estabelecimento desta natureza praticamente não exige instalações especiais para diagnóstico e tratamento; mais não será preciso que as dos velhos asilos ou dos actuais albergues da polícia, completados com oficinas para recuperação e, se se atender a que a maioria dos doentes são antigos traba-