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1700 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 65

A enfermeira terá, pois, de viver com o doente, acompanhando-o e estimulando-o no trabalho; pacientemente procurar- mesmo que o próprio doente tente solucionar por si os seus problemas; não o desamparar, nem deixar de ser a sua colaboradora fiel. Só assim conseguirá interpretar o espírito da terapêutica activa de Zeller - estimular o que há de são no doente e reprimir o que há de doentio.

A enfermeira terá de saber também trabalhar «em grupo», método a que, modernamente, se liga excepcional importância como complemento de assistência individual.

As enfermeiras têm de estar preparadas para dirigir discussões de grupos reduzidos de pessoas, método que os hospitais psiquiátricos usam com grande proveito, chegando alguns a considerá-lo elemento indispensável de tratamento e de administração. Nenhum hospital que haja posto em prática semelhante técnica volta a usar as antigas práticas administrativas.

Alguns estabelecimentos organizam mesmo essas reuniões com um escolhido e determinado programa. Evidentemente, uma boa enfermeira tem de possuir conhecimentos e aptidões que lhe permitam colaborar e, até, orientar e dirigir tal tipo de actividade.

Um dos maiores factores de cura no hospital psiquiátrico está precisamente no ambiente psicoterápico que nele exista. E criado à custa de um conjunto de condições fundamentais: respeitar a personalidade do doente, mostrar confiança aos doentes, estimular a sua boa conduta, dar-lhes a impressão de que os julgamos capazes de tomarem iniciativas e responsabilidade», dar-lhes sempre uma actividade.

Pois bem, este conjunto de factores, de elevado valor terapêutico, é manejado pela enfermeira por meio da sua acção directa junto dos doentes; conversando, explicando, sugestionando, consultando-os até sobre todos os problemas de administração e, ainda mais, encarregando os doentes de actividades cada vez mais complicadas e mais difíceis, no propósito de os ir levando para uma vida normal ...

A enfermeira, ligando-se ao doente, sabendo dos seus receios e das suas preocupações, conhecendo as incompatibilidades com as pessoas e com o ambiente em que o doente viva, pode colaborar imediatamente e com proveito, mesmo nos casos agudos, embora muito delicados, na sua solução rápida!

A enfermeira, dentro de sua tríplice função - técnica, pessoal e pluripessoal -, pode e deve, na verdade, desempenhar a mais importante acção terapêutica.

A enfermeira junto do doente desempenhará, pois, um papel activo e permanente como observadora e como colaboradora; tem de acompanhar o paciente em todas as suas atitudes e reacções, saber registá-las, interpretá-las, fazer um relato, a transmitir ao médico em relatório, dos pensamentos, sentimentos e acções que descobriu e verificou no doente.

Todos estes pormenores, talvez excessivos e dispensáveis, servem sobretudo para mostrar a influência extraordinária que tem, na vida e nos êxitos dos estabelecimentos de assistência psiquiátrica, o pessoal de enfermagem, a sua vocação, a sua preparação, a sua formação; servem ainda para chamar a atenção sobre a grande necessidade de se proceder à instalação condigna e funcionamento perfeito das escolas de enfermagem psiquiátrica, mesmo que isso represente valioso encargo financeiro para a Nação.

Delas depende, em grande parte, o rendimento desta dispendiosa e complicada organização, que há-de ser a assistência psiquiátrica no nosso país.

15. Vivemos numa sociedade em plena evolução, onde tudo muda, tudo se discute, de tudo se duvida, numa ânsia de mudança, de transformações, de novas soluções.

A própria criança surge no meio desta agitação, nesta inquietação, e hoje sabe-se bem da influência do ambiente na formação da sua personalidade.

Os conhecimentos modernos da pedagogia científica, a descoberta e a aplicação da psicanálise fizeram nascer novos métodos, novos sistemas de educação, que não pode ser a educação severa de outrora, por vezes autêntica tirania, nem tão-pouco a educação amimalhada.

A educação científica, aconselhada, moderna, humanista, fundada nos conhecimentos da psicologia da criança, não fará dela nem um autónomo, nem um abúlico, nem um conformista, nem também um inconformista, mas deve procurar formar os indivíduos com condições de vontade, de iniciativa e de compreensão - que os levam a trabalhar para um meio mais justo e mais humano.

Exprime-se no projecto em estudo o desejo, bem justificado, de que mereça um interesse muito especial o problema dos desadaptados sociais, problema que leva à delinquência juvenil, e bem assim de que se cuide da organização de um movimento, activo e intensivo, de modo a pôr cobro a certos excessos que parece quererem estender-se através do País, grave perigo do nosso tempo, que urge combater, ou melhor, remediar.

Reclama-se da higiene mental que procure suprimir as causas, entre as quais se contam defeitos de educação e defeitos do meio social em que se vive.

Há que lutar contra a doutrina de respeitar em absoluto a personalidade da criança, deixando-a expandir e manifestar livremente as suas tendências e impulsos afectivos e instintivos sem qualquer interferência de direcção e orientação. Assim nasce na criança o espírito de rebeldia e assim se torna insociável.

Por outro lado, o abandono dos filhos pelos pais, o afastamento em que vivem, a desobediência e a falta de respeito pelos próprios pais, levam, necessariamente, à insubmissão e rebeldia que minam a juventude de hoje.

E preciso não esquecer que a formação dos homens de amanhã depende dos cuidados e da educação que se derem à juventude de hoje. É preciso não lhe dar tanto, é absolutamente indispensável pedir-lhe mais ...

As crianças precisam de começar cedo a sentir a vida, a sentir a sua dureza; é preciso prepará-las para a suportar e prepará-las para enfrentar as dificuldades que ela traz. Sem tirania, mas sem maneirismos exagerados, há que agir através de todos os meios da lei e da higiene mental, no sentido de reprimir as aflorações anárquicas e de rebeldia que vão surgindo, desgraçadamente, num ou noutro ponto. E trabalho urgente a pôr em prática, porque os novos têm tendência sempre a copiar o que tem teatro, o que pode ferir a sensibilidade do público e causar escândalo; trata-se, pois, de casos de profilaxia, resultantes da inadaptação social destes exibicionistas, obra das mais urgentes e mais precisas; por isso se exprime o desejo de que se encare com especial cuidado o problema da educação da mocidade, educando quem precisar de ser educado, castigando quem não for educável, responsabilizando quem tiver culpa, modificando as condições do meio ...

E obra de educação nacional, a realizar com a colaboração de todos os organismos de saúde pública, de saúde escolar, de higiene mental;