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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 65 1702

Pais já depois de suspeita ou de declaração confirmada e alterações mentais. Não esquecer que os benefícios da terapêutica psicopedagógica dependem da precocidade da sua aplicação.

Dispensários onde se trabalhe em equipa, com a colaboração de um pedopsiquiatra, de um pediatra, de assistentes sociais especializadas, de. um psicólogo, de um pedagogo, de um policlínico.

Poder-se-á dizer que neste pensar há muito de teoria e pouco de objectivismo de possibilidades ... Não temos, presentemente, pessoal formado, nem condições de o formar com brevidade. E certo; mas poder-se-ão organizar outros grupos de trabalho, mais modestos, mas bastante eficientes também, em que actuem sobretudo assistentes sociais competentemente especializados e pedagogos.

Na acção das assistentes sociais, observando muitas vezes a criança e sabendo registar o que houver de estranho, conhecendo e vivendo o meio familiar, resolvendo os problemas e conflitos sociais que formam o clima em que a vida decorre, se encontrará a peça fundamental sobre a qual têm de raciocinar o pedagogo, o médico e o psicólogo.

Dentro desta orientação, é possível realizar já uma obra, embora modesta, mas de resultados garantidos, que amanhã terá grande e benéfica influência sobre o estado mental do nosso povo.

Comecemos pois, mas já pelo princípio e segundo as nossas possibilidades ... que são estas.

16. Das toxicomanias, o alcoolismo constitui para nós o perigo social mais importante; importante como gerador de loucos, gerador de criminosos,- gerador de acidentes de trabalho e de viação, gerador e impulsionador de doenças graves, que levam a hospitalização e frequentemente à morte.

Não contando com a sua influência na origem de atrasados e de delinquentes juvenis - aquand lês pareuts boivent, lês enfants trinquent» (Villemot).

A verdade indiscutível é que o alcoolismo, causa ou efeito de doenças mentais, representa um grave perigo nacional, que a lei de promoção da saúde mental precisa de encarar de frente e tentar resolver. Problema deveras difícil no nosso país, em que os trabalhadores - homens e mulheres - exigem litros de vinho por dia como complemento de salários; no nosso país, em que a taberna é o casino dos pobres e os negócios se tratam entre dois copos ...

O problema da luta contra o alcoolismo é ainda difícil pelo tipo do nosso bebedor; bebe todos os dias, bebe muitas vezes por dia e o uso e abuso do vinho nestas condições, criando intoxicações crónicas, gera muito mais o aparecimento de cirroses, de delírio, de psicoses alcoólicas ...

Em todos os países, e em especial na Suíça, se procura estabelecer uma frente contra este flagelo social. Medidas de rigor, e por vezes violentas, estão em uso no sentido de evitar mesmo leves sinais de embriaguez; as autoridades estão habilitadas e apetrechadas para o diagnóstico da intoxicação alcoólica, provada e comprovada por vários meios e reacções vulgarizadas no seu emprego até ... pela polícia de trânsito, habilitada a dosear a alcoolemia pelo método colorimétrico ou a colher e enviar o sangue para dosear a taxa do álcool nele existente.

E de louvar o propósito verdadeiramente patriótico de fazer a prevenção e a cura do alcoolismo como flagelo social, flagelo digamos generosamente tolerado e até aceite pela nossa população ... A psiquiatria, adoptando a sua técnica, tem de organizar o combate, tem de provar que é falso o conceito de que «quem bebe beberá» ... e que é igualmente falsa a afirmação de que a campanha a encetar terá «aussi peu d'influence sur un alooolique qu'un astrónomo sur lês cours dês astres».

Não basta um centro de desintoxicação, útil e mesmo indispensável, para os casos graves e perigosos; há que considerar dispensários com o respectivo serviço social, cujas vantagens são reconhecidas pela facilidade de prestar serviços nas curas ligeiras e ainda pela assistência psicológica e psiquiátrica que podem prestar, visto o alcoólico ser Sempre um fraco, que perdeu a liberdade de se abster do álcool e que necessita em primeiro- lugar de fazer a sua desintoxicação mental.

Parece-nos, pois, que o programa a estabelecer terá de enfrentar o alcoolismo agudo através de uma lei que permita a captura de todo o indivíduo que na via pública se apresente em estado de embriaguez; e impor, quanto ao alcoolismo crónico, a hospitalização obrigatória, tal como para as doenças venéreas em período de contágio (Estados Unido e Suíça).

Em França, nos casos de periculosidade alcoólica, há obrigação, pura o doente, de se submeter e suportar u cura, com a existência de sanções penais para os casos de recusa.

A alta é concedida depois de declaração por escrito, feita pelo doente, de que não voltará a beber.

Em caso de reincidência, há lugar a hospitalização prolongada depois da cura; e no caso de incorrigibilidade do bebedor, à segregação.

Poderão parecer violentas estas medidas, mas não o são de verdade, se atender-mos à nocividade do alcoólico.

O alcoólico é prolífico e nas piores condições. A taxa da mortalidade infantil é considerável. Secundo elementos estatísticos suíços, entre os sobreviventes há apenas 15 a 20 por cento de crianças normais.

Nos restantes: atraso mental, epilepsia, perversão, etc.

Criminalidade infantil: entre 338 crianças delinquentes, 117 heredo-alcoólicas.

Família de alcoólicos: dramas, crianças mártires, contaminação alcoólica.

Abandono imoral das crianças: vagabundagem, vadiagem, manifestações patológicas variadas, progressivas, prolongadas, conduzindo à demência. .

Há ainda um problema grave, que poderíamos intitular: alcoolismo e segurança.

Nas causas dos acidentes provocados pelos automobilistas é considerável o número das que são imputáveis ao estado de imbibição alcoólica dos condutores ou de verdadeira embriaguez.

A maior frequência dos acidentes regista-se aos sábados e domingos.

Nos serviços de cirurgia de urgência verifica-se que muitos casos de acidentes - 33 por mil - incidem em indivíduos em estado de embriaguez ou de imbibição alcoólica.

Em 11 acidentes hospitalizado, 7 apresentavam alcoolemia superior a 2,5 por mil.

Nos traumatizados cranianos, alcoolemia superior a l por cento em 58 por mil.

Em outros traumatizados, idêntica taxa de alcoolemia em 38 por mil.

A mortalidade nos traumatizados cranianos alcoolizados é dupla da que se regista nos traumatizados não alcoolizados.