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2064 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 82

tinha encerrado as suas portas, com as consequências funestas que facilmente se deduzem.
Ainda dentro desta ordem apreciativa devo realçar a acção do actual provedor e demais mesários, que têm envidado todos os esforços no sentido de melhorar os serviços, não só no que diz respeito ao alargamento e apetrechamento parcial das dispersas instalações, suprindo em parte deficiências que se arrastavam, mas também na parte assistencial, no que diz respeito às prestações médicas, estabelecendo novas directrizes a par da boa colaboração da direcção clínica e do corpo de médicos, no sentido de uma melhor e mais estreita eficiência.
A tal respeito quero assinalar a recente criação de um serviço permanente de urgência, a cargo de médicos de turno, pelo qual há muito se pugnava, mas que as condições, não só materiais, mas também a carência de espaço disponível para as instalações de tal serviço, não permitiam a satisfação de tão ansiada como premente necessidade.
Também o quadro clínico de médicos, cirurgiões e especialistas tem sido aumentado, de maneira que presentemente funcionam, além dos serviços de clínica médica, quatro equipas de cirurgia e as especialidades de otorrinolaringologia, oftalmologia, urologia, pediatria, cardiologia, tisiologia, ortopedia, além das análises clínicas e radiologia e banco de sangue, enquadrando um total de 25 médicos.
Enfim, pessoal médico não falta, apesar dos irrisórios vencimentos que usufruem, meramente simbólicos, pois se atribuem mensalidades de 100$ e 150$, respectivamente a médicos de clínica geral e especialistas.
Neste momento quero abrir um parêntesis na minha exposição e manifestar a tal respeito o desejo de que brevemente se criem as condições que permitam remunerar melhor os médicos que abnegadamente vêm trabalhando para a Misericórdia, dignificando-se mais uma tarefa que os tempos actuais pouco têm posto em evidência, sabendo, no entanto, todos muito bem o alto significado da sua missão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas nem por isso se tem deixado de tratar com todos os requisitos de que se dispõe um número de doentes cujas cifras, que a seguir cito, deixam bem transparecer. Assim, fazendo referência aos três anos de 1959, 1960 e 1961, posso enunciar:

[Ver Tabela na Imagem]

Quanto ao ano de 1962, embora ainda não tenha conhecimento exacto destes números, sei que sofreram alteração para mais, sendo de admitir que futuramente atinjam ainda, um escalão mais elevado.
Apreciando estas cifras e sabendo-se que a percentagem de doentes pobres foi de 79,4 por cento, 82 por cento e 85,9 por cento, respectivamente, nos três anos mencionados, conclui-se facilmente quanto bem foi prestado pelo hospital de Aveiro a tantos infelizes a quem a doença não poupou, não só pelo estabelecimento em si com as suas instalações, embora precárias, mas também pelos médicos que nele trabalham com tanta devoção.
Deste modo, não será lógico que sejam dadas aquelas facilidades de boa colaboração pelas entidades oficiais de que naturalmente dependem?
Sendo assim, não se impõe a edificação de um hospital capaz, devidamente apetrechado - e parte do apetrechamento já existe, havendo só que o melhorar -, à altura da cidade e da região?
Sòmente a afirmativa será resposta razoável e atinente a resolver eficazmente esta modalidade de assistência à população mais desprotegida, que, por falta de amparo material, não pode acorrer a outros estabelecimentos particulares de assistência, por onerosos.
Poderiam ainda as novas instalações melhorar as condições financeiras da instituição Misericórdia desde que fossem de molde a facultar em mais larga escala assistência a doentes pensionistas, que recorreriam aos seus serviços desde que o número de camas e meios terapêuticos aumentasse, diminuindo-se assim até a necessidade de suprir deficits e, consequentemente, os subsídios pelas entidades oficiais.
Apelo, pois, para S. Ex.ª o Ministro da Saúde e Assistência e necessária e implicitamente para os Srs. Ministros das Finanças e Obras Públicas, para que o problema seja encarado como premente e urgente, começando por serem dadas providências no sentido do que o novo hospital de Aveiro seja uma realidade o mais brevemente possível. Só assim se satisfazem anseios bem fundados dos aveirenses da cidade e do distrito.
Parecerá, no momento actual, pedir muito? Sou o primeiro a compreender que as circunstâncias desfavoráveis da situação que malèficamente nos foi criada, com os pesados encargos na manutenção da nossa indesmentível soberania no ultramar, dificultem a tarefa que o nosso Governo vem despendendo em obras de vária natureza a realizar no território nacional, mas há que encarar as realidades « perspectivas que se antevêem e prever que o futuro se há-de mostrar mais consentâneo de possibilidades, de molde a permitir iniciar diligências no sentido de se não perder tempo, projectando aquelas obras que são mais urgentes, como considero esta.
Sugeria ainda que nas instalações a prever na construção fossem previstas disposições no sentido de futuramente se encarar a hipótese da criação de uma escola de enfermagem anexa ao hospital, cuja necessidade é de enaltecer, dado que seria uma contribuição a considerar para suprir o deficiente número actual de enfermeiros diplomados e até de auxiliares requeridos para acorrerem aos estabelecimentos que os reclamam e aqueles que em maior número se prevê sejam necessários para se cumprirem as determinações que os diplomas recentes enumeram. Deste modo, muitos candidatos a enfermeiros do concelho e do distrito poderiam com maior facilidade frequentar tal escola e, consequentemente, suprir as deficiências que, por falta de numerário, se fazem sentir na região. Se faço esta sugestão é porque as escolas de enfermagem actuais, por ficarem distantes, e por tal motivo obrigarem possíveis