9 DE FEVEREIRO DE 1963 2065
candidatos a despesas de deslocação que a sua bolsa não comporta, não permitem a sua frequência.
Aliás, não seria esta escola, afastada dos três centros principais do País, a única, pois sei quanto de proveitoso tem desempenhado nesta finalidade a escola de enfermagem anexa ao Hospital de S. Marcos, em Braga, donde têm saído enfermeiros que são zelosos profissionais, pois aonde acorrem mostram possuir conhecimentos que não ficam II desmerecer em relação às escolas tradicionais.
E porque não pensar-se também na criação de um instituto materno-infantil, adstrito ao mesmo hospital?
Não só, deste modo, se atenderia a outra premente necessidade, mas também se evitariam duplicações de serviços, com os seus consequentes inconvenientes.
Deixo a sugestão à apreciação das entidades competentes.
Sr. Presidenta: ao terminar, quero exprimir desta lugar, onde represento uma cidade de real valor no conjunto do espaço português, o desejo sincero de que S. Ex.ª o Ministro da Saúde e Assistência tomo em consideração o significado desta minha modesta referência e, mais, atrevo-me mesmo a sugerir que S. Ex.ª se desloque a Aveiro, quando entender oportuno, a fim de, pessoalmente, se inteirar e ajuizar da razão do exposto, aliás como em devido tempo o fez o seu muito ilustre antecessor, no desempenho das suas elevadas funções.
Estou certo de que a oportunidade é a melhor e de que o reparo que entendi dever fazer merecerá a criteriosa atenção de S. Exa., pois a cidade e a região, confiando nos seus recursos, também crêem merecer serem distinguidas nos seus anseios e necessidades, de harmonia com o seu crescente desenvolvimento económico-social.
Tenho dito.
Vozes:-~Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Sousa Birne: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: não sei se é porque a vida ali se passa em dose elevada às ocultas debaixo do chão, se é porque a sua actividade se desenvolve muito nas paisagens agrestes e isoladas das serras e dos recôncavos perdidos dos mapas, a indústria mineira tem o ferrete da tendência natural a ser pouco conhecida, a ser posta de parte e menosprezada por pessoas e colectividades e a ser esquecida e desinteressada das grandes iniciativas industriais.
E no entanto pessoas e colectividades, portanto a humanidade, devem à indústria mineira, quando a sabem focar em profundidade, preciosa contribuição do seu desenvolvimento e do seu bem-estar. Não são, com efeito, poucas as nações que apoiam nos recursos do seu subsolo elevada percentagem da sua economia total e, portanto, elevada contribuição na expansão do progresso das suas greis. É evidente que é premissa de que assim seja que o subsolo das áreas em que essas nações se circunscrevem não seja avaro, mas é também premissa de que assim seja que os homens se saibam debruçar com coragem, com fé e com saber sobre a plenitude do problema, para que os resultados se concretizem.
O subsolo da Nação Portuguesa - aqui e além-mar - não se tem mostrado avaro; os homens é que lhe têm regateado cabedais, cérebro e dignidade dinâmica. E sabido que todas as realizações industriais requerem ânimo forte dos seus empreendedores; a realização mineira requere-o ainda em mais alto grau.
Na indústria, transformadora o planeamento da unidade industrial pode, regra geral, firmar-se desde o início da concepção numa análise integral de dados concretos: o custo das instalações necessárias, das matérias-primas que utiliza, da energia que vai consumir, da mão-de-obra que emprega, etc. Pode assim desde logo definir o preço de custo da produção e, com os olhos postos no mercado daquilo que vai vender, avaliar o provável grau de rentabilidade do capital que precisa de investir.
As indústrias extractivas - muito especialmente as indústrias mineiras - são de base heróica. Geram-se em perspectivas que podem ser esperanças, mas são abstractas em valor real e em grandeza. O empreendedor mineiro parte, quase sempre, da certeza de que a sua futura mina tem minério, porque o viu, ou porque analisou o material do seu filão. Mas não sabe quanto tem, nem muitas vezes sabe se o seu valor é económico.
A técnica, só de per si, pode indicar possibilidades, mas é ao determina certezas. O jazigo mineral de valor industrial evidente à simples inspecção é cada vez mais tipo de excepção. O mineiro para conhecer esse valor industrial - e tem que o conhecer, se quiser construir sobre alicerce firme - corajosa e previamente precisa de abrir galerias, aprofundar poços, medir e analisar. Esta é a barreira heróica. Só depois de a atravessar está na posse de valores concretos.
É passando, abnegada e criteriosamente, por essa barreira que apenas correm risco capitais moderados e se constróem, em bases sólidas, as grandes e florescentes unidades mineiras que asseguram estabilidade e dignidade de interesse para quem nelas trabalha e para quem as empreende.
Pelo contrário, a imprevidência de investimentos em construções, instalações e todo o equipamento do complexo industrial mineiro, antes de se conhecer a uma e de lhe ter determinado um número mínimo de reservas e valores minerais, pode conduzir, e já conduziu, por esse mundo fora e no País, a desastres espectaculares, de dupla consequência funesta: perda inglória de avultados capitais e criação de ambiente de pânico, prejudicial a novos empreendimentos.
Foi o caso acontecido no País há pouco mais de três décadas com uma. mina de carvão, em que só depois de se terem gasto dezenas de milhares de contos em instalações e na construção de um caminho de ferro de acesso, de 35 km, verificaram que a mina não tinha carvão, e é o caso recente de uma mina de ouro, em que, também igualmente tarde, foi reconhecido que, neste caso, tinha ouro, mas de custo duplo do preço de venda.
O concessionário de fracos recursos financeiros - que está contra-indicado e é muito geral entre nós - esse vai, regra geral, para a aventura com a mira de se salvar a curto prazo, se não instantaneamente: improvisa instalações e equipamento de meia dúzia ou, quando muito, escassas dezenas de contos - instalações que não prestam, que desperdiçam dinheiro e minério - e a produção começa.
É muito raro que deste sistema nasça uma mina. Mas têm nascido as muitas «minocas» que há pelo País fora, sem quaisquer condições orgânicas e técnicas de defesa, que, regra geral, só podem trabalhar nos períodos de vértice dos mercados, estando ainda por definir qual a vantagem que de tais unidades industriais advém ao País.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Um aspecto que se refere, pelo que tem ao sintomático, é que entre as dez maiores unidades mineiras do País só três de carvão são de investimento de capitais nacionais, sondo todas as sete restantes (seis metálicas e uma de antracite), aliás, as sete maiores,