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26 DE ABRIL DE 1963 2411

Essa acumulação de despesas traz um nítido encarecimento do produto. E difícil podermos, pois, fazer a concorrência a produtos mais económicos no mercado. Temos de nos lembrar de que temos de ir para os mercados adaptando-nos às circunstâncias do momento e procurando fazer substitutos daqueles produtos que viriam tomar a nossa posição.
Quando se fala de mercados - V. Ex.ª falou em mercado inglês -, é de lembrar que temos um grande mercado, o mercado americano. Ora este mercado é difícil para o vinho do Porto, pela circunstância de o americano ainda não ter o seu paladar refinado para poder dar ao vinho do Porto os cuidados devidos. Não quer isto dizer que não procuremos obter um vinho do Porto adaptado às características e hábitos dos americanos.
A França, por exemplo, que sempre teve a preocupação da valorização dos seus conhaques, sente neste momento a concorrência do whisky, estando por isso a preparar conhaques que façam concorrência ao whisky.
Quanto maior é o mercado tanto maior tem de ser a publicidade. Esta será rendosa a longo prazo e poderemos assim fazer um longo escoamento dos nossos vinhos do Porto para o mercado americano.
A situação é premente para uma região verdadeiramente depauperada, visto que nunca o Douro poderá viver transformando os seus mostos em vinhos de pasto, porque estes têm de ser para vinhos licorosos de qualidade, que são uma das grandes bases do valor da nossa produção nacional. Tenho a dizer a V. Ex.ª que lhe dou o meu integral apoio e julgo que as entidades responsáveis deverão tomar as medidas aconselháveis.

O Orador: - Agradeço o valioso contributo que V. Ex.ª veio dar à minha intervenção. O vinho do Porto, com a sua vasta gama de tipos, tem um enorme poder de adaptação às variações da procura. O tipo seco tem recebido muito boa aceitação como aperitivo.
Para o mercado norte-americano, potencialmente um dos mais ricos e prometedores do Mundo, a nossa exportação tem sido escassa: cerca de 339 000 l em 1961 e 362 000 l em 1962.
Um estudo das características do mercado norte-americano mostrou que só havia interesse em abordá-lo em larga escala depois de criar um certo número de condições que poderiam ser satisfeitas pela formação de uma associação de exportadores, de modo a garantir o caudal de fornecimentos em quantidade e qualidade adequada e a reduzir a multiplicidade das marcas a um pequeno número para facilitar a identificação e uma propaganda eficiente.

O Sr. Alberto de Meireles: - E para evitar a desorientação do público!

O Sr. Pinto de Mesquita: - Embora concordando absolutamente com as considerações dos Srs. Deputados Alfredo de Brito e Virgílio Cruz, queria acrescentar só que o mercado americano, dada a sua constituição, é um tanto difícil, já pela multilegislação estadual, já por impreparação do paladar. No próprio Instituto do Vinho do Porto se pensou, como forma de propaganda, infiltrar-se nesse mercado através do Canadá, porque entre os americanos das classes mais ricas, numa certa ordem de snobismo, têm grande prestígio os canadianos, como ligação às coisas europeias. Portanto, uma prévia propaganda com resultados no Canadá seria elemento de possível contribuição para penetrar no mercado americano por via indirecta.

O Orador: - Muito obrigado a V. Ex.ª
A defesa dos interesses deste sector exige que se abram os olhos a esta realidade e que os responsáveis adoptem uma actuação mais eficiente, visto serem os mesmos os direitos que um e outro vinho pagam em Inglaterra, e para o vinho do Porto, com a gama vastíssima dos seus tipos, ser enorme o poder de adaptação às variações da procura e à evolução dos gostos.

O Sr. Pinto de Mesquita: -V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Isso está absolutamente de acordo com o que também disse o Sr. Deputado Alfredo de Brito quanto a ter a forma de produção de se adequar à receptividade do mercado consumidor. Nessas circunstâncias, já se vê, há uma possibilidade de o vinho do Porto se ajustar à venda em concorrência com o vinho seco de outras procedências, como o xerez, beneficiando sobretudo dos seus vinhos brancos, que produzem excelentes tipos secos.

O Orador: -Agradeço a V. Ex.ª, e, como sabe, o vinho do Porto seco está a ter muito boa aceitação.
Diz o nosso comércio exportador que a grande concorrência que nos é feita por imitações e vinhos similares nos diversos mercados se apoia em condições favoráveis em que trabalham os seus exportadores e embaratecem o produto.
No que respeita a aguardente vínica, matéria-prima indispensável ao vinho do Porto- e que, embora seja um subproduto, chega a pesar mais no preço final deste do que o valor primário do mosto do Douro, chega a pesar mais no seu preço do que o custo da nobre e generosa massa vínica que lhe dá o nome, é obtida pelos exportadores estrangeiros nos países de origem em condições muito mais vantajosas do que as nossas, condições que fomentam a exportação.
Em Espanha, a aguardente adicionada aos licores ou brandes quando exportados recebe um subsídio do Estado, que embaratece sensivelmente os licorosos e brandes destinados à exportação.
Em França, também o preço do álcool para vinhos e aperitivos destinados à exportação é muito inferior ao preço corrente do álcool destinado à preparação dos mesmos produtos para consumo no mercado interno.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Diz o nosso comércio exportador que, se houver meios e através de um fundo de compensação for possível conseguir para a aguardente incorporada no vinho do Porto um regime de fornecimento paralelo ao espanhol ou francês, isso incrementaria a exportação e cedo voltaríamos a ser o que já fomos neste sector.
Um diferencial para a aguardente, além de constituir um estímulo para o exportador, permitia-lhe aumentar a propaganda e conceder maior margem de lucro ao comerciante estrangeiro.
Se quisermos aumentar as vendas, teremos de conquistar o consumidor e o intermediário; o consumidor pela propaganda e pelo alto padrão de qualidade e o importador pelo lucro nas vendas. Ora, actualmente, o comerciante inglês em cada pipa de xerez que vende ganha quatro vezes mais do que em cada pipa de vinho do Porto. Por isso, o comerciante britânico interessa-se muito mais pela venda do xerez do que pela venda do vinho do Porto.
Deseja ainda o comércio exportador outras ajudas à sua actividade.