O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2850 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 113

entre terras e gentes dispersas e ètnicamente diferenciadas.
Com efeito, se faltar o elemento espiritual nas formações sociais ou comunidade, ou, melhor, a vontade e o sentimento comuns, não pode haver uma vida conjunta, plenamente realizada, e, portanto, um meio nacional.
Não é, porém, o caso português. Portugal é pioneiro de há séculos da mais humana convivência inter-racial na formação de uma sociedade e de um estado pluricontinental e plurirracial, antítese do segregacionismo que é a causa implícita e lógica da chamada negritude.
Pretender-se, pois, situar o problema dos povos de expressão portuguesa, mesmo na sua diversidade etnogeográfica, com o de outros povos influenciados por comportamentos distintos e opostos aos nossos, no âmbito das relações humanas precedentes, não pode deixar de conduzir a conclusões aparentemente paradoxais, contudo bem lógicas.
Quanto a quaisquer outras considerações especiosas, fruto do clima emocional para o qual o Mundo está a ser empurrado, e a África em especial, julgo terem elas cabal resposta na histórica declaração do Sr. Presidente do Conselho de 12 de Agosto passado, ao afirmar que: «o que se impõe aos governantes há-de ser em cada momento encarado à luz do sentimento nacional e do interesse da grei; de modo algum por sujeição a desígnios que a um e outro se opõem».
No domínio da evolução das sociedades há um elemento fundamental que importa cultivar. E é ele o que respeita à cooperação entre os povos para que a justiça social seja um facto evidente no Mundo, em vez de uma simples fórmula demagógica; para que haja cada vez menos fome no Mundo, mais desvelo pelos problemas da saúde e de educação das populações, de modo a torná-las, pela educação, conscientes dos seus destinos e do ser livre arbítrio; mais equitativa distribuição da riqueza; iguais oportunidades de acesso para todos, para que efectivamente os mais aptos, independentemente da coloração da epiderme, do lugar ou condição do nascimento, ocupem a posição que a cada um compete na escala da hierarquia dos valores aferidos pela capacidade e inteligência tão-sòmente.
Todo um plano de acção está em curso, no âmbito nacional para atingirmos, aquém e além-mar, as metas a que me referi.
Mas, é evidente que a guerra ateada c subsidiada por estranhos, que dizem assim proceder por mera filantropia, em que não acredito e julgo que ninguém de boa fé neste mundo, não deixa de afectar a marcha do progresso da terra e o bem-estar das populações, além do sacrifício de vidas preciosas, reduzindo (em Angola) os já tão escassos valores demográficos do território.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O povo de Angola, de todas as etnias, que na sua maioria absoluta não pegou em armas para aderir ao genocídio que. espalhou implacàvelmente a morte, a desolação e o luto na terra que é nossa, teve ensejo de mais uma vez reeditar neste momento conturbado a demonstração dos seus extraordinários sentimentos de fraternidade lusíada por ocasião da recente visita àquela província do Chefe do Estado, Sr. Almirante Américo Tomás.
O Mundo acompanhou por meio dos seus órgãos de informação e desse maravilhoso engenho que é a televisão - com o seu enorme poder de documentar pela imagem os acontecimentos que se passam à distância, mesmo de continente para continente, - essa inolvidável viagem a Angola a S. Tomé e Príncipe do Presidente Américo Tomás.
Não pode deixar de se estranhar o silêncio que os referidos órgãos de informação mundial hermeticamente fizeram, sobre tal acontecimento, que, no entanto, muito pressurosos foram presenciar na esperança de resultados opostos aos que se verificaram: ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... afirmação de unidade, calor fraterno, total compreensão humana entre as pessoas de todas as raças que vivem, sofrem e lutam pelo advento de uma vida de paz construtiva numa terra onde muitos podem caber além dos que têm direito de lá permanecer por razões de ordem histórica (a história tem os seus direitos de cidade e só a renegam os que a não têm ou os que dela têm motivos para se envergonhar), de ordem sentimental porque se misturaram desde séculos, de ordem cultural porque falam a mesma língua e aprendem nas mesmas escolas, e de ordem espiritual porque rezam no mesmo altar as mesmíssimas orações e concebem o mesmo Deus.
Esses factores não se mutilam em nenhuma sociedade formada porque são eles que constituem o meio de vida em que um indivíduo se sente integrado (a integração deve ser geográfica, étnica e culturalmente recíproca para ser válida) e que permite o processamento do meio nacional que é a Pátria.
Eis a explicação que damos aos estranhos, porque é autêntica e os surpreende ao defendermos a nossa comunidade luso-tropical.
Eu pessoalmente a tenho dado em impressões que tenho trocado em países estrangeiros com membros qualificados de outros países, africanos ou não, nalgumas conferências internacionais em que tive oportunidade de participar, justificando a minha qualidade de luso-angolano.
Esta é a nossa razão e a nossa vontade de conviver em sociedade multirracial, que bem pode servir de padrão para outros povos em vez de se tentar obliterar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A nossa concepção de vida bem merece que seja aprimorada, tornando-se cada vez mais autêntica, representativa é ètnicamente, equilibrada em todos os escalões político-sociais.
Isso sim. Como corolário do pensamento, temos sim de dar cada vez mais autenticidade à acção, congregando os interesses de todos numa sã política de soluções justas que não só - o Estado como a empresa e todo o patronato devem ter em atenção, como doutrina cristã ë eminentemente político-social, a única que nos pode assegurar a manutenção da harmonia social em que temos, vivido c que forças dissolventes e sinistros conluios internacionais, mal dissimulados pelo manto diáfano da fantasia sob a nudez crua da verdade, como diria o nosso imortal Eça, pretendem destruir.
Todos nós, todo o País, devemos uma palavra de estímulo e de solidariedade para com aqueles que em Angola - pretos, brancos e mestiços, militares e civis - estão na posição mais delicada da frente e da retaguarda da batalha do presente e do futuro.

O Sr. Elísio Pimenta: -Muito bem!

O Orador: - A primeira, esperamos em Deus que seja episódica, que uma tomada de consciência dos mais responsáveis, compenetrando-se que da forca bruta, da