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10 DE JANEIRO DE 1964 2847

mar, de todos os credos e cores, em manifestações espontâneas, esclarecedoras e inequívocas, proclamaram a sua adesão e, com ela, o seu portuguesismo e vontade de continuarem a ser portuguesas.
A romagem ao Terreiro do Paço, realizada a 27 do mesmo mês, foi bem o coroamento condigno do movimento de solidariedade nacional iniciado em Angola.
Em Setembro e Outubro imediatos, as populações de Angola e S. Tomé receberam apoteòticamente o Chefe do Estado, que ali foi com o espírito com que visita o Algarve ou o Minho.
No regresso à casa-mãe, ao supremo magistrado da Nação foi tributada uma das maiores manifestações de que temos memória, agora pelos portugueses da Europa.
Quer dizer: lá como cá, a mesma explosão patriótica, a mesma afirmação de fé nos destinos do Portugal grande.
Tudo isto, Sr. Presidente, é bem a prova de que somos os mesmos da cruzada de Quinhentos, de que Portugal continua a ser o binómio metrópole-ultramar, de que o processo da autodeterminação está concluso no sentido da unidade nacional.
Sr. Presidente: a actual política ultramarina, intérprete do pensar e sentir da Nação tal como se estruturou de longa data. tem na defesa o seu ponto mais transcendente. Precisamente por isso, os maiores esforços têm vindo a dirigir-se para ela. Mas quero crer que os mais aspectos não têm sido descurados, direi mesmo que hão merecido a mesma atenção.
Quando dou o meu apoio e afirmo a minha adesão à política ultramarina do Governo, não tenho em mente apenas um dos seus aspectos, que ela, em conjunto, está certa e situa-se na linha tradicional do País.

O Sr. António Maria Santos da Cunha: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Tem a bondade.

O Sr. António Maria Santos da Cunha: - Não queria de maneira nenhuma interromper V. Ex.ª Resisti há pouco a fazê-lo à intervenção do Sr. Deputado Armando Cândido, mas, confesso, não ficaria de bem com a minha consciência se não interrompesse agora V. Ex.ª
Interrompo-o para mais uma vez fazer ressaltar o espírito de completa adesão das populações portuguesas a uma política que para mim não considero como política do Governo.
O Sr. Presidente do Conselho escreveu a propósito do movimento militar de 28 de Maio que o Exército se tinha revoltado obedecendo a um mandato imperativo da Nação. Com a mesma propriedade poderemos dizer que o Governo seguindo a política que está a seguir no domínio ultramarino obedece ao mandato imperativo da Nação.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Sr. António Maria Santos da Cunha: - Era isso que eu desejava como disse fazer ressaltar.
Ainda ontem me foi dado presenciar aqui na capital um espectáculo que me comoveu. Temo fazer orvalhar os olhos de um dos nossos mais jovens colegas.
O filho de uma destacada família da minha região seguiu ontem em missão de soberania e no desempenho do seu dever militar para a nossa portuguesíssima província da Guiné.
Ao seu embarque assistiu sua veneranda mãe. viúva de um grande servidor da Revolução Nacional, suas irmãs, seu irmão e toda a ilustre família.
Sangrava de certeza o coração de todos ao ver partir o benjamim da família, mas havia também um orgulho, a que chamarei orgulhe santo, a dominar os parentes daquele moço que partia para defender território nacional.
O Governo segue uma, política nacional, e é por isso que a sua política responde aos desejos da Nação, que ele pode ter a certeza que conta com apoio efectivo da mesma.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Agradeço as palavras de V. Ex.ª tanto mais que elas estão plenamente de acordo com o que acabo de afirmar.
Com executantes à altura acabará por dar todos os frutos que anelamos.
A batalha que travamos, norteada por esta orientação, não é só nossa. Bem certos estamos, em verdade, de que as fronteiras portuguesas da África e da Ásia são também limites do Ocidente e de que os valores que defendemos são os mesmos por que os mais povos ocidentais terão de lutar mais cedo ou mais tarde.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Lopes Roseira: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: não vou tomar por muito tempo a atenção da Assembleia, tanto mais que V. Ex.ª, Sr. Presidente, com as esclarecidas palavras que pronunciou no passado dia 25 de Novembro, no acto de abertura deste novo período de trabalhos, bastante facilitou esta minha intervenção, contribuindo para que eu possa ser mais breve e, assim, não empanar o brilho das palavras de V. Ex.ª
Desde o encerramento do último período legislativo até agora muitos acontecimentos ocorreram na terra portuguesa. Guardando para mais tarde a focalização de jogos dúplices e de cabriolas de funâmbulos mercenários sem convicções, apenas quero referir dois factos e justificar um comportamento. Foram eles: a declaração feita à Nação pelo Sr. Presidente do Conselho em 12 de Agosto último e a visita do Chefe do Estado às províncias de Angola e de S. Tomé. Ambas tiveram retumbância tal que extravasaram dos limites da receptividade dos portugueses e, ultrapassando as nossas fronteiras geográficas, deram a volta ao Mundo e o seu eco regressou até nós, aumentado de límpidas e reconfortantes sonoridades.
Vou, no entanto, desviar-me da obediência a cronologia desses factos para seguir uma linha mais conforme à minha consciência. Começarei, por isso, peia visita do Sr. Presidente da República às terras portuguesas de Angola e de S. Tomé.
Tive a pouca sorte de ser dos raros Deputados do ultramar a quem não foi possível regressar ao domicílio, por muito imperiosas e especiais condições da minha vida particular, assim impedindo que eu estivesse presente em Luanda para prestar a minha respeitosa homenagem ao Sr. Presidente da República.
Sei que para certas pessoas foi isso motivo de reparo e comentário pouco reflectido. E até houve insinuações melífluas emanadas de mefíticas estercoreiras cujos odores muito inebriam alguns espíritos propensos à fecundação auditiva, aceitando atoardas e torpezas, sob cuja influência chegam a tomar atitudes que, embora inofensivas, são ridículas, por imponderadas. Tais atitudes não me impressionaram. Mas podem ter impressionado o espírito de pessoas que respeito e admiro sem pecado de adulação. Por isso, senti-me no dever de não calar o