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5 DE FEVEREIRO DE 1964 3115

Milhares de jovens convergiram para Helsínquia, capital da Finlândia, nos fins de Julho. Muitos provenientes de países comunistas; alguns comunistas ou simpatizantes, procedentes do chamado mundo livre, e bom número de distantes países da África, América Latina e Ásia, aproveitando a primeira oportunidade de visitar a Europa, para assistir ao VIII Festival Mundial da Juventude, de 28 de Julho a 5 de Agosto de 1962.
Proclamavam os organizadores do festival que este visava a promover a paz, a amizade e a boa vontade internacionais. Sem dúvida, o festival oferecia um programa impressionante de eventos.
Algo para todos: palestras, comícios, grupos de estudos, teatro, canto, danças, concertos de música clássica e de jazz, competições desportivas, exposições de pintura, de escultura e de fotografias. Entretanto, o festival era rejeitado amplamente como congresso de propaganda comunista, evitado por organizações representativas da juventude e das classes estudantis em todo o Mundo, inclusive as de muitos países neutros, e «boicotado» por todos na neutra Finlândia, com excepção da juventude comunista.
Esse festival foi organizado por duas aceites e desacreditadas organizações de frentes comunistas: a Federação Mundial da Juventude Democrática (F. M. J. D.) e a União Internacional dos Estudantes (U. I. E.).
G) A agitação académica alastrara antes pelo Mundo de forma extraordinariamente ilustrativa. Ocorre-nos o que se passou na Grécia, na Birmânia, na Turquia, no Brasil, etc. Depois disto é que se realizou o VIII Festival Mundial da Juventude, em Helsínquia.
Na Birmânia, por exemplo, foram mortos a tiro, pelas forças da ordem, 60 estudantes universitários e o Governo mandou encerrar as Universidades, impedindo a realização dos actos e punindo severamente os amotinados. No Brasil a coisa tomou aspectos de maior gravidade, as esquadras encheram-se de estudantes, a polícia bateu duro e os hospitais regurgitaram. Foi severíssima a repressão.
Meses volvidos, em Agosto e Setembro de 1962, ainda não era de calma o ambiente académico do Brasil. Grande número de estudantes denunciou o carácter comunista dos organismos integradores das associações académicas, designadamente a União Nacional dos Estudantes (U. N. E.) e a União dos Movimentos de Estudantes (U. M. E.). Por isso, os directórios académicos de vários estabelecimentos de ensino superior deliberaram denunciar e abandonar aquelas organizações.
Por toda a parte, no Mundo inteiro, o comunismo internacional não cessa de aliciar a gente moça, de pretender aproveitá-la como instrumento de agitação e de perturbação. Há que ter em conta este perigo permanente e não descurar um só instante o seu extraordinário poder de insídia e de manobra.
Ao que temos verificado, nos planos de fomento educativo, em vias de execução por esse Mundo, sob os auspícios ou com a ajuda das agências internacionais especializadas, não há lugar próprio para a formação da juventude. Isto corresponde ao carácter laico, neutro ou neutralizante dos grandes organismos internacionais do nosso tempo, que em tudo querem esbater as diferenças nacionais de cada povo, alicerçadas na história, na cultura, no modo de viver e de estar no Mundo, enfim, naquilo que constitui a alma e o cerne das nações.
Mas nós não podemos ser neutros, nós temos a consciência de que devemos formar a nossa juventude no culto dos valores tradicionais, à sombra de que nasceu, viveu, se engrandeceu e vive Portugal. Por isso, não pode haver, entre nós, o seco e neutro planeamento do ensino. Ele tem de ser realmente planeamento da educação nacional - e nas suas preocupações a juventude tem de ocupar lugar destacado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Neste ponto é oportuna uma palavra sobre a Mocidade Portuguesa. A Mocidade Portuguesa é criação do Estado Novo, nasceu sob o impulso de uma época determinada, veio preencher um vazio, cumprir um serviço nacional. Nas duas primeiras décadas deste século, os esforços dos educadores, que foram muitos e valiosos, não conseguiram acompanhar, em Portugal, à míngua de condições de eficiência governativa, o surto das reformas de educação e dos movimentos de juventude, que por quase todo o Mundo se verificava.
Os governos da Revolução Nacional receberam como herança uma juventude sem enquadramento, sem o aliciante aceno da prática dos exercícios físicos e sem ambiente espiritual digno das aspirações juvenis. Posto perante o problema, o Estado Novo encarou-o resolutamente, procedendo a uma reforma da instrução, com a qual coincidiu a criação da Organização Nacional Mocidade Portuguesa, em 1936.
Dez anos decorridos sobre o 28 de Maio, a reforma financeira e governativa havia gerado, entretanto, na consciência do País, nova perspectiva moral e nacional, ampla e arrojada. Criada por essa altura, a Mocidade Portuguesa atingiu o seu ritmo culminante aquando das celebrações dos centenários da Independência e da Restauração.
A obra realizada em todos os domínios não sofre contestação...

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... a Mocidade Portuguesa é credora de uma palavra de apreço, quando nos colocarmos honestamente perante o balanço da sua obra em relação aos meios e ao ambiente circunstante - desde a divulgação de práticas desportivas e atléticas, de que foi pioneira, até à educação estética, ao canto coral, à formação de um espírito nacional, de disciplina cívica e moral.
A 30 anos de distância, num mundo tão diferente do que era então o Mundo, e num país também diferente do que era então o nosso país, as perspectivas de acção juvenil hão-de ter-se alterado necessariamente, alterando o próprio equacionamento de ansiedades e objectivos. É esta lei do tempo que atinge em maior ou menor grau, e um pouco por toda a parte, outros sectores da vida nacional, às vezes com incidência no próprio Regime.
As soluções para os problemas da juventude situam-se, hoje, em plano que está fora da juventude, fora das suas organizações, reclamando a definição de uma política que está para além do próprio Ministério da Educação Nacional - na medida em que implica a colaboração e a adesão activas e actuantes de todo o Governo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Essa política pressupõe um rejuvenescimento do quadro ideológico do Regime, para própria salvaguarda do que nele há de essencial e inalterável, pois por dentro das coisas é que as coisas são.
Estamos, quer queiramos, quer não, num tempo superficial, mais visual do que intelectual, mais virado para os sentidos do que para a inteligência - assim, as formas, que em si mesmas e por si mesmas podem nada