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3116 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 125

significar, adquirem efeitos surpreendentes e repercussões verdadeiramente desconcertantes.
É necessário que homens e ideias se dinamizem, se debrucem cada vez mais sobre a vida nacional, num ritmo de comunhão e simpatia entre dirigentes e dirigidos, dando os dirigentes - sempre e em todas as circunstâncias - exemplo de dignidade e devoção à causa. Através desse exemplo, que é, afinal, o exemplo pessoal do Sr. Presidente do Conselho, conseguiu ele maiores méritos e estímulos educativos do que mil e um ensinamentos teóricos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Defesa da família, reforma da escola, colaboração aberta com a Igreja, são pressupostos da obra educativa junto da juventude, na qual à Mocidade Portuguesa cabe lugar que mais ninguém, senão ela, pode e deve ocupar. No planeamento da educação tem de se contar com a formação integral da juventude, sob pena de nos negarmos a nós próprios e aos princípios éticos que constituem o cerne ideológico do Estado.
Ampare-se e acarinhe-se, respeite-se e estimule-se a Mocidade Portuguesa, dêem-se-lhe meios para ela cumprir aquilo que todos temos o direito de exigir dela e que ela quer realizar, por ser de sua missão. Não cortem as asas ao seu voo, nem o fogo ao seu desejo de ascender e servir. Respeitem-na e ajudem-na, compreendam-na e amparem-na.
Sr. Presidente: a juventude é fonte de pureza e dádiva. Uma fonte sempre será uma fonte. Mas se quisermos que ela contribua para a frutificação e suba com a seiva até às folhas e às flores e ao céu, temos de racionalmente canalizar a água, aproveitá-la - para que seja farta a colheita. Se a abandonarmos e a deixarmos entregue ao destino ventureiro, a água perde-se nos vieiros, mistura-se com o pó e vai criar, afinal, ou alimentar, os lamaçais, os charcos, as poças fétidas dos caminhos.
Também à juventude não se pode abandoná-la e deixá-la medrar com as ervas bravias.
Logo ao alvorecer da Revolução Nacional, em 1930, o Sr. Doutor Oliveira Salazar, definindo o seu pensamento quanto ao problema da mocidade, dizia:

O Estado tem o dever de integrar a juventude no amor dos exercícios vigorosos, que a preparem e a disponham para uma actividade fecunda e para tudo quanto possa exigir dela a honra ou o interesse nacional.

Cinco anos mais tarde, o Sr. Presidente do Conselho acrescentava:

É essencial que o espírito da mocidade seja por nós formado no sentido da vocação histórica de Portugal, com os exemplos de que é fecunda a história, exemplos de patriotismo, desinteresse, abnegação, valentia, sentimento da dignidade própria, respeito absoluto pela alheia.

Bem pode Salazar sentir-se recompensado, quando três décadas volvidas lhe é dado contemplar, em vida, o exemplo maravilhoso que a mocidade portuguesa está dando na gesta de África. A fonte será sempre uma fonte, mas a água desta fonte, que é a nossa gente moça, não se extraviou no pó dos caminhos e foi antes alimentar a seiva pujante da vida heróica!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Heróis, heróis autênticos, rebrilhando ao sol dos combates! Estes não são os heróis húmidos, descalcificados, os anti-heróis ou heróis-toda-a-gente, que certos grupos intelectualizados e estéreis pretenderam impor na literatura de ficção. A desossificação não atingiu a nossa estrutura nacional nesta era em que alguns povos parecem ter, por momentos, amolecido como geleia.
Os nossos rapazes são marcos de salvação, repositório de sobrevivência, constituem geração privilegiada, intervindo corajosamente na construção do Mundo e da Pátria. São como a beleza da terra criadora e do fragor das ondas vitoriosas: cântico dominador que sobe em louvor do sangue, da luz e da fé.
Um Maciel Chaves morre em Goa, aquando dos primeiros golpes terroristas; e anos depois, em Dezembro de 1961, ali tomba, no seu posto, António Abreu Abrantes; Nascimento Costa, cavaleiro da Torre e Espada, não tergiversa durante o assalto ao seu paquete Santa Maria e cai varado, mas no seu posto.
Algures em Angola, um, militar lança-se sobre a granada prestes a explodir, cobre-a bem com o corpo, que fica esfacelado, em holocausto, para salvar os seus soldados: chama-se José Paula Santos. Um José Ferreira de Almeida, um Chaves Retorta, um João Macias, mortos na Guiné; um Castelo da Silva e um Berque de Faria, mortos em Angola; um Mota da Costa, morto em Angola, e tantos, tantíssimos, impossíveis de enumerar!
Não se comportaram assim por saberem mais ou menos mineralogia, ou por terem roçado os cotovelos nas mesas dos cafés. São fruto de uma escola, de uma disciplina cívica, de uma boa formação portuguesa que nem sempre se estuda nos compêndios. Representam um estilo de vida, que também se exalta na morte!
Os chamados são, por sinal, património glorioso da Mocidade Portuguesa, onde todos foram graduados!
Nós não fomos tocados por aquela humidade apodrecida, que repele o sabor da vida e o risco magnífico da morte desafiadora. Na ordenança da nossa vida e da nossa acção podem estar camponeses rudes, e cavalos e toiros, e luta inebriada, e ainda o sol e os músculos, a saúde e a decisão, o sacrifício e a aventura heróica, a resolução criadora, confiança irresistível e genesíaca, ou desafio intemerato e diurno.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Heróis de carne e osso, heróis com o corpo cinzelado de estrelas, raiado de sangue como arrebol. Heróis de tal quilate, que nem a indiferença ou o nefelibatismo de quaisquer vencidos da vida conseguirão macular as épicas vibrações que neles repercutem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente e Srs. Deputados, sem dizer metade do que deveria, mas dizendo o bastante para me haver tornado fastidioso.

Vozes: - Não apoiado, não apoiado!

O Orador: - Muito agradecido pela bondade de VV. Ex.ªs Mas, prosseguindo: o Estado Novo veio encontrar uma sociedade enfraquecida. Restituindo-nos ao sentido tradicional, considerou o indivíduo, não na sua simples e deturpada abstracção, mas na solidariedade do tempo e do espaço, na concreção, nos valores, na vida hierárquica e completa. Assentou alicerces na família, na profissão, nas comunidades históricas e locais, e encarou, sadia-