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3136 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 126

nobilíssima missão de educar, na mais completa e verdadeira acepção da palavra.
Há que reconhecer, porém, que o caso excepcional, e para mais voluntário, nenhuma influência poderá ter na solução do magno problema que está posto.
O mestre glacial que se limita a ensinar conhecimentos, todo fechado, inacessível, por vezes jactante, e quase sempre longínquo, a afectar soberana indiferença pelas dúvidas o interrogações dos seus alunos, pelos seus embaraços e insatisfações, e até pela sua ânsia natural de esclarecimento e orientação nos caminhos, ou difíceis, ou traiçoeiros, ou perturbantes, da religião, da moral, da sociologia, e mesmo da política, esse mestre, assim posto à margem daquilo que de mais sublime existe no seu múnus, e que é o labor estritamente formativo e educativo, tem de ser substituído de uma vez para sempre,...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e desde a escola primária à Universidade, pelo professor compreensivo e humano, pelo professor educador, pelo professor plasmador de almas e caracteres, pelo professor mentalizado em ordem a servir com dignidade a sua pátria,...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e professor do qual há-de passar a exigir-se que suja cristão, como mínimo de garantia da sua lealdade e respeito pelos valores que substratam a Nação Portuguesa e como mínimo de garantia da sua honorabilidade e autenticidade de pedagogo moldado ao espírito da Constituição, a qual nos indica imperativamente, no § 3.º do artigo 43.º, como o ensino ministrado pelo Estado deve visar, além do revigoramento físico e do aperfeiçoamento das faculdades intelectutais, a formação do carácter, do valor profissional e de todas as virtudes morais e cívicas, orientadas aquelas pelos princípios da doutrina e moral cristãs, tradicionais do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, como poderia validamente, coerentemente, exigir-se do professor não cristão o acatamento deste preceito constitucional?
Aqueles deverão ser, pois, os mestres educadores que, sem excepção, e adentro do planeamento educacional já anunciado, hão-de passar a prestar ou continuar a prestar o seu inestimável contributo para que a nossa juventude, agora tão desorientada, tão perflexa, tão abandonada, se reencontre nos amplos caminhos da dignificação humana, da espiritualidade que cria, transfigura e empolga, da congregação dos mais nobres ideais, dos mais sadios entusiasmos e das mais alevantadas virtudes, de dávida total aos valores eternos que definiram e cimentaram, em termos de primoroso equilíbrio, a unidade moral e político-social do mundo português!
Eu disse, «sem excepção», porque reputo dever indeclinável do Estado impedir, em obediência ao estatuído no citado artigo 43.º, § 3.º, do nosso diploma fundamental, a conspurcação dos quadros do pessoal docente pela espécie de «ensinadores» que, para além de estarem especialmente adornados com todos os defeitos já atrás referidos, ofereçam ainda a inacreditável particularidade de serem agnósticos e estrénuos apologistas de ideias e doutrinas totalmente incompatíveis e até escandalosamente ofensivas daqueles mesmos valores em que assenta a nossa civilização ocidental e cristã!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que não possa haver entre as fileiras do professorado quem tenha a ousadia e a desvergonha de transformar a cátedra em tribuna e dela proclamar, com fins inconfessáveis, aberta ou veladamente, palavras de desencorajamento para nobres e heróicas gestas de lusitanidade, palavras de falso humanismo em justificação e defesa de todas as poderosas forças de desagregação que campeiam no Mundo, palavras de negação, apoucamento, ataque e escárnio de instituições, de direitos e deveres multisseculares, de conceitos basilares de ética e estética, de filosofia e religião, de arte e política, palavras, enfim, empapadas dós venenos mais letais para as almas e os espíritos juvenis!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A nossa juventude não pede, nem nunca pediu, que lhe empestem a existência com tão cínicas e degradantes mistificações!
O que ela pede e deseja, no mais íntimo dos seus anseios, embora por vezes o não saiba formular com precisão, é que ao menos lhe apontem, com segurança, um rumo certo de vida moral e espiritual, e isso feito que lhe não neguem nem cerceiem os meios de a aperfeiçoar, embelezar e engrandecer, tornando-a colaborante e consubstanciante da sua formação intelectual e profissional, numa virtualidade fecunda e possibilitante dos mais lídimos e acabados caracteres!
Dê-se então aos jovens, sem demora, o que eles pedem ou nem sabem pedir mas nós sabemos desejar e atente-se particularmente em que dessa juventude, toda ela generosa, mas não suficientemente virilizada, toda ela sequiosa de verdade e justiça, mas longe de uma conveniente modelação e subordinação, dessa juventude, que constitui afinal o «corpo e a forma do futuro», como já lemos algures, a parte mais interessada num urgente deferimento das suas pretensões é a que escolheu e escolhe Deus...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e assim mesmo o afirma corajosa e orgulhosamente, como aliás já o soube demonstrar, nas magníficas e para sempre inolvidáveis jornadas do Encontro, no ano transacto, ante a raiva e o desespero de alguns, o aplauso e o incitamento de outros e o espanto e quase incredibilidade de todos, tal a imponência e grandiosidade do espectáculo a que foi dado assistir e o altíssimo significado que dele pôde legitimamente extrair-se!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pois são esses jovens do presente, realidade do presente, força do presente - quando é que deixaremos de lhes chamar apenas os «homens de amanhã» ... -, são esses jovens, cientes de que algo de específico lhes compete realizar agora, para além do que possam vir a realizar depois, são eles que, nesta diferente hora nacional, interrogam, graves e preocupados, os responsáveis pela sua educação e lhes perguntam acusadoramente como é possível, por exemplo, que no mesmo estabelecimento de ensino, no mesmo dia, ouçam proclamar a existência de Deus na aula de Religião e Moral e ouçam logo a seguir negar essa mesma existência na aula de Filosofia ou de Ciências!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E são eles ainda que perguntam, cheios de mágoa, talvez de revolta, talvez de indignação, como