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3140 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 126

Agora, preocupa-nos o âmbito o coordenação a dar à educação para que modele criaturas equilibradas e perfeitas.
2) Bem sabe-mos que o Estado não pode, só por si, dar aos jovens a preparação moral que lhes é fundamental para a vida.
E disto é prova provada a quase inutilidade das cadeiras de Moral, timidamente criadas para últimos anos do liceu, porque a Moral não pode ensinar-se como ciência exterior a nós, - mas como vivência a estruturar um teor do vida.
A moral vivo-se, ou não se vive.
E não é a lição de um padre, por mais abnegado que ele seja, que pode mascarar a onda de brutal materialismo e de demo-liberalismo agressivo que informa e orienta muitas das decisões oficiais do nosso ensino.
Como escreveu o Santo Papa Pio XI na magistral encíclica Divini Illius Magistri, «... uma escola não se torna conforme aos direitos da Igreja e da família cristã e digna da frequência dos alunos católicos pelo simples facto de que nela se ministra a instrução religiosa, e muitas vezes com bastante parcimónia».
É realmente certo que o Estado não pode, por si só, fazer a formação moral da juventude; mas pode e deve, em tal capítulo, fazer muito mais do que até agora tem feito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pode e deve fiscalizar e sancionar o comportamento moral de professores e alunos, dentro e fora dos estabelecimentos escolares, pois só em Portugal é que a acção educativa cessa no limiar da porta.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E mais pode e deve chamar a colaborar consigo, e animar no seu desenvolvimento, as verdadeiras fontes da autoridade moral e da disciplina espiritual - a família e as confissões religiosas -, sabido como é que a moral é fruto da religião e corre o perigo de estiolar-se se for amputada dela.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Evidentemente que não pode impor-se a educação religiosa a quem a não quiser; mas o que tem é que incentivar-se a educação religiosa por forma a facultá-la a todos quantos a desejem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para tanto cumpre ao Ministério da Educação Nacional o indeclinável dever de facilitar e subsidiar substancialmente os institutos de educação religiosa, por forma que eles alarguem a sua proveitosa acção educativa aos 8 milhões de católicos que dizem haver em Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E mais lhe cumpre - agora por mero dever de elementar justiça -, chamar aos órgãos directivos e consultivos da educação pública portuguesa a voz autorizada das organizações pedagógicas católicas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Efectivamente, é preciso querer ser cego para ignorar a obra dos institutos religiosos portugueses, ou para minimizar os serviços prestados a mais de 150 000 alunos do ensino secundário por cerca de mil religiosos diplomados, num devotamento tal à causa da educação que os lucros da actividade são inteiramente consumidos na educação da juventude menos afortunada.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nem os cegos podem ignorar esta doação total das organizações católicas à juventude portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E não contentes com a experiência e a autoridade que a prática intensiva do ensino lhes confere, criaram os organismos católicos educacionais o Instituto de Psicologia Aplicada, que, conjuntamente com o Instituto de Cultura Geral e o Instituto de Cultura Superior Católica, eleva a um nível não excedido em Portugal os estudos da mais apurada técnica pedagógica.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para finalizar esta referência às organizações pedagógicas católicas ocorre-nos perguntar: conhece ou desconhece o Ministério da Educação Nacional a obra grandiosa da nossa pedagogia católica?
Certamente a não desconhece, porque não pode ignorar a dimensão total do sector que orienta.
Se a conhece, - em nome de que princípios e em nome de que justiça se não escuta nos supremos auditórios da educação nacional a voz autorizada desta organização que, por seus próprios méritos e esforço, atingiu lugar cimeiro na patriótica acção de educar?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Se o Estado tem assim grande dívida em aberto para com a pedagogia católica, muito maior dívida tem para com a família.
A educação familiar é, no tempo e no quilate, a melhor e mais valiosa que pode ser prestada à juventude, de sorte que em relação à puerícia ela se considera insubstituível.
Aceitando esta verdade, cumpre ao Estado chamar a família a colaborar activamente na instrução primária e liceal, por forma a colmatar o abismo que separa a instrução oficial, confinada à escola, da educação familiar, forçada a parar no limiar da mesma escola.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Há que criar junto de cada escola rural ou suburbana um núcleo educacional que sirva para coordenar os esforços de todos os elementos de educação e a fomentar a elevação do nível humano da tão abandonada população rural.
Para tanto impõe-se, por um lado, dar ao professorado rural um campo de acção que transcenda as paredes da escola e vá junto das famílias apurar do ambiente e necessidades dos alunos confiados à sua educação; e, por outro lado, há que chamar os pais ao núcleo cultural da escola - a constituir pelo professor, padre, autoridades locais - pára todos se aperfeiçoarem e se articularem na obra educativa comum.
Torna-se, porém, indispensável e urgente que se coíba o abuso já generalizado de os professores primários dos meios rurais ou suburbanos se deslocarem às escolas nas horas de serviço, tratando de se raspar a toda a pressa logo que acabaram de engrolar a lição.