O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

19 DE FEVEREIRO DE 1964 3261

de quem pelo mundo fora também trabalha pelo bem .comum a partir da elevação do campo)?
Como quer que seja, estamos atingidos - e não pouco - em matéria de males na nossa vida agrária. E a força com que tais males nos tocam - bem a podemos ver no quadro comparativo do produto nacional, em que o sector vulgarmente chamado «agrícola» ocupa posição não compatível com a população activa que no sector se congrega - consideràvelmente maior a percentagem de elementos humanos ocupados relativamente à população total activa do que a percentagem no produto nacional. Todos o sabemos, e não vale a pena fazer a demonstração pelos próprios quadros oficiais.
Quando se diz que os ventos correm mal para todos ou quase todos os países da Europa - diremos melhor: de todo o Mundo - e o nosso se encontra metido nesse número, é evidente que nos cumpre não nos lançarmos na «resignação fundamentada, ou desculpada no que nos demais países se passa». Há, sim, que vermos - pelo menos, isso - se encontramos ou não meios de qualquer índole que possamos utilizar na suspensão de tais ventos ou nalguma modificação do seu sentido - a nosso favor!
Mas que as coifas, em matéria agrícola, nas suas produções unitárias, não estão de grande feição (pelo contrário!) para nós - eis que o provam os indicadores comparados seguintes:

Produções unitárias - média simples das médias de países que têm as respectivas culturas -100 kg por hectare

Quinquénio 1955-1959

[Ver quadro na imagem]

(a) Inclui Portugal o Finlândia.

O Sr. André Navarro: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. André Navarro: - Mas isso é a produção de trigo por hectare?

O Orador: - Exactamente.

O Sr. André Navarro: - E V. Ex.ª faz a comparação da produção com os países da E. F. T. A.?

O Orador: - É com os países da E. F. T. A. que faço a comparação.

O Sr. André Navarro: - Mas o nosso país, na parte cerealífera, deve comparar-se com os países mediterrânicos. E se compararmos, por exemplo. o nosso país com o Sul da Itália, com a Grécia e a zona norte da orla africana. as produções andam sensivelmente na mesma base.

O Orador: - Ainda assim a nossa é pior.

O Sr. André Navarro: - O que há são terras nitidamente impróprias para a cultura do trigo. Eu aponto este aspecto para que não fique no espírito de quem ouve o trabalho, aliás excelente, de V. Ex.ª a ideia de que a nossa produção é baixa por a agricultura ser rotineira, É baixa porque a extensificação cultural levou o trigo a regiões impróprias para o seu cultivo. Isso atira com as médias para níveis mais baixos comparados com os do Norte de África. Mas no Norte do País. onde os terrenos de cultivo do trigo são de melhor qualidade, essas médias baixas já não se verificam.

O Orador: - A maior produção que encontrei foi de 2021 kg por hetare, no concelho de Peniche. Além disso, os dados que apresento são extraídos do relatório dos produtores de trigo referente ao ano de 1961.
Se tomarmos apenas o trigo (e vou-me servir de números de 1961 que nos são facultados pelo extenso e bem elaborado relatório do ano de 1962 da Federação Nacional dos Produtores de Trigo - cuja generosidade de indicadores é verdadeiramente notável e digna de todos os louvores), imediatamente veremos quão diversas têm sido as produções desse cereal nas várias terras de Portugal continental - tudo a dizer que não parece estar a sua cultura a ser conduzida ou mantida nos melhores ou mais racionais moldes, já que, como poderá ver-se num mapa que elaborei para os concelhos em que a soma das áreas cultivadas tem mais de 1 ha e uma produção total superior a 1000 kg (e cuja leitura não faço para não enfadar os prezados colegas, mas que me permito pôr em anexo), aparecem médias de produção de apenas 195 kg por hectare (concelho de Castelo Branco, em área semeada de 4026 ha) até 2021 kg por hectare (concelho de Peniche, em área semeada de 1082 ha) - mesmo assim, quanto a este concelho, inferior à média de qualquer dos agrupamentos E. F. T. A. e C. E. E., como o quadro que já referi o diz.
Estas duas médias nacionais passam, por exemplo, pela média de 889 kg por hectare em 22 concelhos, numa área total semeada de 104 594 ha, e pela de 579 kg em mais 28 concelhos, numa área semeada de 92 288 ha - estes dois últimos conjuntos os maiores semeados entre nós e representando só por si 86 por cento da área trigueira de Portugal continental.
Tem-se a impressão nítida, pois, de que há algo que não corre bem nestas coisas do trigo, o que. aliás, se confirmaria com a leitura de outros quadros que se inserem no relatório a que me referi.
Penso eu que este estado anómalo de coisas poderá dever-se à circunstância de a produção ter a aquisição garantida em condições (incluindo as subvenções) que já poderão ser satisfatórias para alguns produtores (mesmo sem produtividade), mas que certamente não satisfarão o País.
Sr. Presidente: porque os rendimentos de quase todas as nossas culturas são baixos, em si e relativamente ao conjunto dos países da E. F. T. A. e do Mercado Comum, e também porque (pelo exemplo que ficou citado quanto ao trigo) há zonas que estão afectadas a culturas em que o rendimento sai fora de todas as marcas imagináveis -