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20 DE FEVEREIRO DE 1964 3287

Mas, Sr. Presidente, o ensino dos meios rurais não deverá ser exclusivamente agrícola. E indispensável que os jovens recebam solicitações profissionais que despertem as suas aptidões naturais, o que lhes permitirá especializarem-se naquelas em que o apelo seja mais forte.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - À instrução e 11 educação cabe sem dúvida o mais importante papel na aceleração do processo de crescimento da nossa economia; por isso deverá
ser-lhes concedido elevado grau de prioridade.
Assistência técnica. - Este é também um ponto, Sr. Presidente, que reputo da mais alta importância para o desenvolvimento da nossa agricultura.
Creio na investigação agronómica; e só lamento que a este sector não tenha sido prestada a atenção correspondente à sua alta importância.
A experimentação deverá ser considerada como o elo que liga a investigação à assistência técnica do agricultor.
Ao contrário da investigação, a experimentação deve ser desdobrada ao nível regional. Cada região apresenta peculiaridades diversas, quer quanto ao meio físico, quer quanto ao ambiente económico, etc.
O lavrador só acredita em determinado aperfeiçoamento técnico quando verifica que através da sua influência resulta o aumento de rendimento.
E este sem dúvida o objectivo que deve nortear a experimentação. Demonstrar que existem grandes probabilidades de que resultem melhorias de natureza económica da adopção de novos preceitos técnicos - sejam eles a introdução de novas espécies, modernas fórmulas de fertilização, novos modelos de máquinas, etc.
Neste campo, cabe ao Estado um lugar da maior relevância. Mas devemos reconhecer que os serviços oficiais não dispõem, nas diferentes regiões do País, de terrenos suficientemente amplos e representativos dos solos locais.

O Sr. Amaral Neto: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Amaral Neto: - V. Ex.ª acreditaria na viabilidade de um sistema que procurasse fundar a divulgação na utilização de explorações-piloto, isto é, explorações que os proprietários cedessem de bom grado à, orientação doa técnicos para suprir a acção do Estado?

O Orador: - O serviços oficiais deviam ter explorações-piloto que fizessem experimentação.

O Sr. Amaral Neto: - Eu, quando falei em explorações-piloto, quis dizer explorações particulares que se prestassem a servir de piloto.

O Orador: - Se o proprietário se dispusesse a isso, era de tentar.
Os serviços oficiais só estarão em condições de aconselhar a introdução- nas explorações de uma nova técnica quando o resultado for económico, porque, afinal, é este que mais interessa ao empresário.
Mas, Sr. Presidente, as disponibilidades dos serviços, quer em terrenos adequados à experimentação, quer em recursos financeiros, estão muito abaixo das necessidades.
A assistência técnica tem de ser eficiente, dinâmica, especializada e coordenada, porque só assim será um trabalho sério, capaz de valorizar a nossa agricultura.
Comercialização dos produtos agrícolas. - Para obter o aumento de rentabilidade na agricultura é indispensável a correcção dos circuitos de comercialização dos produtos.
A actividade a desenvolver deve ter por objectivo assegurar o funcionamento correcto do mercado, impedindo todas as acções monopolísticas ou especulativas. Neste aspecto cabe um papel importante às cooperativas.
Há planos em curso de adegas e lagares cooperativos.
Urge alargar estes planos a outros sectores, como sejam as frutas, os produtos hortícolas e os lacticínios.

O Sr. António Santos da Cunha: - Alargar e intensificar!

O Orador: - Muito bem! E sabido que o êxito da cooperação depende da existência entre os cooperadores de um forte sentimento de solidariedade. No nosso meio rural não é de esperar um forte movimento espontâneo neste sentido. Por isso o Estado tem prestado larga ajuda na criação de cooperativas; mas esta ajuda deverá ser fundamentalmente exercida no sentido de vencer a inércia do meio e prestar uma assistência técnica e económica favoráveis ao desenvolvimento da cooperativa.
Sr. Presidente: se quisermos tirar partido da nossa integração europeia naqueles sectores para os quais as nossas condições -geográficas, de meio agro-climático, ou económicas - nos favorecem, teremos de operar uma revolução profunda nos processos técnicos, de que resultem acréscimos quantitativos e qualitativos em tais produções, e de estruturar paralelamente as organizações comercial e industrial convenientes. Teremos, pois, de encarar de frente o ordenamento cultural, que não é mais do que o resultado da incidência de um conjunto de factores de natureza económica e social.
Através do ordenamento cultural far-se-á o ajustamento dos tipos de utilização do solo à capacidade de uso deste, com salvaguarda da manutenção ou do acréscimo, se possível, das suas potencialidades naturais.
O nosso país oferece condições maravilhosas ao fomento da fruticultura.
Se neste campo quisermos caminhar depressa e bem, há que ter técnicos agrícolas convenientemente preparados e mentalizados, assim como pessoal rural devidamente preparado.
Para a preparação do pessoal rural há que estabelecer centros de preparação junto dos organismos regionais, os quais deverão ministrar um ensino completo, desde a plantação, adubação, granjeios, podas e tratamentos, até à colheita, conservação, calibragem e embalagem dos frutos.
Como ponto de apoio dos técnicos, torna-se necessária a existência nas zonas frutícolas de uma propriedade onde possa ser feita a experimentação, que não deve ser realizada na casa do lavrador, mas que nunca se deve abstrair de uma íntima e estreita colaboração.
No fomento da fruticultura há que olhar de frente e no mais curto espaço de tempo, e até sem regatear encargos, o problema da conservação e comercialização, criando uma noção de segurança, e nunca um clima de incertezas ou de desconfiança.

O Sr. Gonçalves Rapazote: - Muito bem!

O Orador: - E, pois, necessário criar centrais fruteiras ou cooperativas de fruticultores nas zonas de interesse, as quais, construídas a pedido da lavoura, seriam subsidiadas em grande parte pelo Estado.
O estabelecimento de uma rede de conservação levaria à melhoria do comércio e, consequentemente, a uma ex-