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20 DE FEVEREIRO DE 1964 3289

Em relação aos tipos característicos, c irei ame: ri tos a zonas de maior ou menor extensão, foram estabelecidas as regiões demarcadas, ainda hoje em número relativamente restrito, mas que poderão e deverão ser ampliadas, por exemplo, com as de Pinhel, Bairrada. Alcobaça, Óbidos, etc....

O Sr. Virgílio Cruz: - Muito bem!

O Orador: - ... indo-se por este modo diminuindo as regiões anónimas e incaracterísticas, que pouco contribuem para II qualidade dos nossos vinhos. O conceito de região demarcada engloba determinadas características geológicas, climáticas, botânicas (cavalo e castas), culturais (amanhos, condução, podas, etc.), tecnológicas (processo de fabrico), amadurecimento do vinho (envelhecimento) e da sua apresentação.

O Sr. Engrácia Carrilho: - Muito bem!

O Orador: - Nas regiões demarcadas impõe-se uma valorização do produto, designadamente pela qualidade. Não se admite um vinho mau. nem mesmo fraco; só o
bom e o muito bom podem interessar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É o produto de elite - que merece a garrafa e que poderá destinar-se à exportação de qualidade. Está provado que o consumo do vinho nos mercados internos dos países produtores se expande à medida que aumenta o nível de vida, se bem que de uma maneira não proporcional. Assim, o Instituto de Cultura Hispânica calculou, para o país vizinho, as seguintes elasticidades-rendimento para a procura de vinho:

1958-1963 ................. 0,6
1963-3967 ................. 0,35
3967-1972 ................. 0,1

Isto é, aceita-se que, à medida que o nível de vida for aumentando, o consumo de vinho aumentará (e por isso a elasticidade-rendimento é positiva), mas a um ritmo inferior ao daquele. Mas não há apenas que contemplar este aspecto quantitativo do problema: temos também de notar que o aumento do poder de compra no mercado interno é acompanhado por uma modificação na estrutura da procura interna. Cada vez serão mais desejados os vinhos de qualidade, fenómeno que será acompanhado por idêntica evolução na exportação.
Ora esta alteração na estrutura da procura do vinho tem importantes consequências económicas e sociais.
O futuro está, pois, na produção das regiões demarcadas. Nestas, a cultura e o tratamento da vinha são normalmente caros, pela dificuldade de mecanização; a escolha de castas nobres, produtoras de vinho de qualidade, reduz a produção. A preparação de Um vinho típico, característico e de qualidade requintada, onera a vinificação. A conservação e envelhecimento, exigindo tempo, cuidados e aparelhagem especializada, são operações dispendiosas. Mas nas restantes e inqualificadas regiões, normalmente a cultura e tratamentos mecânicos são mais fáceis, verificando-se mais pródigas produções e as graduações são mais elevadas (neste caso, factor primordial de valorização), o que lhes permite uma concorrência mais fácil com as regiões demarcadas.

O Sr. Proença Duarte: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

U Sr. Proença Duarte: - V. Ex.ª é partidário de que se deve fomentar no nosso país apenas a produção dos vinhos de qualidade. Ora a produção desses vinhos faz-se em regiões de fraca produtividade e altos custos de produção, e não são certamente esses vinhos que irão ser destinados a exportação.
Parece que devemos antes fomentar a cultura dos vinhos naquelas regiões em que é maior a produção unitária e em que. portanto, o custo de produção pode ser rebaixado e exercer uma influência importante na balança de comércio e até na de pagamentos.

O Orador: - A exportação de vinho de pasto deverá processar-se na maior escala, mas sempre dirigida à qualidade. Realmente. dada a superfície do País dedicada ao cultivo da vinha, têm-se encontrado dificuldades para a colocação total dos seus produtos, não só no mercado interno como também no externo.
No momento verifica-se uma corta exportação para a Alemanha de um vinho anónimo, de lote incaracterístico. não indo com ele a real valia dos nossos vinhos de pasto. Há uma necessidade, dado o cultivo que poderemos considerar mediterrâneo e portanto limitado, não sómente de se procurar fazer concorrência aos vinhos incaracterísticos de outros países, mas de procurarmos predominantemente uma extensão de mercados cada vez maior para os nossos vinhos de qualidade.

O Sr. António Santos da Cunha: Como acontece na França.

O Orador: - Se continuarmos a manter sómente a exportação com vinhos incaracterísticos, teremos de sofrer a concorrência de preços, pois um produto que não é vendido por qualidade tem de ser vendido em concorrência com os outros mercados exportadores. Se tivermos a preocupação de estruturar o comércio dos nossos vinhos pela qualidade, essa concorrência não se verificaria em tão alto grau. E mais interessante vender valores que vender litros.
Deve procurar fazer-se uma transposição dos vinhos anónimos para as regiões demarcadas. Temos de tomar em atenção essas regiões, que, aliás, não prejudicam as outras. Efectivamente, ternos de ir para uma estrutura de qualidade, para uma imposição dos vinhos de qualidade, pois será com estes que nos imporemos no estrangeiro. Enquanto em França, por exemplo, se procura impor externamente o borgonha e outros vinhos famosos, por cá deparamos com marcas comerciais que nos deixam sem conseguir saber quem é o pai da criança.

O Sr. Proença Duarte: - Hoje, no mercado interno o internacional, o que se procura é que haja um tipo de vinho de não tão alta qualidade que. chegue a todas as mesas e consumidores. Se procurarmos só os vinhos de alta qualidade, vamos restringir o consumo do vinho, porque ele não é acessível a todas as economias neste mundo e neste tempo das economias que se democratizam.
É preciso cultivar produtos que cheguem a todas as economias, ainda as mais modestas, e não são os vinhos de alta qualidade que o conseguirão. Se deixarmos de cultivar os vinhos incaracterísticos como V. Ex.ª os designa, teremos a certeza de que o produto vinho deixa de influir na formação do Produto nacional bruto, e é muito importante que a cultura de vinhos em todo o País continue a exercer influência no quantitativo do produto nacional bruto.

O Orador: - Há uma confusão por parte de V. Ex.ª Eu não disse que se deixassem de cultivar os vinhos anóni-