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3552 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 142

Seja-me permitido agora, por uma razão bem compreensível, que vos fale do distrito que aqui represento, e isto por entender que ele deverá ocupar, por direito e sem favor, um lugar cimeiro o inequívoco da maior importância, no turismo nacional.

O Sr. Costa Guimarães: -Muito bem!

O Orador: - Não se pode dissertar sobre artesanato, com o risco de se cometer um grave pecado de omissão, sem referir imediatamente o concelho de Barcelos - o maior dos concelhos do distrito e o maior de Portugal em número de freguesias, com a bonita soma de 89.
Centro artesanal dos mais característicos e já com renome internacional através dos seus inconfundíveis galos de barro, encontramos disseminados pelo seu vasto concelho diversos tipos de artesanato, alguns lamentavelmente adormecidos e que é preciso fazer renascer. De entre todos sobressai, com justificado orgulho dos Barcelense, o fabrico da louça e bonecos de barro, tão conhecidos e procurados; as rendas de crivo; a curiosa tecelagem caseira; os belos jugos do mais elevado sentido artístico, etc.
Justo é pôr era relevo o carinho com que a Câmara Municipal e o Grémio do Comércio têm procurado valorizar o artesanato local, impedindo a sua degenerescência. Haja em vista o Museu de Cerâmica Regional, inaugurado em Maio de 1968, por ocasião das tradicionais Festas das Cruzes, com II presença do ilustre secretário nacional da Informação, Dr. César Moreira Baptista. À Câmara Municipal se fica devendo esta iniciativa, embora essa realização só fosse possível graças ao bairrismo e ao espírito de compreensão de alguns barcelenses que generosamente ofereceram colecções valiosas, a par de outras aquisições feitas directamente aos artesãos. Nu organização do Museu e na selecção das diferentes peças colaborou um delegado do S. N.º T., com uma devoção e um entusiasmo que muito nos apraz registar.
Possui também o Grémio do Comércio uma colecção de artesanato, donde já chegaram a ser cedidas algumas peças para figurarem em várias exposições, entre as quais me lembro de uma realizada em Hamburgo.
Têm sido ainda de uma eficiência digna do maior louvor as exposições artesanais levadas a efeito, sob o patrocínio da Câmara Municipal e organização do Grémio do Comércio, durante as Festas das Cruzes, que todos os anos se realizam nos primeiros dias do mês de Maio. Como consequência disso é de assinalar a participação com catorze stands na Feira Popular do Porto, no ano de 1962, a convite do governador civil do Porto, presença que interessou vivamente o público, que teve a feliz oportunidade de observar a execução de muitos trabalhos dos dezoito artesãos que aí actuavam diariamente. Durou essa exposição quatro meses, tantos como a Feira Popular, tendo sido esta visitada por cerca de 500 000 pessoas.
Pode afirmar-se que muito têm contribuído estas manifestações públicas para o conhecimento e divulgação do artesanato, com as inerentes repercussões no volume das encomendas, que excederam de longe a capacidade de produção. Pecaram, quanto a nós, estas exposições por falta de coordenação, no sentido de dissociar a mistura do verdadeiro e do falso artesanato. Mas essas louváveis iniciativas, que têm merecido o melhor estímulo do Fundo de Fomento de Exportação e do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo, constituíram uma preciosa experiência para aquelas que irão seguir-se. E ]á não faltam dois meses para que possamos assistir em Barcelos a nova exposição artesanal, que obedecerá, estou certo, à directriz que venho defendendo: a dissociação, repito, da autêntica arte rural, do artesanato industrializado para fabrico em série, com condenáveis imitações até de artesanato estrangeiro.
Mas não ficam só por aqui as actividades artesanais do distrito, porquanto merecem ainda uma palavra de simpatia e a indispensável protecção os bordados de linho e algodão de Guimarães; as mantas tão características de Cabeceiras de Basto e de Vieira do Minho e as interessantes e delicadas filigranas da Póvoa de Lanhoso.
Sei que na Junta Distrital de Braga se trabalha activamente no sentido da organização de um museu, onde será integrado o Museu Etnográfico Regional, tendo sido já adquirido um belíssimo solar, pelo que se evitará a perda de muitos exemplares extremamente interessantes que existem pelo distrito e se farão renascer muitos aspectos do artesanato da região.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: chamou o Dr. Nunes Barata a atenção para a necessidade de valorização das estâncias hidrotermais, objectivando o seu ponto de vista com um quadro estatístico, onde nos são revelados números relativos à frequência dos estabelecimentos termais franceses em 1961.
As estações termais, disse o autor do aviso prévio, «pela sua localização, poderão ainda apoiar o desenvolvimento de regiões atrasadas no nosso país. Convirá, por outro lado, ter presente que os portugueses do ultramar constituirão de futuro um maior mercado para esta oferta».
Pois bem, na sequência das considerações do Dr. Nunes Barata, quero desde já fazer a afirmação, que, aliás, não constitui novidade para ninguém que conheça estes problemas, de que possuímos em Portugal tão boas águas mineromedicinais como as melhores do estrangeiro, das quais posso citar pelo seu renome as de Cestona, Vichy, Montecatini, etc.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: -É curioso recordar o que se lê no preâmbulo do Decreto de 30 de Setembro de 1892, que regulamentava o aproveitamento das águas minerais em Portugal.
Diz assim:

As águas minerais foram desde a mais remota antiguidade e são ainda hoje consideradas como um eficaz meio curativo para muitas moléstias rebeldes a quaisquer outros tratamentos.
Atestam-no por forma incontroversa as ruínas das famosas termas romanas, tão numerosas na Península, e os luxuosos estabelecimentos balneoterápicos da França e da Alemanha.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -Não me é possível, pela riqueza do nosso património hidromineral e pelo tempo de que disponho, evocar em pormenor algumas estâncias termais portuguesas que mereciam, sem qualquer dúvida, uma referência especial. Dada essa impossibilidade, dirijo de novo o meu pensamento para o distrito de Braga, onde as estâncias termais de que dispõe se enquadram perfeitamente em zonas do mais elevado interesse turístico.
E agora, que continuo a falar-vos do distrito que represento, confesso que nunca desejei tanto ser poeta como no momento presente, para, em estilo grandíloquo e digno da terra, poder cantar os seus valores culturais em que ressaltam altaneiros os lugares históricos, os monumentos, os museus, os arquivos, as bibliotecas e ainda o seu arte-