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11 DE MARÇO DE 1964 3557

forma a dar aos locais e às suas actividades o realce que as suas condições específicas aconselhem.
Deverão, pois, estudar-se, em cada zona, as suas características polarizantes e daí concluir-se quais as infra-estruturas a estabelecer, de forma a uma rendosa utilização das mesmas.
Em resumo, preconizo o aproveitamento em pleno das condições turísticas de todo o País com vista a provocar uma repartição das actividades através de todo o território nacional que permita o mais rápido acréscimo do rendimento e uma mais profusa convivência entre o povo.
Trata-se, como tive ocasião de dizer ao começar esta minha intervenção, de uma óptica de feição humanista, pois que se de qualquer modo se pretende centrar a actividade turística com vista ao aumento do produto nacional, deseja-se, por outro lado, estabelecer uma relação entre o homem e a economia relativamente à melhoria das condições de vida e de ambiente. Que se não caia no erro frequente de criar condições de despovoamento de determinadas áreas transformadas em desertos de iniciativas ou em desesperada algaraviada de reclamações insatisfeitas em favor de outras mais favorecidas, mercê de interesses nem sempre merecidos.
E esta a melhor maneira de fazer uma verdadeira política de turismo, verdadeira e útil política, ficando ao Estado a obrigação na criação das infra-estruturas indispensáveis, tais como a rede rodoviária, os transportes, a propaganda e os pólos de atracção. À iniciativa particular caberia, em exclusivo ou em comparticipação, a utilização dessas infra-estruturas dentro de planos nacionais, quer estabelecendo a rede hoteleira, quer valorizando as indústrias, o asseio, o artesanato, etc.
Sr. Presidente: termino como comecei, fazendo votos por que este debate traga os frutos que para ele desejou o seu autor. Neste campo somos ricos em possibilidades; basta que as saibamos aproveitar.
Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Fernando Frade:-Sr. Presidente: todos os ilustres Deputados que me antecederam para se pronunciarem sobre a matéria constante do aviso prévio que estamos tratando dirigiram palavras de justo louvor ao seu autor, Dr. Nunes Barata, pelo seu oportuno e fecundo trabalho. Presto-lhe também as maiores homenagens, e por isso me associo inteiramente e com verdadeira sinceridade a essas palavras.
Quero ainda significar-lhe o meu reconhecimento, em nome de todos os moçambicanos, pelas referências que fez às possibilidades turísticas da nossa província, alinhando as suas privilegiadas regiões com aquelas que no conjunto nacional representam verdadeiros pólos de atracção para a exploração da indústria que estamos apreciando.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A recente visita que o ilustre Deputado avisante efectuou àquela nossa vasta parcela do Indico chegou para lhe patentear com nítida evidência o potencial turístico nela existente, e o facto de lá ter estado faz com que o seu testemunho assuma a maior importância.

Vozes: -Muito bem!

O Orador:-Regozijo-me, pois, com a circunstância de Moçambique contar com mais um defensor de grande prestígio e estou certo de que o mesmo sucederia a todos aqueles como alguns de VV. Ex.ªs se lhes fosse oferecida a oportunidade de efectuar uma visita.
Seja-me permitido abrir um parêntesis para aproveitar este ensejo e deste lugar formular um voto para que se estude com a possível urgência a deslocação de grupos de Deputados portugueses às nossas províncias de além-mar, proporcionando-lhes assim o conhecimento directo das condições de vida que lá existem e garantindo desta forma maiores possibilidades de se discutirem, equacionarem e resolverem à escala nacional os problemas que se trazem a esta Assembleia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estou convencido, Sr. Presidente, de que V. Ex.ª será o primeiro a reconhecer o mérito desta sugestão e que, por consequência, lhe dispensará o melhor apoio para que ela se torne em rápida realidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Faltaria ao mais elementar princípio de justiça se nesta altura não dirigisse umas palavras de muito apreço ao nosso ilustre colega Paulo Cancella de Abreu pela efectivação do seu aviso prévio em 1950 sobre a crise do turismo em Portugal e ainda pelas suas ulteriores intervenções acerca do mesmo assunto.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Ao ler a sua intervenção e a dos outros Deputados que subiram a esta tribuna para se pronunciarem sobre a mesma matéria, fiquei com a consoladora ideia de que, se Portugal ainda está atrasado no desenvolvimento dó seu turismo, não foi porque nesta Assembleia não se tivesse ventilado com oportunidade este grande problema.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado. fiquei, todavia, com a impressão, já nada consoladora, de que andamos em marcha reduzida, o que terá feito perder algo de valioso ao longo destes anos.
Dizia há dias o nosso ilustre, colega Délio Santarém na sua intervenção que se sentia sucumbido por sempre verificar ao descer desta tribuna a presença no seu espírito de um inevitável denominador comum: o dinheiro. Que tal factor, participando de forma decisiva em todas as suas intervenções, o deprimia.
Devo confessar que de certo modo o invejo, porque mesmo assim preferia o seu denominador comum ao meu, que é: «o tempo que se perde a activar o andamento de todos estes problemas da mais alta importância».

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Dir-se-á que é destituída de utilidade esta referência ao passado. Seria assim se nós dela não quiséssemos que se aproveitassem as lições da experiência para os novos caminhos a seguir.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: a multiplicidade de sectores que a indústria do turismo engloba e os imponderáveis e implicações a que estão sujeitos são de tal ordem que reputo indispensável não nos deixarmos aliciar pelos seus possíveis volumosos resultados e, consequentemente, corrermos a foguetes. Trata-se de uma indústria de grande complexidade e especialização e, como tal,