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11 DE MARÇO DE 1964 3555

ávido de espécies que lhe poderiam dar melhores condições de vida. Podemos mesmo dizer que o homem desconhecia o homem.
Limitado, assim, por força da carência de recursos e pela necessidade de defesa contra o meio hostil que o rodeava, a viver o seu ambiente mais próximo, o homem foi-se libertando através do tempo e procurou com curiosidade - diríamos agora que o homem emigrou. Começa aqui a aparecer o turismo económico: viajar para tirar das viagens o maior rendimento económico.
Progridem os séculos e o homem vai tomando conhecimento da sua própria personalidade humana e da existência do seu semelhante, das suas ideias e das ideias dos outros, dos seus costumes e dos costumes do seu vizinho, da sua fé e da fé do seu irmão. É o turismo das ideias, o turismo humano, que nasce e progride, originando as peregrinações, as conquistas, o missionalismo. Rompem-se então todas as muralhas, incapazes de suster as ideias no seu avanço arme, e então o homem liberta-se dos conceitos puramente materiais e passeia portador de mensagens, do gosto de viver. É então que, no desejo de encontrar uma harmonia para os interesses totais que motivam as viagens - o negócio, o prazer, a cultura e o conhecimento próprio -, surge a necessidade de estabelecer uma nova política: a política do turismo.
Se é certo que entre nós. o órgão competente tem procurado realizar essa, política, certo é também que ela não existe, resumindo-se «a criar motivos de interesse turístico para entretenimento dos estrangeiros que nos visitam». Em obediência a esse princípio anunciam-se as Festas de Abril, do Maio Florido, das Vindimas e do Vinho Novo, que, sendo já alguma coisa, são organizações pouco sentidas pelo turismo nacional.
Continuamos, porém, carecidos de uma verdadeira política de turismo e até mesmo de um órgão com mais possibilidades de a estabelecer, órgão esse que poderia ser, como já foi dito aqui, o Ministério do Turismo, que coordenaria todas as actividades que estivessem ligadas a essa indústria.
Recentemente, o Ex.mo Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho anunciou a organização de um planeamento nacional de turismo, o que muito nos anima e faz prever que se pretende acompanhar a vizinha Espanha nesta corrida para o cabal aproveitamento de todas as oportunidades que do turismo se possam colher. Por essa razão precisamente este debate tem oportunidade, na medida em que poderá contribuir para a estruturação desse plano.
Quanto a mim, tenho por fundamental a intenção de encarar o assunto sob o aspecto humano, e nesse sentido inferir das premissas do anuncio as ilações que sejam de aplicar a mencionada finalidade.
O turismo implica, fundamentalmente, no aspecto económico e no aspecto social, neste com marcada projecção no desenvolvimento cultural dos naturais. Poder-se-á por esta razão afirmar que o turismo serve de veículo ao desenvolvimento económico interno e ainda como meio de solução de preocupações sociológicas. De facto, sendo o homem um ser social e sociável, necessita de ter uma vida de relação para que possa compreender o verdadeiro sentido da sua mensagem na terra; assim o homem ao relacionar-se se elevará ou humilhará, será mais humano e compreensível às dores do seu semelhante e apreciará melhor os benefícios que recebeu da vida que vive.
Trata-se de encarar o problema sob uma óptica humanista, fazendo com que o desenvolvimento económico nacional que advirá da exploração turística tenha por fulcro o proveito que dele o homem possa tirar.
Ao nascer foi colocado o homem na sua própria época c encarregado de viver essa época com todas as suas potencialidades em paz e alegria; ele contribuirá então, eficazmente, para o aperfeiçoamento do mundo em que se situa. E porque vivemos uma nova era, a era do homem social, o conceito da extracção da riqueza em proveito da própria riqueza cedeu o passo ao conceito de que a riqueza só tem expressão quando se destina a dar proveito ao homem. Focaliza-se neste conceito humanista do desenvolvimento económico do Mundo a plenitude do valor humano.
Assim, e encarado o aspecto sob esta face, o turismo deve ser estudado no plano das relações:

Relações entre nacionais (turismo de naturais viajando pelo País);
Relações entre nacionais e estrangeiros (naturais viajando pelo estrangeira); e
O turismo internacional.

Não desprezando de modo algum o valor que representa a segunda modalidade, fundamentalmente pela sua contribuição para a elevação cultural do povo, o certo é que são precisamente as outras duas modalidades as que mais interesse oferecem a um estudo nacional do problema.
Os turistas nacionais em viagem pelo País contribuem em tal medida para a preparação básica do planeamento do turismo internacional que só por isso merecem que consideremos o facto com atenção. Podemos mesmo dizer que essa modalidade serve de alicerce a toda a indústria turística, tornando possível organizar e assegurar a continuidade de todos os serviços criados e que representam as infra-estruturas desta indústria - os alojamentos, os transportes, os atractivos turísticos e o pessoal. Sem ela não será possível enfrentar as quebras na corrente turística, quebras que as estações do ano, ou outras razões, sempre provocam. Temos, por isso, de fomentar o turismo nacional, pois que, com o seu aumento, aumentarão, em consequência, as possibilidades de sobrevivência das indústrias Criadas com vista ao turismo internacional.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Encarado sob este aspecto, o turismo deverá ser necessariamente compatível com o poder económico das diferentes massas de passeantes e deverá basear-se em estudos e planos que estabeleçam uma utilização das diferentes regiões do País, segundo as melhores condições climatéricas e os diversos atractivos naturais. Justificam esta minha preferência por planos regionais, em lugar de um plano nacional de tipo único, não só a diversidade do território nacional, como também o facto, bastantemente mostrado, da existência de graus diferentes de desenvolvimento dentro do próprio território. Não se pretende com isso, de modo algum, que se criem regiões turísticas autónomas, sendo de aconselhar até uma integração de cada uma num plano nacional, de modo a obter a harmonia e o equilíbrio no seu desenvolvimento.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Esse facto implicaria, como é natural, a necessidade de organizar uma carta turística do País, a qual seria profusamente difundida, não só através dos diferentes órgãos de informação, como ainda pela utilização de programas próprios de rádio e de televisão atraentes e bem orientados.
Na estruturação de «m plano de turismo haverá que ter em conta a necessidade de fomentar o intercâmbio