3556 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 142
entre a metrópole e as diferentes provindas ultramarinas,...
Vozes: -Muito bem!
O Orador: - ... no sentido de estabelecer um maior conhecimento das terras e das gentes do nosso mundo.
Só dessa maneira, verdadeiramente, só dessa maneira, será possível a concretização efectiva da nossa política de integração, aproveitando-se para isso a excepcional e natural tendência do Português para anuir o seu semelhante, indiferente à cor da pele ou à- raça. Será passeando pelas nossas queridas províncias do África ou da Ásia que nós poderemos demonstrar que somos os mesmos, quer tenhamos nascido aqui, junto ao Alinho ou ao Guadiana, ou além, em Cabo Verde, Guiné ou Macau. O convívio que estabelecermos com os nossos irmãos, conhecendo-os na sua vida e no seu lar, servirá para que se estabeleça uma maior afinidade, o desse conhecimento que da terra e da gente só obtenha advirá uma ideia de fixação e de aproveitamento dos valores económicos do nosso ultramar. Não será também de menosprezar o muito que daí advirá em contribuição económica, que o será também a utilização dentro da Nação das reservas que o povo faz para c gozo das suas férias. As nossas agências de viagens, preocupadas com o critério de que turismo à apenas o intercâmbio entre nações, e também com o sentido do lucro certo, preocupam-se somente com a organização de viagens ao estrangeiro, ignorando totalmente a existência do valor que, também neste aspecto, representam as nossas províncias ultramarinas. Por isso será necessário que o S. N.º I. e a F. N. A. T. se encarreguem, de princípio, de organizar a canalização do turismo nesse sentido, levando um e outra os seus colaboradores e associados a visitar essas terras, pois que, se é certo que temos necessidade de que o estrangeiro conheça e compreenda a nossa causa, certo é também que não podemos prescindir da compreensão do nosso próprio povo, pois que essencialmente será com ele que teremos dê contar para que possamos fazer vingar a nossa razão.
Ao estruturar um plano de acção turística teremos de contar assim com todo o território nacional, evitando-se, tanto quanto possível, a criação de zonas privilegiadas ou campos específicos de acção turística, pois que não só existem pólos de atracção por todo o País, como ainda imo será possível circunscrever a digressão dos visitantes a essas zonas.
Com a criação de manchas criar-se-iam, consequentemente, motivos de chocantes diferenças, que não deixariam de provocar desagradáveis reacções, que seriam prejudiciais não só ao desenvolvimento da política turística, como ainda limitariam o País a determinadas zonas de influência e atracção, privando as restantes do poder de desenvolvimento que essa indústria representa.
Um plano desta natureza deveria criar também, quando bem elaborado, centros polarizantes, que poderiam bem servir para diminuir, em certas regiões, os efeitos que a ausência, de pólos de desenvolvimento provoca, com reflexos na debilidade económica da região.
Como exemplo, referirei o que se. passa na vasta zona que abrange o concelho de Vila Nova de Gaia. Esse concelho, rico de tradições históricas e cheio de pergaminhos artísticos, oferece, mercê do seu folclore, com renome internacional, e dos seus monumentos e tradições, remontando algumas ao período anterior à Fundação, condições excepcionais para um aproveitamento turístico, que em muito viria a beneficiar a economia local, falha de fontes de receita. Ali poder-se-ia facilmente promover a instalação do parques de campismo, dadas as condições excepcionais que para o efeito oferecem as terras da beira-mar, ou mesmo as zonas do interior.
Com uma vasta costa, onde as praias, de características variadas, se oferecem em fácil holocausto, o concelho tem condições de rápido e fácil aproveitamento. Desde a Afurada dos pescadores, com o seu tradicional culto dos mareantes por S. Gonçalo, até às cosmopolitas praias da Granja, Miramar e Francê-los, tudo é uma rica zona de iodo e arvoredo num agradável despique para tornar mais útil a vida ao veraneante.
A mais afastada destas praias situa-se a 8 km da sede do concelho e as mais próximas levam os seus limites quase ao coração da cidade do Porto, dando, a quem nelas se acolhe, a possibilidade de estar dentro de um centro urbano no curto espaço de cinco minutos. Além do mais, tem ainda o concelho, todas as actividades indispensáveis a uma indústria de turismo, as quais permitiriam a organização de festividades, exposições, passeios e visitas.
E no entanto, Sr. Presidente, nada está feito com vista ao aproveitamento de toda esta riqueza natural, perdendo-se de ano para ano o pouco que existia, numa teimosa disputa entre as dádivas da Natureza e o desinteresse dos homens. E assim as praias carecem de instalações hoteleiras ou de simples pensões, oferecendo ao uso envergonhados e modestos restaurantes, simples casas de pasto, que usam como tabuleta o simbólico ramo à porta. E, para além da falta de uma modesta indústria hoteleira, todas as praias estão privadas de água e saneamento e as tais avenidas ou ruas que bem delineadas convidariam a um repousante passeio ao crepúsculo encontram-se esburacadas, cheias de ervas e mal iluminadas.
Uma só piscina, a da Granja, um só parque de campismo, o da Casa dos Jornalistas, dois hotéis de 2.a classe e duas pensões, a inexistência de quaisquer pólos turísticos ou de simples planos regionais de aproveitamento das condições turísticas da região constituem por si só a prova de abandono a que atrás me referi. Quero com este exemplo comprovar a minha tese de que se deve encarar a necessidade de se proceder ao aproveitamento turístico de todas as regiões do País, ,num planeamento e num ordenamento regional com vista ao estabelecimento de bases de apoio ao turismo nacional. Deverão criar-se pólos de atracção turística com fundamento nas condições climatéricas, no aproveitamento dos centros mundanos de. turismo social ou simplesmente dos centros de turismo natural. Deverá ainda ter-se em conta a necessidade de organizar uma rede turística que permita o aproveitamento das actividades comerciais estabelecidas nas cidades ou vilas carecidas de condições especiais para o fomento do turismo.
Sob este aspecto a região da cidade do Porto é rica em possibilidades pela facilidade que oferece em ligações da grande urbe com os locais de maior interesse turístico dos concelhos de Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Maia e Gondomar. E para além desses concelhos, que constituem um verdadeiro colar da cidade, estende-se toda essa vasta região de Entre-Douro e Minho, vasta de beleza, plena de meios de expansão, rica em possibilidades de interesses artesanais e folclóricos, tudo para além dos motivos históricos que oferece.
Esta área constitui um todo vincadamente turístico que se estende e abrange todas as actividades nos seus aspectos ecuménicos. Precisamente para o aproveitamento dessas actividades na maior medida, deverá orientar-se o plano regional a aplicar ali, desenvolvendo-se a estruturação no sentido de uma propaganda bem elaborada; de