3560 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 142
com 19 por cento, pela Grécia com 16 por cento e pela Áustria com 14 por cento, não deixa, no entanto, de revelar-se promissor e satisfatório em face do quadro europeu.
O exemplo da Grécia, embora facilitado por cartaz monumental e artístico clássico impossível de oferecermos, deve constituir estímulo à nossa- iniciativa turística, que também dispõe, para nelas se basear, de atracções de valor, embora diferentes. Aquele país, a maior distância que Portugal da origem provisora, arrancou da minguada base de 83 500 turistas em 1950 - número muito inferior ao nosso - para se creditar com 440 000 em 1961 e para altivamente anunciar esperança de receber 800 000 em 1963.
A observação do grande manancial italiano de 15 milhões de turistas anuais e a iniciativa conjunta, oficial dos dirigentes do turismo e privada dos armadores gregos, conduziram a Grécia ao estabelecimento de carreiras turísticas entre Brindisi e Corfu por dois esplêndidos barcos, de 7000 t cada, para 700 passageiros e 115 automóveis, com restaurante, snack-bars, lojas, etc., onde o turista, o mais agradavelmente, passa sete horas de viagem, no melhor ambiente de recreio e conforto.
Por esta simples descoberta e realização soube o turismo helénico aproveitar por diversão em seu benefício de apreciável volume do enorme potencial do turismo clássico italiano, diversão que em grande parte é razão do seu espectacular incremento.
Ao pé da porta, a nossa vizinha Espanha recebe já em 1963 em volta de 11 milhões de turistas e prepara-se para a recepção do 13 a 14 milhões em 1967.
O exemplo da Grécia impõe, com toda a propriedade, à consideração a melhor possibilidade oferecida pela grande corrente turística espanhola, atraindo à visita ao nosso país uma percentagem elevada dos turistas que percorrem a Espanha.
A apreciação fácil por índice a que pode chamar-se de «densidade turística» revela que, enquanto 11 milhões de turistas em Espanha significam nesse país a densidade de 22 turistas por quilómetro quadrado, em Portugal os 520 000 turistas de 1963 significam apenas uma densidade de 5,9 turistas por quilómetro quadrado.
Por outras palavras: se considerar a relatividade das áreas dos dois países, Portugal ficará em pé de igualdade proporcional com a Espanha turística de hoje - mesma densidade - quando em vez dos 320 000 actuais souber atingir 2 milhões de turistas.
A conservar-se estacionário o ritmo de crescimento que se tem vindo a processar no País, mais ou menos de 13 por cento, seria em 1974 que se atingiria este nível turístico.
Entretanto, considerações de planeamento e estudos de completa ponderação estatística dos organismos oficiais do turismo nacional anunciam a previsão de 1 500 000 turistas em 1970.
Com a tendência optimista do incremento de 27 por cento de turistas de 1963, podem assim afirmar as simples deduções estabelecidas inteiro apoio à consistência do anúncio de 1 500 000 turistas em 1970, número que implicará um aumento rítmico anual até então aproximadamente de .16,5 por cento, ritmo que, desta forma, parece na verdade revelar-se como possibilidade de garantida concretização, se claramente houver diligência em não deixar desviar a moda e se souber pisar com igual esforço acelerador o variado teclado da valorização e da atracção turística.
E tem de aceitar-se mal a avareza de esforços e de dinâmica ao apreciar-se que aquele volume de 1 500 000 turistas significará para a balança económica da Nação a entrada anual de 4 a 5 milhões de contos em divisas estrangeiras - seriam mesmo 5 300 000 contos se mantivesse a excelente viragem de 1962 para a receita média por turista de 3540$.
E tem de aceitar-se mal até pela promessa que aquela realidade, uma vez atingida, oferece à concretização de voos expansivos ainda mais ambiciosos, que todos arquitectam para o turismo nacional.
Revela também a estatística que II alimentação da corrente turística é essencialmente dimanada da Espanha um primeiro lugar, como não podia deixar de ser, pela proximidade geográfica, e, por sucessão de importância, dos Estados Unidos da América, da França, do Reino Unido, da Alemanha, do Brasil, e, já no plano inferior, sempre pela mesma ordem de sucessão, dos países nórdicos - Suécia e Noruega -, da Itália, da Holanda e da Bélgica.
A análise de toda a pirâmide alimentadora, com o complemento apreciativo dos seus respectivos índices de influência, não pode deixar de ser ponderada, no campo de possibilidades e tendências que oferece, ao estabelecer-se dinâmica activa para a dilatação futura.
Os países da Europa de maior potencial de afluência ^turística e que se afiguram de grande interesse ao País situam-se nas suas zonas central e nórdica.
A França envia anualmente para férias no estrangeiro mais do 2 milhões de franceses, e nós só recebemos 70 000; a Inglaterra manda 3 500 000, e apenas vêm até Portugal cerca de 47 000; no entanto, a acentuada preferência do turista inglês pela Península Ibérica é já altamente aproveitada pela Espanha, que recebe aproximadamente 1100000 ingleses por ano, ou seja cerca de 31 por cento do potencial turístico total da Inglaterra; por sua vez o turista alemão entrega ao turismo estrangeiro mais de 10 milhões de contos, dos quais entram as fronteiras portuguesas apenas 90 000.
E ainda do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos da América, enviam anualmente para a Europa 1 100 000 americanos, e nós só recebemos cerca de 90 000. Aqui, o elevado ritmo de aumento de afluência americana ao País afirma que as nossas características turísticas lhe merecem um especial agrado, que interessa intensamente cultivar.
Portugal, país dos de mais ao sul da Europa, reúne em altíssimo plano as características intensas de sol, de céu azul, de praias douradas e de férias tranquilas, que exercem especial atracção à rotina da vida fria e trepidante dos turistas nórdicos.
Sem dúvida que a distância quanto maior é mais se acentua como inimigo a vencer.
Mas a hostilidade da distância pode eliminar-se ou reduzir-se por propaganda altamente esclarecedora e cativante e por marcada popularidade de transportes.
E há um aspecto da maior importância em que se insiste; o País pode oferecer idênticas condições de conforto turístico a um preço mais moderado que o de outros países. Oferece-o actualmente c deve ter sempre em vista manter para o futuro a possibilidade da oferta. E atracção compensadora, do mais alto efeito na origem, para a contrariedade económica de uma viagem mais longa.
Passa-se a uma breve análise do equipamento hoteleiro.
Refere o anúncio estatístico de 1962 a existência na metrópole de 1310 unidades hoteleiras, com a capacidade de alojamento de 56 090 pessoas, entre hotéis, pousadas, estalagens e pensões.
Do número consideram-se desde já eliminadas de qualquer alcance turístico as 630 pensões de 3.a classe, com a sua capacidade de alojar 15 300 pessoas.
Só com grande relutância se pode admitir qualquer conveniência para o turismo à maior parte das 256 pen-