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3558 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 142

ela exige, para vingar, que previamente se estabeleça um planeamento razoável e uma estruturação de serviços adequada. O seu desenvolvimento tem de se processar com segurança, porque disso tem necessidade o País.
Para esta segurança muito poderemos contar com a experiência adquirida pelos países estrangeiros, embora cada um possua condições especiais resultantes do seu próprio meio. Mas as bases da técnica da indústria são, todavia, comuns e, se estivermos dispostos a aprender desses outros e aproveitar o que eles nos possam oferecer, imprimiremos notável velocidade à nossa acção e recuperaremos assim parte do tempo perdido.
Vive-se hoje no País num período de euforia turística, em que as ideias e soluções brotam em catadupas. E salutar o entusiasmo, mas afigura-se-me existir um certo desordenamento, a que urge pôr cobro.
Sendo importante, por exemplo, a construção de estabelecimentos hoteleiros, é essencial, parece-me, ter em mente que há hotéis fechados e outros existem cuja utilização de quartos, ao longo do ano, ainda está abaixo das médias consideradas como limite máximo para uma exploração rentável.
Esta realidade, entre outras, não pode deixar de merecer cuidada atenção, porquanto os nossos recursos financeiros exigem o seu mais completo aproveitamento. Faça-se obra nova, moderna e dinâmica, mas atente-se no existente, não por razões de ordem sentimental, mas porque já no j e traduz património valioso e representa afinal o meio imediato e menos dispendioso para aumentarmos as receitas em divisas.
Sr. Presidente: há muitas formas de encarar o turismo, e a que ao meu coração mais seduz será a de, através dele, conseguir-se o estreitamento dos laços de amizade entre os homens. Contudo, e independentemente, temos de encarar as realidades da vida, e por isso entendo que a nossa actual situação exige que se encare o turismo como o meio através do qual se obterão vultosos cambiais mediante serviço prestado às pessoas com vista ao seu completo recreamento.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Sinto que, se não f cr este o objectivo principal, perder-nos-emos em divagações mais ou menos poéticas que não servem a Nação. Aliás, exprimir uma finalidade primeira não é de forma alguma diminuir a importância de outras, pois tudo será uma questão de prioridades. Se na consecução do objectivo principal se conseguir, paralela ou subsidàriamente, dar a conhecer aos estrangeiros a nossa terra, os nossos costumes, a nossa história, a nossa mesa, etc., estaremos por corto dentro do caminho ideal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Seria, ao fim e ao cabo, juntar no útil o agradável.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Embora sendo este que acabo de mencionar o objectivo que suponho interessar ao País, aceito que esta Assembleia e até o próprio Governo se pronunciem por qualquer outro. Mas se assim for, que se o afirme claramente para que a Nação tenha dele conhecimento e haja consciência dos caminhos que se trilham. Acima de tudo tem de prevalecer o interesse nacional e todos têm de colaborar na obra.
Talvez desta forma se moderassem os sentimentos regionalistas na medida em que eles são factores de confusão ou mesmo de atraso na evolução normal do desenvolvimento turístico. Mal iremos se nos deixarmos arrastar por esses sentimentos, porque eles desviam-nos do objectivo fundamental que defendo e que se me afigura ser o mesmo de todos VV. Ex.ªs
Que cada freguesia, concelho, distrito ou zona exponha as suas possibilidades e interesses, mas no momento próprio e através das vias competentes, para que não haja desvio das prioridades que o planeamento geral recomenda. Ninguém também se deverá sentir diminuído ou ferido no seu bairrismo se, por virtude de execução do plano, a sua região não merecer os mesmos favores. Acima de tudo o que deve prevalecer, insisto, é o interesse nacional.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente: definidos e escalonados os objectivos que se pretendem atingir através da exploração do turismo, interessa fazer-se o planeamento. Este tem de ser realizado mediante a inventariação prévia dos nossos recursos, trabalho que suponho já deva estar em fase de apreciável adiantamento, em virtude da sua importância fundamental.
O planeamento deverá definir as prioridades com vista à sua execução por fases, em virtude da vastidão da obra, e. para que o esforço despendido não seja em vão e os recursos financeiros mal aproveitados.
Entrando no campo da acção, creio que não haverá dúvidas de que esta acção só poderá ter início desde que se conte com uma estrutura organizada de acordo com o plano estabelecido e programa de trabalhos para a sua realização.
Sendo de considerar a importância dos assuntos referentes ao turismo, é-se conduzido à ideia de que a sua orientação deva estar sob a responsabilidade directa de um Ministro. A especialização e multiplicidade desses mesmos assuntos recomendam a inclusão dos serviços num mesmo Ministério.
Por este motivo me associo à opinião que alguns ilustres Deputados desta Câmara já emitiram em favor da criação de um Ministério próprio.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Ainda quanto ao problema da estruturação, afigura-se-me desejável proceder à revisão e actualização da existente, com vista a obter-se o melhor rendimento na acção das comissões distritais, juntas de turismo e comissões locais de turismo. Dentro do existente, muito ,têm estas feito, e por isso são credoras do nosso apreço.
No que diz respeito ao sector privado também há uma palavra a dizer. Cabendo ao Governo a orientação do turismo, o seu trabalho só será positivo desde que conte com estreita e efectiva colaboração das pessoas e entidades privadas interessadas na exploração da indústria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os interesses destas já hoje se encontram representados, em nível superior, pela Corporação de Turismo e Transportes. Mas, pelo que me é dado conhecer e ouvir, parece que este importante organismo corporativo não estará a produzir trabalho à pressão que as exigências actuais recomendam.
Sr. Presidente: a exploração do turismo, como já o afirmei, obedece a uma técnica especializada. Nesta conformidade, afigura-se-me que a acção do Ministério deverá estender-se ao ultramar de modo que este possa usufruir