11 DE MARÇO DE 1964 3565
- fim de semana -, em suplemento do serviço normal diurno ao preço de 65 libras - classe turística.
O primeiro reparo a fazer é que seja considerada u possibilidade de extensão a outros países, do regime especial de preços turísticos: Paris, Bona, Bruxelas, Estocolmo e Oslo. Outro reparo: mesmo o preço especial Londres-Lisboa de 40 libras é considerado excessivo e cria obstáculos à vinda turística, quando comparado com o preço de idêntico regime de outras rotas: de Londres a Gibraltar, distância apreciavelmente maior que a de Londres-Lisboa, pode o turista vir, sublinha-se, durante todo o ano, por 34 libras.
Por sua vez o turismo e férias em países distantes, pelos voos chartered -voos deregime irregular, em aviões especialmente fretados para viagens com tudo pago -, tende a expandir-se largamente e é o sistema que atinge com maior amplitude o nível de mediana economia da grande massa, porque é o único que, pelo preço reduzido que pode oferecer, o torna compatível com a realização da miragem de férias passadas na irresistível atracção dos meios totalmente diferentes a grandes distâncias.
A Espanha, no continente, nas ilhas Baleares e nas Canárias, deve não pequena parte do surto espectacular da sua expansão turística ao afluxo que assim lhe pode chegar -e só por esse sistema lhe chegaria- pelos voos chartered.
Parece indiscutível que o nosso país neste arranque de voo para voo mais largo do seu turismo deva adoptar a melhor política de liberalização das suas aerogares para a recepção destes aviões turísticos chartered, procurando-se sempre o caminho de tornar possível a garantia de licenças de aterragem.
Viu-se afirmação de companhia inglesa de viagens sobre especial dificuldade na obtenção de licenças de aterragem em aerogares do País e por sua vez o Travel Trade Gazette de Outubro de 1963 refere a recusa do Air Transport Licensing Board de Inglaterra, de oito pedidos de aterragem em aeroportos portugueses já para 1964.
O assunto merece toda a ponderação porque é determinante oposta à linha de rumo da expansão turística, e confia-se numa determinação aberta de esclarecimento total e de resolução eliminatória de obstáculos ou tendências que permitam queixas e recusas, onde só deve chegar, da nossa parte, campanha de incitamento e de apelo a facilidades.
A aterragem no continente português das carreiras internacionais é assegurada pelo sistema reduzido de dois aeroportos - o de Lisboa e o das Pedras Rubras (no Porto -, sistema ao qual se vai juntar dentro de poucos meses o super justificado aeroporto do Algarve.
Situam-se as três aerogares ao longo da faixa litoral e servem essencialmente a distribuição imediata do turismo de permanência pelos centros de férias da beira-mar.
Afirmou já, e muito bem, o ilustre Deputado anunciante do aviso prévio que a expansão da actividade turística requer amplitude da rede pela construção de aerogares junto de mais alguns centros urbanos.
Por um lado, aprecia-se a enorme vantagem de despolarizar o afluxo turístico para as zonas do interior que melhores possibilidades ofereçam à difusão e expansão da passagem turística.
Por outro, nota-se há muito a lacuna do nosso reduzido sistema litoral de aerogares, da existência de um aeroporto em local interior, de características climáticas opostas, que assegure possibilidades de diversão de rota no País quando da vedação de aterragem no sistema litoral imposta por tempestade local ou densos nevoeiros pairando sobre a baixa quota da sua posição marginal marinha, diversão cuja necessidade tantas vezes se tem sentido e que só foi e é possível resolver-se, com elevado cortejo de desvantagens para os que se destinam ao País, pelo recurso de apoio ao muito distante aeroporto de Madrid. Desta forma, não hesitamos em apontar a necessidade de utilização do Aeroporto de Gonçalves Lobato, de Viseu, como complemento imediato da rede de aerogares que o preenchimento da lacuna do sistema impõe e a valorização da expansão turística pelo interior requer, e expomos as vantagens:
Existe já uma pista de aterragem, que basta ser adaptada e ampliada para que permita a aterragem das aeronaves de curso internacional.
A região está a 80 km da costa litoral -linha recta-, é de média altitude - cerca de 500 m - e o local do aeroporto está aproximadamente a 550 m; está isolada da influência litoral pelo sistema Caramulo-Buçaco e tem clima de características continentais, com baixo grau médio de humidade, assegurando assim condições de apoio de substituição à rede litoral nos casos de vedação à aterragem.
Viseu está na encruzilhada de roteiros turísticos do mais alto e variado relevo e sucessivo contraste paisagístico e na zona central da província da Beira Alta, que se reconhece de extensa expressão atractiva de alto interesse turístico: a majestosidade da serra da Estrela e da serra do Caramulo; locais panorâmicos de grande plano, como o miradouro do Caramulinho e da Senhora do Castelo de Vouzela; a relevância monumental da cidade de Viseu e da cidade de Lamego; o museu de pintura de renome e cartaz internacional de Grão Vasco, a Casa-Museu de Almeida Moreira - este a inaugurar em Junho próximo- e o bonito e atraente Museu do Caramulo; o repouso e o benefício das estâncias termais, entre as quais sobressai o primeiro plano das Termas de S. Pedro do Sul, enquadrado na surpreendente e maravilhosa paisagem do vale do Vouga; a beleza, a simplicidade e o pergaminho de inúmeros e bonitos solares, quantos oferecendo excelentes condições de aproveitamento - localização e construção- para pousadas e estalagens; o bulício típico dos mercados e feiras rurais e, em Setembro, a alegria colorida da romaria da Senhora dos Remédios em Lamego, e da feira franca de S. Mateus, em Viseu; dispõe de rios e lagoas para o muito apreciado desporto da pesca à truta; tom o artesanato das oficinas familiares de trabalho de cobre, de ferro forjado, dos bordados de Tibaldinho, de tapeçarias e dos barros pretos de Molelos; tem ainda o complemento gastronómico da sua cozinha regional, a afamada carne de vitela de Lafões, o presunto de Lamego e o queijo da serra da Estrela, e oferece a excelência dos seus vinhos de mesa do Dão e dos célebres espumosos de Lamego.
Apresenta já apreciável equipamento hoteleiro: Urgeiriça, S. Pedro do Sul e Abrunhosa-a-Velha, além de uma pousada e três estalagens, e propriamente Viseu - quase zero anterior em equipamento hoteleiro- inaugura no próximo mês de Junho um excelente hotel de turismo (l.a classe) e um bom hotel de 2.a classe e dispõe já de um bom parque de campismo.
E a cidade de Viseu, capital da província, com situação central na área geográfica da metade norte do País, que inaugura também dentro de breves meses instalação própria- e atraente do seu Centro de Informação e Turismo, assegura conforto c hospitalidade à recepção turística e afirma beleza, dignidade urbanística e nobreza monumental, que a definem como excelente centro polarizador irradiante da expansão turística.