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12 DE MARÇO DE 1964 3599

Todas estas povoações, dizia, com a sua riqueza, constituem uma zona turística que importa aproveitar, dotando-a com uma aparelhagem necessária para satisfazer a sua finalidade turística.
Uma das riquezas de maior valor turístico que esta província do Ribatejo possui reside no seu folclore, rico e variado, em que o próprio ar, mais transparente de cor, se associa às cores garridas da paisagem natural e dos vestidos das raparigas, vivendo em festa permanente de cantares e danças regionais. 21 grupos folclóricos, espalhados pelas principais localidades desta província, constituem riqueza etnográfica e coreográfica que mais nenhuma outra possui, que importa não só não deixar perder, mas ainda estimular e acarinhar, com apoio moral e material, para que não morra ou se desvirtue uma das principais matérias-primas da indústria turística do nosso país. Grupos folclóricos que, inspirados na vida da lezíria, cantam e dançam alegremente, numa expressão natural da sua alegria, da sua vida e dos seus trabalhos.
Na cidade de Santarém doze agrupamentos folclóricos, onde um homem de uma dedicação digna dos maiores elogios, Celestino da Graça, vai realizando uma obra notável de orientação, estudo e aplicação de uma das maiores riquezas desta cidade, constituem palmarés de que não pode orgulhar-se qualquer outra cidade.
Todos os grupos, possuidores de uma riqueza coreográfica extraordinária, com os seus trajes típicos originais, têm um elevado nível artístico, distinguindo-se especialmente o, Grupo Infantil de Santarém, que tem efectuado actuações em França, Espanha e Angola, o Rancho Típico de Benavente, na Alemanha, o da Casa do Povo de Almeirim, na Holanda, Sicília, França e Itália, o Coral do Cartaxo, em Espanha, e o Grupo Coral do Ribatejo, na Inglaterra, França e Espanha, e que ainda agora acaba de fazer uma exibição em Londres.
Neste momento, o Grupo Académico de Danças Ribatejanas e o Grupo Infantil de Danças Regionais de Santarém estão convidados para se exibirem na Grécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra e Irlanda.
Oxalá lhes não faltem das autoridades competentes o necessário apoio financeiro para poderem naqueles países ser embaixadores do turismo português.
Se pensarmos que países há que criam aldeias artificiais, com pessoas vestindo trajes também artificiais, como atracção turística, e que em Portugal, na aldeia de Glória, do concelho de Salvaterra de Magos, todas as mulheres vestem ainda o traje típico e inconfundível da aldeia, e em Coruche se verifica parcialmente igual fenómeno, encontraremos aí e no valor do folclore desta região valores fortes de interesse turístico que justificam uma acção protectora e orientadora do S. N. I.
Penso que deveria ser criada no S. N. I. uma secção de folclore, só com a finalidade de coordenar, defender e auxiliar as iniciativas deste sector e promover um estudo sério do folclore nacional, no sentido de evitar distorções e adulterações que tanto prejudicam a beleza artística do nosso país.
Como elemento principal desta riqueza turística figura ainda a festa brava, traduzida nas tentas, nas ferras e nas touradas. Se não é possível pôr o turista em contacto com a vida diária da lezíria na faina dos gados, é possível organizar ferras e tentas e paradas e desfiles de campinos,, como as que realizam em Vila Franca por ocasião das festas do Colete Encarnado.
No que diz respeito às touradas, todas as povoações que se situam nas margens do Tejo possuem uma praça de touros, à espera que a vidaa surja numa tourada, não com touros de morte, mas numa tourada à portuguesa, menos emocionante, mas, certamente, mais espectacular, pelo luzido cortejo, pela actuação dos garbosos cavaleiros.
São ainda elementos fundamentais do turismo várias realizações periódicas, de que destaco, pelo seu valor e pelas suas possibilidades de inclusão em quaisquer planos regionais e sazonais de turismo:
1) Feira da Golegã, em 11 de Novembro, S. Martinho - tradicional feira, com elegante apresentação de cavalos de cela, manifestação única no País.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: -2)Festa do Colete Encarnado, em Vila Franca de Xira - majestosa parada de campinos e das famosas largadas de touros.
3) Feira do Ribatejo, em Santarém - certame que, pela extraordinária gama do manifestações típicas da região, desde as- extraordinárias corridas e paradas de campinos, aos desfiles de cavaleiros e equipagens, festivais de folclore, evocações de quadros da vida típica regional, exibições de cães de gado, que constitui hoje um extraordinário cartaz turístico, é, durante quinze dias, uma manifestação viva da vida ribatejana, e que este ano, mercê do seu alto valor económico, foi elevada à categoria de Feira Nacional de Actividades Agrícolas, e que é de esperar merecerá do S. N. I. o acolhimento justo, com a inclusão em algum dos seus planos de turismo e uma comparticipação que vá além dos 45 000$ habituais.
4) A Festa dos Tabuleiros, em Tomar - que constitui igualmente manifestação única no nosso país, espectáculo raro, pela majestade da cor e do ritmo, onde lindas raparigas, com os seus trajes típicos, conduzem à cabeça o seu tabuleiro e ao lado o seu par. Espectáculo que no seu conjunto tem raízes em manifestações pagãs de longínquos antepassados, mas que a pomba do Espírito Santo e o significado actual das várias cerimónias transformam numa das mais interessantes manifestações do espírito cristão, e que também aguarda que o S. N. I. possa de algum modo valorizá-la, integrando-a no plano nacional de turismo e concedendo subsídio para a sua realização.
Sr. Presidente: o Ribatejo, possuidor, como acima fiz referência, de uma riqueza turística sem par, a que não falta mesmo uma cozinha tradicional própria e famosos vinhos da região, de qualidades e tipos bem definidos, não dispõe hoje de um equipamento hoteleiro à altura das necessidades, necessita de uma nítida melhoria da sua rede de estradas, que todos os anos são submersas, uma e mais vezes, pelas águas das cheias, necessita de melhorar as ligações da capital do distrito com Lisboa e com o resto do País.
Constitui já extraordinário melhoramento o alargamento das pontes de Santarém e de Abrantes, nesta ainda em execução, mas creio que para uma melhor distribuição do trânsito e mais fácil acesso dos turistas que entram pela fronteira de Marvão e Eivas ao litoral há urgente necessidade de estabelecer uma nova ponte no concelho da Barquinha, cuja criação já foi defendida nesta tribuna pelo distinto Deputado nosso estimado colega Eng.º Amaral Neto em termos tais que qualquer palavra que possa acrescentar só diminuirá o valor da sua argumentação indestrutível.
Sr. Presidente: vou terminar. Quis ser breve, mas neste viajar pela linda província do Ribatejo, na contemplação da sua paisagem e da sua vida e do seu folclore e da sua riqueza turística, quedei-me embevecido, como terá acon-