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20 DE NOVEMBRO DE 1964 3855

temente, pelo mundo comunista, não referindo mais em destaque, por ter sido, felizmente, subjugada, a sub-versão da América do Sul, quando se adivinhava já a queda da mação brasileira, entregue nas malhas dessa rede bem estruturada do comunismo internacional, subjugada, digo, pelas forças armadas da nação lusíada, que souberam expulsar a tempo os criminosos agentes socialistas e comunistas que cavariam a ruína da nação irmã. Aqui foi, talvez, a precipitação dos agentes da China vermelha a causa desta significativa derrota.
Não menos importantes para a estratégia da guerra fria são, contudo, os complexos problemas correlacionados com o abastecimento dos povos para além da «cortina de ferro», naqueles géneros duráveis e de maior potencialidade nutritiva e que constituem suprema garantia de salvação para o sustento das populações em épocas de crises graves. Entre todos os alimentos deste tipo, destacam-se os cereais panificáveis - especialmente o trigo.
A necessidade de reforçar com mão-de-obra especializada a indústria pesada russa, trabalhando, fundamentalmente, esta, para equipamentos de guerra e para as infra-estruturas correlacionadas com o mesmo objectivo, levou a Rússia Soviética e alguns países satélites a descurar a produção cerealífera, entregue, nas explorações colectivistas, aos menos aptos e menos interessados, por falta quer de incentivo do lucro quer pela ausência da iniciativa privada, circunstâncias fundamentais ao progresso de quaisquer actividades produtivas.

O Sr. Virgílio Cruz: - Muito bem!

O Orador: - Este facto, conjugado com anos cerealíferos normalmente deficientes devido a um irregular decorrer da meteorologia estacionária, deu como resultado uma quebra significativa na produção de cereais, especialmente no ano de 1963, no grande celeiro que foi o da Europa inteira.
Logo, porém, que o facto se deu, esta brecha perigosíssima de material estratégico, aberta na defesa do mundo soviético, foi, imprudentemente, colmatada pelos exportadores americanos do Norte e do Canadá. E assim o trigo transitou rapidamente dos silos do Ocidente para os do mundo comunista, muito dele transportado em barcos russos, estando agora bem guardado contra explosões atómicas em instalações subterrâneas a prova de radiações.
E quando é necessário prover ao alimento dos vários Fidéis esfomeados pela insensatez das suas políticas agrárias, lá vai o trigo americano e canadiano mitigar a fome esses pobres desgraçados, pelo visto merecedores do maior respeito dos responsáveis máximos pela política do Ocidente nesta amistosa coexistência pacífica.
São aspectos dessa coexistência que só os acordos que não vieram à luz do dia poderão um dia revelar, no revolver dos arquivos, explicando muito do que agora é, politicamente, incompreensível.
Ficarão essas explicações, certamente, para definir, perante a história, como até na concepção da política da mentira é necessário, com verdade, urdir planeamentos, científicos e técnicos, seguros e insusceptíveis de serem alterados e diminuídos, na sua efectividade, pelas discussões prolongadas e estéreis nas instituições que constituem a base do processo político das democracias ocidentais.
E já não falo do neutralismo positivo, fórmula mágica achada por países subdesenvolvidos, satélites da Rússia Soviética, e que têm interesse em continuar a receber o auxílio material do Ocidente.
É o caso da Índia, da, B. A. U., da Argélia, da Abissínia, da Jugoslávia e do inúmeros pseudo-estados do continente negro.
Este é, em suma, nas suas linhas gerais, o fácies político da presente conjuntura.
5. Vejamos agora o que será possível dizer, como antevisão, da conjuntura económica que enquadrará o planeamento intercalar português.
Quatro grandes espaços económicos, em ritmo de progressivo crescimento, evidenciam-se no momento presente.
Um, caminhando, demogràficamente, a passos largos, para o bilião de habitantes. É potencialmente, decerto, o mais forte. Aí reside e residiu, desde longa data, um perigo que já antepassados de várias gerações do Ocidente chamaram o «perigo amarelo». Realizando uma profunda, revolução nas suas estruturas política, económica e social, segundo o modelo mais ortodoxo do marxismo-leninismo, a China vermelha, dominando a relutância da grande maioria agrária do seu povo. implantou, por forma das mais violentas, um regime de acentuada ditadura de elites urbanas, intelectualizadas pelos métodos russos de assimilação da juventude.
E caminhando num rumo paralelo ao da Rússia Soviética, a China vermelha encaminhou, desde logo, as suas energias, potencializadas em imenso território, para um rumo dirigido, fundamentalmente, para as infra-estruturas de uma economia orientada no sentido de criar, em curto espaço de tempo, meios poderosos de acção bélica.
População paciente e sofredora, de poucas exigências alimentares e- em bens de consumo sumptuários, a China continental, lutando com a pobreza de um território largamente delapidado pela erosão vai arrastando, assim, a sua triste sorte, queimando, neste sacrifício inglório, a totalidade de uma geração agrária em holocausto a ideais já ultrapassados pelos seus pares da revolução comunista.
Surge, porém, como era de esperar, nesse espaço imenso uma nação que, acordando de um sono letárgico de milénios e a braços com um território empobrecido, tem o seu pensamento político fortemente influenciado pelo vírus da conquista de terras mais úberes.
E, por isso, as suas vistas se voltam, desde logo, para o Norte russo, ferindo a sensibilidade patriótica do seu parceiro comunista, fazendo, por outro lado. experiência das suas forças militares, pondo, em fuga desordenada os exércitos do Indostão, e embarca, permitam-me a expressão, pois já- oceanos separam, de facto, o ponto de partida da suas investidas, digo, para perigosas empresas ultramarinas, africanas e sul-africanas.
A explosão da sua primeira bomba atómica é a declaração universal de que a China é também candidata aos frutos do neocolonialismo russo e de outros países que se têm destacado nesse ambicioso caminho e que reflectem os seus desejos de conquista nas assembleias sui generis da O. N. U. e nas conferências neutralistas de Adis Abeba e do Cairo.
Não é possível, porém, para definir o estádio actual da sua economia, apresentar números-índices das principais actividades produtivas. Continua, de facto, todo esse extenso espaço oriental mergulhado na mais densa neblina, caracterizada, por um ocultismo impenetrável.
Vejamos então o que se refere aos três restantes espaços económicos do inundo contemporâneo - os Estados Unidos, a Europa ocidental e a Rússia Soviética - e façamos rápida comparação das suas potencialidades produtivas, para aferir dos respectivos valores, e algo sobre A relatividade das suas posições na economia mundial.