O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3856 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 153

[Ver Tabela na Imagem]

Com populações comparáveis, os «dois blocos ocidentais equivalem-se, de facto, assim, nos domínios da economia, dominando por forma nítida o bloco russo em potencial produtivo.
Apenas a fraqueza da Europa se salienta quanto a algumas matérias-primns e alimentos de base do homem e dos animais domésticos, compensada, contudo, largamente pelas ligações ainda existentes com os centros produtores africanos e a de outros continentes.
Contudo, enquanto a economia americana se desenvolve em espaço nitidamente mais amplo do que a europeia, as actividades económicas deste último bloco têm ainda a diminuí-las em dimensão de mercado as inúmeras fronteiras que o parcelam em espaços significativamente menores.
O Mercado Comum constitui, porém, a primeira, grande e bem sucedida tentativa para acréscimo do ritmo de desenvolvimento das actividades industriais da Europa ocidental, estabelecendo regras seguras para a integração progressiva das economias dos países mais evoluídos da Europa industrial, ficando, porém, ainda de fora, além da Espanha, os países associados que constituem a zona de comércio livre.
Natural é, porém, que os níveis já atingidos de melhoria sensível das condições de existência dos povos da Europa, dos Seis e os progressos evidentes dos resultados obtidos na Europa dos Sete, agora em crise passageira pelas medidas unilaterais levadas a cabo pelo Governo Britânico, determinem a generalização da integração económica europeia a todos os países industriais e agrícolas do velho mundo. E não será mesmo de considerar fora da linha de rumo o que já hoje se adivinha, como tendência, em alguns países socialistas localizados para lá da «cortina de ferro», que esse movimento de integração económica os venha também abranger num futuro próximo.
Difícil é, na realidade, admitir, por exemplo, que a diferença de condições de existência dos povos altamente evoluídos das duas Alemanhas e de outros países comunistas europeus se mantenha por virtude da força de uma situação artificial que, na própria Rússia, será impossível de continuar a ignorar e manter - isto é, o domínio de densas massas populares, de reduzido poder de compra, por minorias dos partidos comunistas e por sectores restritos do funcionalismo militar, técnico e administrativo, actuante nos sectores de defesa nacional, das indústrias e dos serviços.
A grave crise da agricultura soviética e de outros países balcânicos situados nos territórios férteis do Sudeste europeu não tem outra causa determinante. E, especialmente, ela é evidente quando comparamos o declínio da produção cerealífera colectivizada com a produção de géneros hortícolas, produção leiteira e de ovos, concedida, no período khruschtchevieno, aos agricultores russos, em regime de economia de mercado.
Assim, cerca de 70 por cento destes géneros, fundamentais à alimentação dos povos eslavos, são hoje, na realidade, conseguidos nas explorações privadas pertencentes a famílias camponesa» que trabalham nas propriedades colectivas e do Estado.
Circunstância semelhante se verifica noutros sectores de economia dos países comunistas, onde já estão dados os primeiros passos para restabelecer a liberdade de iniciativa das empresas dentro de um planeamento relativamente elástico e restabelecido mesmo, em algumas delas, o incentivo do lucro, por enquanto a título experimental.
Não nos devemos, pois. admirar assim que, com ou sem o apoio dos ortodoxos do marxismo estaliniano, a economia da Rússia Soviética e dos seus satélites europeus venha a ultrapassar, dentro em breve, no seu regresso a normas capitalistas, o socialismo nórdico, no caminhar para uma economia mais evoluída de mercado, em que será reservada, certamente, à iniciativa privada, dentro dos limites do interesse colectivo, aquela liberdade que constitui o fulcro do progresso dos países ocidentais.
A «Bonda Kennedy», como é designada a tentativa do falecido presidente americano de liberalizar, por diminuição progressiva dos direitos de importação, inúmeros bens, que marcam real destaque no comércio internacional do Ocidente, representa medida que constituirá, sem dúvida, ponto de partida efectivo para a constituição de um forte bloco económico-social do Ocidente.
Contudo, todos os países procurarão ainda manter, no que se refere a produtos agrícolas fundamentais, a defesa da economia do sector agrário e com particular destaque para o cultivo dos cereais panificáveis e forraginosos, produção de proteínas animais e outros géneros agrícolas de largo consumo. Não tem sido outra, por exemplo, a este respeito, a posição da Alemanha Federal perante as recentes dificuldades intestinas do Mercado Comum, e a luta dura travada recentemente pela Roménia com a Rússia Soviética na defesa da sua produção cerealífera, subestimada, no seu valor, pelo vizinho russo.
Com o progressivo crescimento económico dos países ocidentais, mais evoluídos debaixo do ponto de vista industrial, constituindo pólos bem destacados de desenvolvimento económico, irá manifestar-se um outro fenómeno que já hoje começa a verificar-se em alguns países da orla mediterrânea e do ocidente peninsular e que é mister referir - o desenvolvimento industrial cada vez mais acentuado dos países agrários, tomando frequentemente como ponto de partida dessa evolução sectorial o progresso das indústrias, como a dos têxteis e outras de menor rentabilidade, colmatando assim vácuos deixados no mercado internacional pelos países altamente industrializados, onde os investimentos procuram benefícios cada vez mais avultados, ou então actividades em que a cobertura agrícola e florestal desses países agrários faculte condições de mais baixo custo da produção, como a tecnologia da pasta do papel, do milho, dos sumos de frutos, etc., e outras actividades industriais do mesmo tipo. E, ao mesmo tempo que se opera este, migração centrífuga de actividades, a partir desses pólos de desenvolvimento económico, dar-se-á movimento centrípeto da população activa, procurando nos países mais evoluídos colmatar o vácuo deixado pelos trabalhadores mais qualificados que se deslocam para indústrias de maior rentabilidade e de mais