3854 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 153
nacional, e com larga contribuição, quanto ao investimento, do sector privado.
3. Porém, o acréscimo desejado do produto bruto nacional como sustentáculo na manutenção da luta que nos foi imposta na defesa do património secular da Nação, acompanhado de uma repartição mais equitativa do rendimento, não altera, contudo, de qualquer forma, a directriz que tem comandado o desenvolvimento económico e social em que toda a Nação anda empenhada desde os alvores da Idade Nova.
Campanhas de produção agrícola, repovoamento florestal das serras, das dunas e dos baldios, realização maciça de infra-estruturas em sectores extensos da metrópole e do ultramar, melhoramentos agrícolas, largamente difundidos, etc., digamos este extenso caminho já percorrido e que tem permitido, ao longo de mais de um trinténio, a melhoria económica e social da Nação, continuará a ser o rumo a nortear o acréscimo do nível de existência do povo português.
O total dos investimentos previstos, ultrapassando, mesmo, por forma marcada, os anteriormente despendidos, em períodos mais latos, correspondentes ao I e II Planos de Fomento, mostra, assim, por forma iniludível, a solidez financeira da Nação, delineada e consolidada pela sábia política de Salazar.
E essa política - que alguns teóricos da ciência económica julgam ultrapassada, apresentando «elixires» mais ou menos socializantes para estímulo das economias subevoluídas, admitindo mesmo, alguns deles, desequilíbrios saudáveis, segundo dizem, de despesas e de receitas, com pendor marcado para as primeiras - tem acabado, porém, sempre, por se impor como a única política séria para conseguir o real desenvolvimento económico das nações.
De resto, faz parte do arsenal dos nossos inimigos, digamos melhor, dos inimigos da civilização ocidental, como arma das mais perigosas nas suas ofensivas da guerra fria. a largamente empregada pelo comunismo internacional, ao pretender atingir o mais seguro fundamento financeiro e económico das nações capitalistas - a solidez e o consequente prestígio das respectivas moedas. E a mais recente ofensiva contra a Nação Portuguesa -- a de 1961 - continuou a encontrar o mesmo forte baluartti a contrariar os desígnios dos nossos inimigos, não passando, como disse o Sr. Ministro da Economia, de uma forte sacudidela, a que a economia da Nação, saudàvelmente e valorosamente, resistiu. O escudo português mais uma vez protegeu e salvou a Nação, nos momentos mais graves da crise angolana.
4. O Plano de Fomento, cujo instrumento legal está em discussão nesta Assembleia Política, é, como disse, um planeamento de carácter conjuntural, em que se dá prioridade absoluta aos encargos da luta armada que somos obrigados a manter na defesa dos superiores interesses da Nação.
Para melhor fazer alguns apontamentos sobre sectores do maior interesse no planeamento económico-social previsto, será mister definir primeiro, em breve síntese, as características políticas e económicas da actual conjuntura, na qual se irá enquadrar, no próximo triénio, o planeamento a executar nos sectores primário, secundário e terciário da Nação.
«Coexistência pacífica» é talvez a expressão que corre mundo e que melhor define um estado de espírito que a propaganda soviética, cientificamente concebida segundo as normas derivadas dos mais avançados conhecimentos da ciência psicológica, tem sabido incutir na alma dos povos dê todos os recantos do mundo civilizado. Digamos, por outras palavras, e já dilatando o sentido inicial dessa propaganda, corre também o mundo o slogan que dominou, largamente, durante semanas, a atmosfera política eleitoral nos Estados Unidos da América - «a paz a todo o casto por qualquer custo».
Foi esta atitude do comunismo russo, aceite pelas altas esferas ocidentais, a que os marxistas ortodoxos da China vermelha não aderiram, diga-se de passagem, que tem permitido à Rússia Soviética os indiscutíveis êxitos nas ofensivas da guerra fria, alargando em curto período a sua área de influência política e económica a extensas zonas do Médio Oriente e do continente negro.
Zauzibar constitui, por exemplo, neste momento, o ponto de partida mais saliente de novas ofensivas russas, agora dirigidas para o Sudeste africano e tendo como objectivo final a África do Sul, melhor diremos, as riquezas incomensuráveis desse jovem país, destacado da coroa britânica por influência da propaganda anticolonianista, apoiada e dirigida pelo comunismo internacional e socialismo dos povos nórdicos, com o apoio declarado da América do Norte.
Cuba e Zanzibar serão, assim, num futuro próximo, os dois maiores porta-aviões em que o império moscovita se apoiará para tentar dominar, no epílogo da sua histórica luta pelo domínio do Mundo, o espaço, anglo-americano, depois de reestruturada e vigorizada a sua economia segundo modelo mais próximo do capitalista e que já hoje se pode desenhar nas suas linhas mestras. E o que é interessante apontar é que os dois núcleos de expansão política e económica russa, a que a China comunista se pretende associar como parceiro mais pobre, é certo, embora potencialmente mais valioso, foram erigidos com o indiscutível auxílio das duas nações de língua inglesa.
Esses dois gigantescos porta-aviões, fáceis de minar, para a instalação subterrânea de mísseis, de todos os tipos, constituirão, de facto, ponto de partida de armas das mais destruidoras, apontadas com perigo iminente, não só para a África portuguesa, no caso de Zanzibar, rnas especialmente para a África do Sul, e para os Estados Unidos e Canadá, no caso de Cuba.
Em relação à África portuguesa, digamos de passagem, o interesse russo-chinês não residirá, propriamente, só na aquisição de novos territórios, potencialmente ricos, mas muito para além desse objectivo material a destruição de um regime político que, pela clarividência do seu Chefe e valimento do seu povo, soube erguer-se ao lado da nação espanhola como o mais sólido guardião da civilização ocidental, neste momento culminante da história contemporânea.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - O flanco sul da Europa ocidental, já neutralizado, em grande parte, pela comunicação da Argélia, está agora também na iminência de ser atingido pela passagem do Chipre para a órbita comunista, abrindo definitivamente as portas do Mediterrâneo ao espraiar da onda eslava.
E para todo este descalabro político que se vem verificando desde o desastre do Suez contribuem, poderosamente, dentro e fora do reduto comunizante da O. N.º U., responsáveis anglo-americanos que fazem parte de várias organizações políticas e apolíticas do Ocidente e cujos vultos mais activos, alguns já identificados como verdadeiros militantes comunistas, foram os principais instigadores das malfadadas decisões das conferências interaliadas reunidas no epílogo da última conflagração mundial. Isto quanto a posições estratégicas conquistadas recen-