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4012 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 162

Joaquim José Nunes de Oliveira.
José Alberto de Carvalho.
José Fernando Nunes Barata.
José Maria Rebelo Valente de Carvalho.
José de Mira Nunes Mexia.
José Pinheiro da Silva.
José dos Santos Bessa.
José Soares da Fonseca.
Júlio Dias das Neves.
Luís de Arriaga de Sá Linhares.
Luís Folhadela de Oliveira.
Manuel Amorim de Sousa Meneses.
Manuel Colares Pereira.
Manuel João Cutileiro Ferreira.
Manuel dê Sousa Rosal Júnior.
D. Maria Irene Leite da Costa.
Mário Amaro Salgueiro dos Santos Galo.
Mário de Figueiredo.
Quirino dos Santos Mealha.
Rui de Moura Ramos.
Sebastião Garcia Ramires.
Simeão Pinto de Mesquita Carvalho Magalhães.
Virgílio David Pereira e Cruz.

O Sr. Presidente: - Estão presentes 58 Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.

Eram 16 horas.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: - Faleceu em 1 de Dezembro o antigo Deputado a esta Assembleia Nacional Sr. Monterroso Carneiro. A Assembleia desejará que na acta fique lançado um voto de sentimento por motivo deste falecimento.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Morreu também a mãe do Sr. Deputado Rocha Cardoso. A Assembleia desejará manifestar àquele Sr. Deputado as suas condolências por virtude de tão infausto acontecimento.

Vozes: - Muito bem!

O Si. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Cutileiro Ferreira.

O Sr. Cutileiro Ferreira: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tive a honra de, na sessão de 21 de Março do corrente ano, trazer ao conhecimento desta Câmara a autorização dada, por despacho de S. Exª. o Ministro da Educação Nacional, para a criação, na minha cidade de Évora, de um Instituto de Estudos Superiores, sob a orientação e direcção da Província Portuguesa da Companhia de Jesus.

Alicerçado, economicamente, este valioso empreendimento na Fundação Eugénio de Almeida, Évora voltava à sua antiga posição de cidade universitária. Bem o merecia. Nenhum requisito lhe faltava para usufruir esse direito: o número e o valor da sua população, a tradição histórica, o ambiente propício ao estudo e, sobretudo, o anseio de todos a uma maior valorização intelectual. Proporcionar essa valorização, através dos Estudos Superiores, é obra de tal grandeza que nem é fácil de equacionar nas escassas palavras que irei proferir. Deixo ao futuro o julgamento do facto, porque só no futuro se poderá apreciar, na medida justa, tudo o que de útil, para a minha terra, e até para a Nação, resultará do estabelecimento dos Estudos Superiores de Évora.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, eu não vim para dissertar, vaga e imprecisamente, sobre este momentoso assunto. Eu pedi a palavra para dizer a todos, com grande satisfação: os Estudos Superiores de Évora são um facto! Com 49 alunos inscritos nos cursos de Economia e Sociologia, com um quadro completo e idóneo de professores, religiosos e leigos, um edifício já em parte reconstruído para o efeito, começaram, em 26 de Outubro passado, as aulas dos Estudos Superiores de Évora.

Na brilhante manhã desse histórico dia, precisamente às 9 horas, o generoso instituidor da Fundação Eugénio de Almeida tangeu a. sineta que, durante dois séculos, a cidade de Évora ... o Alentejo, esperavam ouvir.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - E foi um homem simples e bom, um desses lavradores alentejanos que muitos .ignoram e alguns procuram minimizar, quem tudo fez para possibilitar essa desejada e justa ambição da minha terra. Só faço esta referência, Sr. Presidente e Srs.. Deputados, porque a justiça impõe-me o dever de tornar público um facto que, nobilitando um indivíduo, nobilita uma classe que bem o merece.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como todas as coisas grandiosas, o acto inaugural foi enternecedoramente simples. Espontaneamente ... sem qualquer convite ... as autoridades locais estavam presentes.

Perante a .totalidade dos alunos inscritos, todo o corpo docente fez a sua apresentação.

Não houve cerimónias, que, com certeza, teriam cabimento. Não houve reflexos externos de propaganda. Tudo foi simples, mas brilhante, como o nascer de um novo dia.

Creio, muitos crêem comigo, que nesse dia se lançou à terra uma semente valiosa, que desejamos fecunda, para elevação do potencial intelectual das gentes da minha região.

A abertura de Estudos Superiores em Évora, agora com duas Faculdades e amanhã com mais, é um passo decisivo para o alargamento, que se impõe, dos benefícios da industrialização ao agro alentejano.

Só com técnicos das mais diversas especialidades, e técnicos de formação universitária, se poderá conseguir se modifique o desequilíbrio existente, e altamente prejudicial, entre as zonas da orla marítima e as zonas do interior. O Alentejo tem de modificar-se no melhor sentido. As legiões de rurais que vivem (se isso é viver) uma vida atribulada, amarrados às permanentes e graves crises dos empresários agrícolas (seus companheiros de desventura), têm de ser escoadas para sectores diversos, mas na nossa terra. Será a técnica, alicerçada na prática, que indicará os caminhos a seguir. A prática já a temos; a técnica, a Universidade a criará.

Quero ainda referir, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o curto intervalo de tempo que mediou entre o despacho que autorizou os Estudos - 19 de Março de 1964 - e a data da sua inauguração - 26 de Outubro de 1964 -, apenas sete meses e meio (221 dias)!