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4642 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 194

É exacto - seria injustiça não o proclamar - que nos últimos anos o Governo da Nação tem feito um esforço gigantesco no sentido de acelerar a educação e elevar o nível técnico, profissional e social das populações de Angola
Abriram-se, com efeito, centenas de escolas primárias, instalaram-se diversos liceus, puseram-se a funcionar muitas e variadas escolas de ensino técnico e de formação profissional e, como cúpula de obra tão notável, curaram-se os Estudos Gerais, integrados na Universidade Portuguesa
Além disso, iniciou-se e está em curso um vasta campanha de educação de adultos e que hoje cobre já parte importante do território da província No entanto, e apesar da grandeza do programa em execução, notam-se sérias deficiências nesta obra redentora, já por falta e insuficiência de dotações adequadas, já por carência quase aflitiva de pessoal docente devidamente preparado Em consequência, o esforço feito não tem produzido os resultados que seriam de esperar, frustrando-se ingloriamente alguns dos seus mais nobres propósitos e belos objectivos
À metrópole, como província mãe da Nação e detentora dos melhores valores, cumprirá suprir as faltas que se verificam no corpo docente, pois, sendo de interesse nacional o objectivo a alcançar, a todos é lícito exigir a sua parte no esforço comum
Foi outro lado, parece legítimo referir que, por vicissitudes de natureza vária e por força de circunstâncias cuja génese sei ia longo e fastidioso aduzir e enumerar, as populações de Angola, como de resto os povos de toda a África, encontram-se ainda em quase total analfabetismo
Por esta razão, mais premente e instante se apresenta a necessidade de as fazer evoluir rapidamente, de forma a toma-las elementos activos e prestantes da comunidade e integrá-las no seio da nossa cultura
Assim, e só assim, faremos daqueles povos verdadeiros cidadãos, com exacta noção da sua qualidade de portugueses e a consciência dos direitos e obrigações que definem o vínculo da nacionalidade

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - 32 evidente que com isto não quero nem posso pôr em dúvida o portuguesismo ai dente das populações da minha província Os múltiplos exemplos de amor pátrio por elas dados sempre e em todas as circunstâncias desafiam quaisquer desmentidos Mas precisamente porque são portuguesas, e das melhores, porque sentem bem no fundo do seu coração generoso e da sua alma ingénua essa qualidade, tem o Governo a indeclinável e imperiosa obrigação de lhes proporcionar o acesso imediato aos benefícios de uma civilização que não pode ser privilégio exclusivo de alguns, mas, antes, tem que ser património de todos

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Neste aspecto, como em tantos outros, Portugal deu lições, pois aqui caminhou sempre na vanguarda de todos os povos Daí que, apesar da malévola incompreensão de muitos e da feroz e obstinada hostilidade de uns tantos, nós tenhamos mantido intacta a fisionomia ímpar de uma pátria multirracial e pluricontinental

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - É que nem a descontinuidade do território nem a diversidade de etnias foi capaz de destruir a força
aglutinadora de um destino comum que intimamente nos solidariza e nos irmana
Daí que sintamos como ninguém o dever, que é grata exigência do nosso espírito, de integrar totalmente todos os portugueses numa só e única comunidade.

O Sr Brilhante de Paiva: -Muito bem!

O Orador: - Todavia, o esforço feito e as vultosas quantias investidas nesse sector da Administração parece-me terem-se revelado insuficientes, como já disse, e, por força disso, em parte se malograram os objectivos e se frustraram muitos dos nossos propósitos
O problema é, contudo, de tamanha importância e os fins são tão nobres que justificam plenamente todos os esforços Para os realizar em toda a sua extensão e amplitude não há que meditar a dimensão dos sacrifícios pedidos E se acaso houver que preterir qualquer outro objectivo para que a realização daqueles seja possível, sacrifique-se sem tristezas e sem receios, pois a educação de um povo não tem preço, já que ela dá a consciência da dignidade nacional e permite, só ela, a real grandeza de uma pátria Na hierarquia de valores, e no nosso caso, apenas a defesa da integridade do País intangível no seu território e nas suas gentes, lhe é superior e, porque assim é, também só os sacrifícios que a defesa importa preferem aos sacrifícios que a educação exige
É por isso, Sr Presidente, que ao terminar estas minhas considerações) dirijo ao Governo da Nação o apelo mais fervoroso no sentido de promover urgentemente e em profundidade o ensino e a educação dos povos de Angola, porque só assim se conseguirá esse outro objectivo too caro a todos nós e que é a sua promoção económica, social, moral e cultural

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado

O Sr Agostinho Cardoso: - Sr Presidente Temos todos bem presente a notável comunicação ao Conselho Nacional de Turismo do Sr Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, na qual, há cerca de um ano, anunciou a grande batalha de turismo nacional e marcou uma posição nítida e firme quanto aos princípios e directrizes que hão-de orientar a estruturação e desenvolvimento do turismo no nosso país
Constituiu então esse discurso o reconhecimento oficial da importância do turismo adentro do conjunto económico nacional e um apelo dirigido a quantos podem contribua em qualquer sector e em qualquer terra portuguesa para a nossa preparação turística
Acentuou então o ilustre membro do Governo que se aproximava a hora decisiva para o nosso turismo, acrescentando não nos desorientemos pelo que de nós vai exigir»
Mais do que nunca, é de relembrar hoje esta frase aos que se interessam pelo problema do turismo em Portugal
Renovando há poucos dias a leitura do discurso a que mo refiro, mais se me vincou a convicção de que nele se conseguiu abranger e analisar todos os complexos aspectos que o problema do turismo comporta, e que um ano depois continuam válidas, actuais e pertinentes as concepções e sugestões que ele contém Um ano depois será certamente oportuno estimar o que se pôde e não pôde fazer, aquilo em que progredimos ou em que nos atrasámos, nessa batalha do turismo, enquadrável, sem dúvida, na