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4752 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 200

Pensemos todos pela medida grande, exacta, do Dr. Carlos Lacerda, esse turbilhão de ideias, convertido em aceleração prodigiosa do querer, essa força incomensurável que em diversas vicissitudes históricas demonstrou o alto grau do seu vigor, pois, com impulso verdadeiramente telúrico, vem derrubando com certeza matemática e rara oportunidade certos mitos, presos a «ídolos» de pés de barro!
Que o seu sonho seja o sonho de todos nós e que nessa comunidade fulgure, cada vez mais viva, radiosa, perene, a cintilação que há-de unir no abraço luminoso da mortalidade a Estrela Polar ao Cruzeiro do Sul!
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sá Linhares: - Sr Presidente: A poucos dias do fim dos trabalhos desta legislatura, não desejo perder a oportunidade para mais uma vez me referir às comunicações aéreas com as ilhas que fazem parte do distrito que tenho a honra de representar nesta Assembleia Nacional.
Entre as várias intervenções que fiz sobre o assunto, recordo-me neste momento da sessão de 23 de Abril de 1957, na qual, depois de me congratular com as numerosas realizações levadas a efeito pelo Governo nas quatro ilhas que formam o distrito da Horta, terminei as minhas modestas considerações com as palavras que dias antes tinha ouvido a um velho e bom homem da minha terra, ao referir-se às mesmas.
Essas palavras, que traduziam não só a sua gratidão, como ainda a de todos os habitantes daquele distrito foram, como então disse, as seguinte:

Estamos muito agradecidos ao Governo pelo muito que tem feito pelas nossas ilhas e pela nossa gente.
Só nos resta agora que o Sr. Presidente do Conselho não se esqueça do nosso aeródromo nem do nosso secular liceu, que ele há anos atrás salvou de morte injusta com uma abençoada providência que ficou para sempre gravada na memória e no coração de todos os faialenses.

São passados oito anos, e verifica-se que não só foi o velho Liceu da Horta elevado à categoria de central, como ainda, depois disso, foi o mesmo ampliado com obras que importaram em mais de 5000 contos.
Outras realizações foram também levadas a efeito neste espaço de tempo, das quais, dada a sua importância, são dignas de menção especial a construção da muralha de defesa da cidade da Horta, o aproveitamento hidroeléctrico da ilha do Faiei, a captação e distribuição de água em todas as quatro ilhas do distrito e a execução do plano rodoviário, que permitiu que já não haja hoje em nenhuma destas ilhas uma única povoação que não esteja servida por estrada.
Ao anotar estas obras, por constituírem as mais importantes das que foram ali efectuadas, não devo ainda esquecer que muitas outras foram também levadas a efeito, e tanto as primeiras como estas últimas se devem especialmente ao carinho e interesse que o Sr. Eng.º Arantes e Oliveira, ilustre Ministro das Obras Públicas, tem dedicado aos problemas daquelas isoladas ilhas por ele próprio examinados aquando das suas várias visitas ao arquipélago dos Açores.
Sr. Presidente: Apesar de todas estas numerosas e importantes obras, algumas das quais se podem classificar como realização de sonhos de muitas gerações, verifico que o problema das suas comunicações aéreas continua sem qualquer solução, o que representa para todos uma verdadeira preocupação e nos traz profunda tristeza, por parecer que estamos hoje muito mais longe do que já estivemos de obter a justa solução para os inconvenientes que resultam do isolamento em que se encontram as quatro ilhas do distrito da Horta.
Com efeito, já esteve previsto no II Plano de Fomento a construção do aeródromo na ilha do Faial ou na do Pico e, segundo me consta, a Direcção-Geral da Aeronáutica Civil chegou a fazer o estudo daquele aeroporto, optando definitivamente pela sua construção na primeira daquelas ilhas.
Este estudo foi apresentado em Outubro de 1964, com vista a que o Conselho Económico permitisse que a verba de 2000 contos inscrita no II Plano de Fomento ficasse cativa à sua realização e pudesse ser transferida para a Junta Geral do Distrito Autónomo da Horta, a fim de esta ficar habilitada a dar início aos trabalhos de expropriação dos terrenos, tal como sucedeu com o aeroporto de S. Miguel.
Consta, porém, que o Conselho Económico não concordou com esta intervenção e, assim, a referida verba de 2000 contos caducou, não sendo por isso de novo inscrita no Plano Intercalar.
Parece, assim, estar relegada, não sei para quando, a construção do aeroporto da ilha do Faial, facto este que provocou desânimo nas populações das ilhas do Faial e do Pico, e até na de S. Jorge, que, embora pertença ao distrito de Angra do Heroísmo, está apenas a 10 milhas de distância da última daquelas ilhas.
Não vou de novo equacionar o problema das comunicações aéreas do arquipélago dos Açores, dado que não só já o fiz, como também ainda o fizeram, com o maior brilhantismo, os nossos ilustres colegas que representam nesta Assembleia os distritos de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No entanto, acho que não será de mais repetir que dos dois grandes aeródromos construídos nos Açores, pelos Americanos, com a finalidade de lhes proporcionarem, e aos seus aliados, bases aéreas para fins militares, o único que ficou aberto ao tráfego comercial foi o de Santa Maria, situado na extremidade leste do arquipélago.
Se não fosse o louvável e ousado empreendimento da S A T A, muito pouco teriam beneficiado as populações das ilhas dos grupos central e ocidental dos Açores com a abertura ao tráfego comercial deste aeródromo, pois tem sido com os seus pequenos aviões que se tem conseguido prolongar até às ilhas de S. Miguel e Terceira as carreiras dos aviões que, idos de Lisboa e da América do Norte, fazem escala por Santa Maria.
Assim, todos os habitantes das ilhas dos grupos central e ocidental do arquipélago dos Açores, com excepção dos da ilha Terceira, só podem utilizar aquelas carreiras deslocando-se por barco até Angra do Heroísmo ou Ponta Delgada, o que lhes causa, por vezes, grandes incómodos e demoras, não só devido às más condições do mar, tão frequentes naquelas paisagens, como também por não se verificar a conveniente ligação nos horários dos barcos e aviões.
Sr. Presidente: Com mais ou menos incómodos e demoras, por vezes bem grandes, lá chegam os habitantes das