O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4778 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 201

navegáveis e de rega, é porque penso que, de entre as regiões do País onde tais obras são necessárias e se me afiguram realizáveis, o Ribatejo é uma delas. Julgo que algumas delas poderiam ser integradas nos próximos planos de fomento, tal como esta Assembleia sugeriu quando, na aprovação do Plano Intercalar de Fomento, recomendou a elaboração de planos de desenvolvimento regional.
Atrevo-me a confiar, a este propósito, no alto espírito realizador e no perfeito conhecimento das necessidades do País, que são grandes qualidades possuídas pelo Sr. Ministro das Obras Públicas, de quem ainda há dias se celebraram onze anos de notabilíssima administração desse importante e difícil sector governativo. O Ribatejo confia em que S. Exa. não deixará de dedicar todo o seu valioso interesse aos problemas desta província, às suas carências de obras de fomento, à sua hidráulica e às suas estradas. E, quanto a estas, deve ter-se em conta a próxima realização da Feira Nacional da Agricultura, em Santarém, hoje já de projecção internacional, assim como o intenso movimento turístico que se anuncia para o próximo Verão, e que, abrangendo Fátima, Santarém, Tomar, Abrantes, Leiria, etc, exigirá uma acção imediata de conservação e reparação das estradas que servem estes centros turísticos, exigindo, no futuro, como já aqui tive ocasião de propugnar, uma grande obra de modernização de parte delas.
Um outro aspecto que me parece de ponderar como reforço à necessidade de obras de fomento no Ribatejo consiste na influência que tais obras terão na indispensável suspensão do êxodo populacional a que estamos assistindo por todo o País e se manifesta já também em zonas onde tradicionalmente não se notava emigração apreciável, como era, até há pouco, o Ribatejo.
Penso que esta fuga em massa das populações, sobretudo as rurais, primeiramente para as cidades e nos últimos anos para o estrangeiro, constitui uma das mais sérias ameaças para as necessidades de mão-de-obra tanto agrícola como industrial, e, portanto, para a economia nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por mais que se recorra à substituição do braço do homem pelo trabalho da máquina (e todos sabem como a nossa agricultura se encontra impossibilitada financeiramente de executar nos tempos mais próximos essa substituição), por mais intensa e extensa que se torne essa reconversão técnica, há inegàvelmente um mínimo de intervenção do operário industrial ou agrícola, abaixo do qual se não pode descer sem quebra dos volumes da produção de um e outro ramo.
Ainda estamos muito longe, no nosso país, e na nossa economia pouco mais que incipiente, dos cérebros electrónicos e dos robots para executarem tarefas até aqui a cargo do homem - que mais não seja as de accionar, dirigir, velar pelo trabalho das máquinas.
E, entretanto, começam a surgir, partidos de diversas fontes, sérios alarmes sobre o êxodo da nossa população dos campos.
E não é sòmente nos sectores rurais que essa como que fuga ou abandono, em escala sem precedentes, se está verificando. Até a mão-de-obra operária, e mesmo especializada, de origem urbana e industrial, deixa o País, aliciada pelos proventos que lá fora lhe oferecem, o que seguramente vai ter grande influência no desenvolvimento industrial e agrícola da Nação, quer na metrópole, quer no ultramar.
Assim, devido a este fenómeno migratório recente, o nosso operário, depois de feita aqui a sua aprendizagem, sobrecarregando a economia nacional com o custo dessa aprendizagem, vai entregar os respectivos frutos às economias estrangeiras, proporcionando-lhes mão-de-obra quantitativa e qualitativamente valiosa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Num estudo realizado há tempo por uma organização internacional especializada prevê-se que os países altamente e mesmo os medianamente industrializados vão carecer principalmente de mão-de-obra operária e, sobretudo, de mão-de-obra especializada nos diversos ramos da indústria, nos próximos anos, até 1970 ou 1972, o mesmo se passando na agricultura.
E assim se explica o aumento da nossa emigração ùltimamente verificado.
Ora, se os países estrangeiros têm necessidade de mão-de-obra, também Portugal dela vai carecer, nos tempos próximos, em volume cada vez mais acentuado. E se não adoptarmos providências rápidas e eficientes para sustar o fluxo emigratório, são de recear sérias dificuldades de pessoal para o desejado desenvolvimento económico do País.
Julgo digno da nossa atenção o facto de este êxodo para o estrangeiro se verificar justamente numa fase da vida da Nação em que se torna absolutamente indispensável, juntamente com a defesa militar dos territórios ultramarinos, povoar intensamente, com portugueses da metrópole, os enormes espaços que ali aguardam o nosso trabalho, os nossos investimentos, quer no sector industrial, quer principalmente no sector agrícola, visto existirem na nossa África áreas vastíssimas para pôr em prática reformas sensatas e prudentes de, estrutura agrária.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Temos de explorar em ritmo cada vez mais acelerado os recursos naturais dos nossos territórios, tanto metropolitanos como ultramarinos
Não podemos manter improdutivos esses recursos naturais, pois de outra forma condenaríamos a nossa geração e as gerações vindouras a um nível social insuficiente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Além disso, graças a esse esforço de colonização dos territórios do ultramar, afastaremos mais fàcilmente de vez as cobiças alheias que sobre eles pairam.
Quanto a mim, Sr. Presidente, penso que urge desenvolver um grande esforço no sentido de sustar a fuga das massas trabalhadoras, tanto dos campos como dos sectores industriais, e dar-lhes colocação dentro do nosso Portugal metropolitano e ultramarino. Não somos de mais para o espaço vital português. E certamente um dos mais importantes aspectos desse esforço consistirá em auxiliar a nossa agricultura a erguer-se da situação de crise que sofre há uns anos, assim como intensificar a industrialização de certas zonas, tanto da metrópole como do ultramar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para a primeira, isto é, para a agricultura, creio podermos afirmar que uma onda de optimismo e confiança surgiu ùltimamente no horizonte, mercê das declarações produzidas pelo Sr. Ministro da Economia logo após a sua investidura. Com o seu profundo conhecimento e longo contacto com os problemas económicos, nacionais e internacionais, graças à especial preparação obtida como representante de Portugal nas conferências económicas.