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984 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 54

O Orador: - A outra palavra quero endereçá-la a essa juventude que em rasgos de heroísmo escreve grandiosas páginas da nossa história. Isolada na sua batalha pela escolha das suas certezas carecida de diálogo franco e esclarecida, privada de toda a informação, ela, assim mesmo, sabe encontrar dentro de si ancestrais virtudes dos seus maiores.
Pródiga, turística e viril nas horas difíceis ela não [...] à Pátria do seu sangue apenas pedido para os jovens de amanhã [...] de hoje, um pouco de maior atenção de carinho e compreensão.
Termino esta minha intervenção exprimindo um voto de confiança ao Governo da Nação na certeza de que o futuro permitirá a concretização do programa anunciando ao já citado projecto de educação racional, obra grandiosa repito mas que somente o será realmente se deixar de ser um belo projecto para constituir uma louvável realização.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Martinho Vaz Pires: - Sr Presidente Srs. Deputados com flagrante oportunidade, trouxe o Dr. Braamcamp Sobral a apreciação e debate nesta Assembleia o problema da educação da juventude portuguesa. E digo com flagrante oportunidade porque o problema da educação, depois defendidas as fronteiras e de garantido o pão de cada dia constitui sempre, como agora entre nós a preocupação de maior relevância na vida dos povos.
Um país valerá sempre o que valer a educação do seu povo, e o seu nível de prosperidade corresponderá sempre ao nível da cultura dos seus habitantes. O povos sem cultura nunca têm história, e a sua presença no Mundo, ou n
Não é conhecida, ou então só se nota episodicamente e sempre ao serviço de outros com história e cultura próprias, que prestam àqueles o grande serviço de os orientarem, que prestam àqueles o grande serviço de os orientarem e governarem. Os primeiros têm de aceitar o domínio dos segundos como o aprendiz inculto tem de aceitar a orientação do mestre e experimentado.
A presença singular de Portugal na história do Mundo detestada por uns quantos, admirada por outros e invejada por muitos devesse exactamente à cultura do povo português que tenho aprendido a respeitar e a apreciar os bons do espírito, conseguir alcançar maturidade suficiente para manter, com espanto das próprias grandes potências que o não conseguiram, uma posição única no Mundo contra tudo e contra todos e até contra aquele «invento» absurdo dos últimos tempos com o qual os povos invejosos do nosso bem-estar quiseram quais abuteis esfomeados saciar a voracidade dos seus incontestáveis desígnios e quebrar o ritmo simples e certo da marcha do nosso destino (...) a que o seu autor deu o nome estranho de «eventos da historia» contra tudo e contra todos - dizíamos - Portugal é, por direito próprio e porque soube estabelecer com povos de todas as cores convívio amigo de irmão e transmitir-lhes os bens dessa cultura, o único país que na época presente pode gloriar-se de país multirracial e pluricontinental com parcelas do seu território espalhadas por todos os continentes do Globo.
Essa prospecção que Portugal consegui no Mundo teve sempre como garantia a educação do povo português, pelo que, também através dessa educação, nós queremos que Portugal garanta a si próprio um futuro que mais não seja que a consequência natural do nosso passado e a sequência normal do nosso presente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Portugal, lançado há anos já no sofrimento de uma guerra que é odiosa, porque é injusta, que e cobarde, porque não foi declarada, e que é traiçoeira e desigual, porque é feita do estrangeiro, estando um dos contendores sempre no ataque e o outro sempre na defesa, organizada tão bem quanto possível a guarda das suas fronteiras, mobilizando, para isso, todo o potencial, material e humano de que podia dispor e colocando ao serviço dessa defesa as possibilidades do Turismo Público e a coragem de uma juventude interna, que sem desfalecimento e sem hesitação dá o seu sangue generoso pela continuidade da sua pátria, que quer íntegra, livre e moralidora.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Portugal tem defendido e preservado o bem-estar da família portuguesa com incontáveis e incalculáveis benefícios introduzidos na vida do País e postos ao serviço do povo português que no decurso dos últimos 40 anos graças à revolução restauradora, recuperou, além, do equilíbrio financeiro indispensável a consciência do seu destino histórico que um passado glorioso de oito séculos justificava e reclamava.
Portugal tem também desenvolvido invulgar actividade no campo da educação e do ensino com a criação de inúmeras escolas dos vários graus com campanhas nacionais dos jovens e pela educação dos adultos, com a criação de novos órgãos da cultura e da investigação. Mas é exactamente quanto à educação e ao ensino, dada a situação precária em que se encontram na hora presente que urge tornar novas vigorosas providências que venham dar solução capaz a um problema que está a pôr em perigo o prestígio do ensino e o sossego das famílias e pode comprometer até o futuro bem-estar da Pátria e a diminuição assustadora do número de professores simultânea de um aumento verdadeiramente explosivo do número de estudantes.

Vozes: - Muito bem!

O orador: - Para nós é este o problema nacional de maior acuidade logo após a defesa d território pátrio.
Para além da acção educativa a cargo da família e da Igreja, é impossível que a escola chame a si a formação da juventude que amanhã tem de saber segurar nas suas mãos firmes o distrito da Pátria. Mentalizámos a Nação através de campanhas nacionais do mais largo alcance no sentido de vir a criar sede de instrução e de cultura, e criarem-se e constituírem-se escolas em número e importância que pereciam não caber nas nossas possibilidades financeiras, embora muitas mais haja e construir para receber as multidões de estudantes que procuram o ensino e em muitos casos enchem os edifícios escolares duas ou três vezes por dia - e é exactamente nesta altura que se verifica falta de professores em número verdadeiramente alarmante.
Na verdade, ao menos quanto a escolas secundárias, não há professores suficientes para uma terça parte da actividade docente que se realiza - já que por professores queremos significar indivíduos com o Exame de Estado ou concurso equivalente, isto é, com a habilitação legal para o exercício do magistério - e, porque a actividade docente tem de se realizar, cai-se inevitavelmente na necessidade do ensino improvisado entregue tantas vezes a licenciados do ensino improvisado e estudantes universitários sem qualquer preparação específica para o exercício de actividade de tão grande importância e de tão grande responsabilidade

Vozes: - Muito bem!