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4 DE FEVEREIRO DE 1967 1165

sonalidade de homem, de soberano e de artista, bem e um o os altos serviços que pôde e soube prestar à Nação como de rigor foi lembrada também a gentileza esperançosa do príncipe real D. Luís Filipe, canibalescamente arrancado à vida com seu pai.
Concertadamente o fizemos, o Dr. João do Amaral e eu, como que de braço dado, que de algumas dadas nos temos achado sempre desde o "aqui d'el-rei"!
Aconselharia a prudência da conhecida máxima non bis in idem que não fosse eu que aqui voltasse a tratar este caso e, por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, peço que se me perdoe não me subordine, embora, à facilidade desse conselho lato porque, suponho, o transcurso deste período de nove anos destacou, relativos ao assunto, certos aspectos que constituem para os tempos de hoje benéfica lição.
Em remate do que na oratória de então acabava de ser destacado, o Dr. João do Amaral concluía, aplicando ao esforço de restauração pátrio que desde o 28 de Maio vivemos, a lição da tragédia regicida da seguinte forma.

Se soubermos persistir nesta empresa, se nela persistir a mocidade que já vantajosamente nos rende nas tarefas de doutrinar e servir, prestaremos a melhor homenagem que poderíamos prestar a el-rei D. Carlos, ao rei que viveu, como só os reis podem fazê-lo, em cada hora da sua vida a vida secular da Nação, e que, por isso, ainda agora vemos presente entre nós, destacando-se sozinho, vivo e glorioso, de entre os mortos que o mataram.

A complexa conjura internacional de que Portugal tem e do objecto e nos acarretou a invasão de Goa e o terrorismo em Angola, ora generalizado noutras províncias ultramarinas, só realçam a grandeza da figura do rei na obra, que directamente orientou, da recuperação a realizar sobre os malefícios do Tratado de Berlim e, sobretudo, do Ultimato.
É que os interesses imperialistas são essencialmente os mesmos de então. Só mudaram de máscara.
Eis em foco na mesma o canal de Moçambique, a cidade da Bera -com este nome baptizada em homenagem ao príncipe real que na altura acabara de nascer -, e por detrás dela o interior africano, este a tender à realização de um mapa cor-de-rosa de forma nova, ou seja, segundo as circunstâncias do tempo, em termos de imperativa convergência de interesses legítimos.
O próprio assassínio do presidente Kennedy veio projectar feixes de luz nova, embora luz obscura, sobre aquela tragédia nossa, além de que também veio mostrar, em alívio da honra nacional, não estarem ao abrigo de casos semelhantes os máximos do Mundo.
A quelque chose malheur est bon!
A orientação superior da nossa diplomacia, da política ultramarina, da actividade militar correspondente, que o rei discretamente nunca perdia de vista, contribuíram deveras para a possibilidade da nossa resistência em África.

onto é este que nunca pode ser esquecido pela gratidão dos Portugueses.
Agora outra razão mas caseira -perdoe-se-me a expressão- de recordar o rei neste recinto.
Foi no seu reinado que tão belo hemiciclo se viu concluído sob a direcção de mestre Ventura Terra e foi faustosamente inaugurado. E mais, como era curial, o rei, como fundador dos trabalhos parlamentares, aqui presidia em figura modelada pelo escultor Teixeira Lopes.
O azar dos acontecimentos removeu desta sala tão bela escultura Felizmente, fundida no bronze eterno, foi tirada do limbo e colocada, como monumento régio e com as devidas honras oficiais, na praça fronteira ao Paço da Ajuda, onde o rei vira a luz.
D. Carlos, como pintor, grande amador do ar livre, certo está ali em mais simbólica evidência na sua majestade simples, frente aos rasgados horizontes do remo que foi seu, do que antes nos sempre confinados, embora majestosos, limites deste anfiteatro.
O monumento a el-rei, por estrita associação de ideias, lembra-nos também que na roda do presente ano se celebra o centenário do nascimento do insigne escultor Teixeira Lopes, nascido em Gaia aos 27 de Outubro de 1866.
E até ainda há poucos dias a comissão promotora de tal celebração veio junto do Venerando Chefe do Estado fazer-lhe entrega da respectiva medalha comemorativa.
A grata dedicação do artista pela família real é notória. Dela nos deixou, além da estátua do rei, o busto da rainha senhora D. Amélia, perpetuada assim em maravilhoso mármore. E ainda no seu diário nos legou documentação, a que já nesta Assembleia aludimos, probatória do alto prestígio que o rei gozava nos meios internacionais.
Tanto basta para que, a propósito de D. Carlos, se lembre nesta Assembleia a passagem do centenário de Teixeira Lopes, certo de que pelo menos um dos grupos esculturais que aqui figuram é da sua autoria.
Sr. Presidente. Voltemo-nos de novo, ao terminar, para a memória do rei e do príncipe, que também nesta Casa pi estou juramento do efémero regente que por dias foi.
Que as palavras desataviadas que, Srs. Deputados, acabais de ouvir da minha boca as considereis como ditas perante a estátua ausente, mas não esquecida, de D. Carlos. Elas correspondem apenas à verificação de uma incontestável realeza para além da morte e a um mais que legítimo renovado desagravo.
Cabe-me, a propósito da infausta data, este piedoso preito comemorativo é como quem reacende um lampadário!
Disse

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Gabriel Teixeira: - Sr. Presidente. O problema da necessidade imediata do fomento de um i mala to africano em Moçambique, exposto há dias nesta Assembleia pelo ilustre Deputado por aquela província Dr. Manuel Nazaré, tem, em meu entender, a acuidade e a urgência por ele referidas.
Nada há a acrescentar à sua lúcida argumentação vincando a acuidade do problema e, simultaneamente, ponderando os cuidados a pôr na sua resolução.

a conciliação da evolução necessária com a prudência conveniente,
nem a vanglória do absoluto conservadorismo, nem a cegueira da radical mutação,
evoluir, mas sem subversão dos valores a que o homem adequou a sua personalidade e pelos quais regula as suas reacções,
a Natureza não dá saltos. Pois o homem é também da Natureza.

E quanta verdade na afirmação

não raro o Europeu veio a reconhecer quanto são sábias certas instituições tradicionais que prima face, rotulou de bárbaras