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16 DE FEVEREIRO DE 1967 1225

As desilusões da agricultura são tais que na Terceira 60 por cento dos empresários agrícolas declararam não desejam que os seus filhos e filhas os prolonguem no modo de vida.

O Sr. Valadão dos Santos: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faca favor.

O Sr. Valadão dos Santos: - Tenho apreciado a maneira profunda e ao mesmo tempo interessante e tão simpática para nós, açorianos, como V. Exa. tem focado os diversos, problemas dos Açores, problemas essas que alguns dos mais ilustres colegas já aqui tem focado, como por exemplo o problema agrícola, que, de facto sofre uma série da contrariedades que impedem o pleno desenvolvimento de uma riqueza tão grande como é a pecuária. E isso é devido em parte ao problema do transportes e comunicações, de que eu já tive oportunidade de tratar aqui o ano passado e ao qual voltarei dentro de breves dias.
Outro ponto que eu quero frisar, e que V. Exa. focou, é o problema das pessoas que ouvem rádio. Infelizmente não há possibilidades de conseguimos que a Emissora Nacional e ouça em condições nos Açores. Toda a gente ouve rádio, mas o que ouve são as estações particulares, tal como o Clube Asas do Atlântico, de Santa Maria e o Rádio Clube de Angra do Heroísmo. Ora estas e outras estacões, sobretudo as duas indicadas, vivem de amadorismo e do sacrifício de muitos. Fora isso, só se ouvem em boas condições a Voz da América, a Voz de Moscovo ou a BBC de Londres. A Emissora Nacional essa, é que não há possibilidades de ser ouvida em boas condições.
Eram estas duas achegas que eu queria trazer ao interessantíssimo trabalho de V. Exa. acerca dos problemas que interessam aos Açores.

O Orador: - Estou muito agradecido pela gentileza de V. Exa., e só não retribuiu os cumprimentos para que não digam que é uma conversas de compadres. Muito obrigado portanto.
Ainda há poucos dias tive oportunidade de referir aqui a necessidade de se criar um Ministério da Informação e Turismo, salientando que o problema da informação ora hoje um problema de sobrevivência nacional. Essa achega que V. Exa. agora deu relativamente aos Açores é preciosa e expressiva da situação em que vivemos nesse aspecto.
Sr. Presidente: Agora que o III Plano de Fomento entrou na fase final de preparação permito-me secundar o plano dos que entendem que o arquipélago dos Açores deve ser objecto de um plano de desenvolvimento regional. Faço-o com a mesma convicção e desejo que tenho manifestado nesta tribuna o propósito do indispensável plano de desenvolvimento regional da bacia hidrográfica do Mondego.
Pode mesmo dizer-se que o Mondego e os Açores são, neste momento, os frutos mais amadurecidos para as grandes realizações de desenvolvimento, à escala regional, na metrópole.
E claro que tal esforço tinha uma alteração nas estruturas mentais, relativamente um espírito de adesão e à consideração do arquipélago como uma unidade económica, e, provavelmente, nas estruturas administrativas tradicionais, relativamente aos órgãos propulsores do desenvolvimento. A mentalidade que vi revelar-se na V Semana de Estudo deu-me porém, a convicção de que não será difícil o triunfo destas exigências.
As semanas de estudo tem insistido em algumas questões básicas para o desenvolvimento dos Açores. De um lado, as infra-estruturas relacionadas com os transportes e comunicações, problema que, de resto, tem sido objecto de particulares intervenções dos ilustres Deputados dos Açores nesta Assembleia (cf. os trabalhadores da V Semana. O Actual Sistema de Comunicações dos Açores no Interior e com o Exterior, do Dr. Cândido Pamplona Forjaz, e Os Açores e o Transporte Aéreo, do comandante Chitas de Brito). Por outro, as potencialidades económicas oferecidas pela pecuária, a pesca e o turismo.
O Dr. Leal Armas (in Algumas Considerações sobre a Pecuária nos Açores) calcula a possibilidade de se aproveitarem no arquipélago mais 21 600 há. Para pastagens o que, na média de uma cabeça por 80 há., corresponderia a mais uns 33 000 bovinos adultos.
Só a produção de carne conheceria assim um incremento no rendimento anual de 25 000 contos.
Por outro lado o aumento da produção de leite poderia atingir um total de 75 milhões de litros, em resultado de uma melhoria de produção nos efectivos actuais e da existência de mais 10 000 vacas leiteiras, correspondentes a cerca de um terço das 33 000 cabeças de bovinos atrás referidas. Estes 75 milhões de litros de leite poderiam valer 123 000 contos. O que tudo permite estimar um incremento total de 150 000 contos por ano no rendimento da pecuária dos Açores, em resultado da sua expansão e valorização.
Ainda recentemente fiz nesta tribuna um apelo a favor do desenvolvimento turístico dos Açores.
Na III Semana de Estudo, o Dr. Carreiro da Costa apresentou um bem elaborado trabalho sobre «As Potencialidades Turísticas dos Açores»
Penso que para o desenvolvimento turístico do arquipélago há que resolver um conjunto de problemas relacionados com os transportes do exterior, o equipamento portuário, os aeródromos, a circulação entre as ilhas, o alojamento hoteleiro e o abastecimento público.
Está por fazer um circunstanciado levantamento das potencialidades turísticas de todas as ilhas, trabalho que importa realizar com urgência.
Constituída uma sociedade de economia mista e resolvido o problema dos transportes, seria possível encarar dois aspectos ainda fundamentais para um esquema de arranque o da rede hoteleira base e o da propaganda turística das ilhas no continente e no estrangeiro.
Creio não ser depois difícil descortinar fontes turísticas na população do continente, nos emigrantes açorianos ou seus descendentes que vivem na América, no próprio turismo americano que se dirige à Europa ou ainda nos turistas europeus que hoje visitam o continente. Há, de resto, virtualidades, fundadas na atracção do repouso, das estâncias termais, dos desportos submarinos ou até da paixão científica, que permitirão aos Açores desenvolver modalidades de turismo para ricos.
Sr. Presidente: Tive recentemente oportunidade, no curto espaço de dois meses, de visitar as ilhas portuguesas da Madeira, Açores, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe e as ilhas espanholas das Canárias. Foi-me possível comparar. E a comparação deixou-me triste. O surto de desenvolvimento conhecido pelas Canárias tal como aconteceu com as Baleares - é extraordinário isto em boa parte por causa do turismo.
Graças ao charter, os turistas nórdicos deslocam-se com uma facilidade extraordinária as Canárias e a estação dos Escandinavos é hoje aí um enorme animador da economia local.