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1462 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 81

mitirá que, ao discutirmos o Plano de Fomento, Moçambique os some aos defensores do seu turismo que aqui já se encontrem, pois - aviso-os desde já - Regressarão dominados por feitiço, por esse «chicuembo» moçambicano que a todos os portugueses instilam os tandos, os machongos, as montanhas, a cor, o mar, a luz e a gente da nossa costa do Indico Para isso lá vos espetamos.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr Filomeno Cartaxo: - Sr Presidente Pedi a palavra para, a propósito da um recente despacho da S. Ex.ª o Ministro das Obras Públicas, aqui, publicamente e em nome dos povos que represento, manifestar àquele ilustre membro do Governo todo o nosso apreço e o nosso sincero «bem haja»
O despacho agora exarado sobre a aprovação do projecto do balneário da estância termal de Chaves, de que a Câmara Municipal daquele concelho é a concessionária, representa, de resto, uma longa e árdua luta de mais du quatro anos.
Quatro anos que se consumiram em matéria algo inédita entre nós, na elaboração de estudo», na feitura de projectos, na aprovação e correcção dos mesmos, fases em que sempre encontrámos o conselho esclarecido e a vontade inquebrantável do ilustre titular das Obras Públicas, absolutamente cônscio da necessidade do empreendimento e dos seus reflexos vitais no progresso da região flaviense.
A cidade e a região de Chaves, Sr Presidente, são um índice fiel das constantes da nossa província e do fatalismo geográfico que sobre nós sempre pesou, limitados que somos por contornos montanhosos aparentemente intransponíveis, isolados nos nossos vales, num amálgama desesperado com uma terra árida ou donde se tardam a extrair todas as virtualidades.
Confinados, ao longo dos tempos, às puras realidades adjacentes, aspiramos desde sempre ao estabelecimento de condições para um cabal aproveitamento das nossas riquezas, às perspectivas de uma sã economia agro-pecuária, à racionalização das culturas, à fixação de indústrias transformadoras, a um assegurado escoamento de produtos.
A emigração foi sempre uma das nossas constantes, outrora com destino ao Brasil e às províncias ultramarinas, hoje, em ritmo verdadeiramente assustador, Je quase catástrofe para a cultura dos campou, para 09 países mais industrializado» do Centro da Europa.
Mas o curioso é que, como já uma vez assinalei, regressamos sempre, numa esperança jamais perdida, num desenvolvimento sem reservas, à terra de origem, dependentes sempre, até à exaustão, de uma agricultura pobre e oscilante, de uma comercialização de produtos sujeita a todas as contingências, de uma indústria incipiente e sem protecção.
Esperança que ora vemos justamente reforçada e alicerçada perante o empenho que o Governo evidencia pelo planeamento regional, de que se esperam bons frutos e o princípio de uma era de gradual libertação.
Adentro deste panorama, os nossos pequenos centros urbanos crescem e desenvolvem-se a um ritmo algo lento, quer para a impaciência bairrista dos seus naturais, o que é o menos, quer para as necessidades que, na complexidade da vida moderna, a cada momento se multiplicam e refinam.
De há uns anos a esta parte que a cidade de Chaves, entre as suas congéneres transmontanas, ganhou um novo cunho, alcançou uma nova dimensão, mas uma dimensão assinalável na senda do seu desenvolvimento. É que a cidade, apesar da sua relativa importância e do seu tipo perfeitamente demarcado, ganhou indiscutivelmente o sabor notório de centro termal desde que o seu estabelecimento balnear se começou a expandir e se principiaram a firmar as bases do seu rápido crescimento.
Desde há anus que os milhares de pessoas que nos visitam ao longo de seis meses anuais, sem se imporem absorventemente à vida social do meio, caracterizaram profundamente esta enriquecendo-a de propósitos e conteúdo e diferenciando a cidade absolutamente das suas pares provincianas.
Influência que se detecta com toda a facilidade no fomento de determinadas actividades comercia s e industriais, na construção, em cinto lapso de tempo, de mais duas unidades hoteleiras, aliás- magníficas, na criação de outra zonas de interesse e diversão e, sobretudo, no aparecimento de novos centros de convívio, o que concorreu para um afinamento deste
O mais curioso, porém, é que as teimas de Chaves, estão a laborar em condições deficientíssimas, com um balneário obsoleto, de soluções francamente más e mais que reduzido paia o volume do movimento, sobretudo nos meses de Agosto e Setembro, o que sujeita os utentes a sacrifícios e inconformidades verdadeiramente de lamentar
Acontece, por este facto, que as termas flavienses, precisamente por comportarem custosamente a afluência que registam, vivem sem qualquer espécie de propaganda, sem nenhum programa de captação, com um movimento unicamente resultante do funcionamento termal e desconhecidas da maior parte do País, apesar de os Romanos, durante a sua ocupação da Península, já terem erigido na cidade de Chaves um excelente estabelecimento termal
Pois, apesar de todos 09 condicionalismos apontados, a estância de Chaves tem, de ano para ano revelado um movimento de frequência apreciável, e, segundo os últimos dados estatísticos que possuo, referentes a 1965, entre 46 termas portuguesas, a de Chaves ocupa o oitavo lugar em número de inscrições
A construção do futuro balneai 10, obra vultosa o que exige grandes sacrifícios da Câmara Municipal, cujas bases e elementos da execução parecem agora estabelecidos pelo despacho ministerial a que acabamos de nos referir, virá, assim, emprestar um maior desafogo e comodidade à estância, proporcionando um aumento do complexo teimai que não se poderá ajuizar devidamente, já que os processos de trabalho passarão a ser outros, outra, e mais vasta a área de recrutamento dos aquistas, possibilitando até o regresso de muitos milhares de pessoas que no decorrer dos anos desistiram da sua cura habitual única e exclusivamente pela deficiência de instalações postas à sua disposição Instalações que, inclusivamente, poderão passar a ter uma laboração permanente durante os doze meses do ano fixadas que estai ao numa cidade e, por conseguinte, com um equipamento hoteleiro e recreativo em constante aproveitamento.
Aliás, as perspectivas actuais continuam a revestir o melhor dos aspectos, quer na cadência da frequência, quer na iniciativa privada, quer no crescimento dos diversos sectores citadinos.
Sr Presidente Ao falar das termas de Chaves irresistivelmente nos sentimos tentados a falar de turismo, leitmotiv dos nossos dias, fenómeno que de um momento para o outro, inopinadamente, nos caiu em cima, na pacatez da nossa vida tradicional, fazendo de nós autênticas