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1472 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 81

que, a respeito da fabulosa abundância do sândalo de Timor, escreveu, maravilhado, estas linhas.

Dão liberalmente grande cópia do seu pau, fazendo conta que lhes não pode faltar nunca, por muito que dêem!

O corte desenfreado de árvores ainda, mal formadas, na moa única de lúcios imediatos, e queimadas, gigantescas quase sistemáticas, acabariam por denudar Timor da sua maior riqueza e do seu verdadeiro ex-libris. Regiões històricamente conhecidas como reservas do sândalo são hoje irreconhecíveis. Assim Manatuto, assim Vique-que. Presentemente, só existe sândalo no enclave de Occusse além de pequenas manchas nos concelhos de Cova Luna e Bobonato. Desde 1910 até 1925, as quantidades anuais de exportação do sândalo de Timor foram baixando de 898 t, naquele primeiro ano, até apenas 20 modestíssimas toneladas no último.
É verdade que para a protecção das matas de sândalo e seu repovoamento se fizeram várias tentativas sérias e se adoptaram medidas que pareceram adequadas, sobretudo nos governos de Celestino da Silva, Filomeno da Câmara, Raimundo Meira, Teófilo Duarte, Manso Preto e Oscar Ruas. Mas a falta de vigilância das autoridades (e também interesse), a falta de conveniente assistência técnica e de continuidade do esforços e cuidado, tanto se conjugou para matar aquela fonte de riqueza que tanto nome dou a Timor e tantos proventos à Fazenda, Pública. Muitos e muitos milhares de árvores se perderam, simplesmente por negligência e desinteresse e falta do mínimo de conhecimentos técnicos para as proteger nos primeiros dez anos de vida. E a principal razão era que se ignorava que o sândalo é árvore parasitária, precisando, para vingar, de hospedeiros que lhe supram a falta de água e de sais minerais, que ela absorve por meio dos seus haustórios radiculares copulados às raízes do hospedeiro.
Para ilustrar a superficialidade com que se dava cumprimento às medidas governamentais protectoras da cultura do sândalo, cito apenas os seguintes, elementos estatísticos, relativos ao ano de 1940, árvores plantadas 117 483, vingaram 25 178, e morreram, 26 034.
Pergunta-se que foi feito das 66 271 árvores que nem vingaram, nem morreram?!
Tudo isto explica por que é que sabendo se que o tempo normal da formação completa de uma árvore de sândalo é de 30 a 40 anos, e que, por outro lado, a proibição do corte de sândalo data de 1925 se não pôde fazer ainda nova exploração.
Que urge, pois, fazer? Criar um serviço especialmente dedicado à silvicultura e dotá-lo de todos os meios necessários e adequados ao fim que se pretende, criar incentivos que despertem na população nativa e nos plantadores europeus ou outros ali estabelecidos uma certa, emulação benéfica. O interesse do lúcio sempre foi mais forte do que o temor dos castigos.
Ao terminar esta minha intervenção, Sr. Presidente, revejo com imensa saudade os anos da minha meninice em que, nas praias de Dili, eu brincava na areia, ao lado de pilhas alaranjadas de sândalo da minha terra, aguardando os navios que as transportariam paia mercados distantes para que em Timor continuasse a haver pão para todos! Deus permita que esses dias longínquos possam soltar cedo!
Disse.

Vozes: - Muito bem muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sebastião Alves: - Sr. Presidente: Uma análise sumária da economia nacional, através do parecer das contas públicas de 1965, conduziu-me a várias deduções que poderiam servir de base a esta comunicação. De entre todas destaco uma, que julgo encontrará eco nas preocupações desta Câmara e que constitui, sem dúvida, anseio maior de muitos portugueses.
A questão é importante, porque envolve alguns dos pontos fulcrais do desenvolvimento económico nacional, é pertinente, pela urgência em salvar da emigração os restos de uma população em debandada é oportuna, sobretudo, para não ser esquecida no momento em que se prepara o plano que há-de marcar o norte à economia portuguesa durante o sexénio do 1968-197.3.
Trata-se da regularização e aproveitamento global do troço português da rica bacia do Tejo.
Cerca da sua foz ou nas suas margens situam-se já as mais importantes produções industriais do País aço, cimento, petróleo, adubos, construção naval, automóveis, maquinaria agrícola, etc. Um dos maiores centros de produção têxtil do País - a Covilhã - não tendo origem no rio, implantou-se na sua bacia.
Se se prosseguir, como tem de ser, na via da descentralização, se se teimar em criar no interior do Pais pólos de desenvolvimento, há-de ser ao longo do Tejo que há-de processar-se e estabelecer-se um dos eixos maiores do nosso crescimento económico, porque ao longo da sua portentosa corrente coexistem as estruturas básicas para uma rápida promoção desse crescimento energia, água e vias de comunicação.
Antes de entrar na questão, cabe aqui uma palavra de apreço ao mui ilustre relator das contas públicas, pela total doação de 40 anos da sua vida ao bem comum e, no caso presente, pelo pioneirismo e persistência postos no batalhar pela utilização, num plano total, dos nossos cursos de água nomeadamente do Douto e do Tejo. Para o ilustríssimo Colega, Sr. Eng.º Araújo Correia, o mérito maior de, resistindo aos críticos, de toda a hora e aos cépticos de sempre, lei continuando a recolher informes, números e sugestões que em breve trará a público e que servindo-me de base para esta intervenção hão-de sei utilizados pela Nação numa das maiores tarefas que terá de realizar nos próximos dois lustros.
O planeamento e organização do maior rio da Península - mais de 1000 km de curso entre a serra do Albardarem, na região de Tetuel, e Lisboa - ocupará previnamente técnicos e sociólogos, implicará um investimento vultuso de alguns milhões de contos e implicará, sobretudo, um plano de conjunto que, abranja os aspectos que passo a enunciar.

Barragens a erguer, quantidades de energia que hão-de produzir e volumes do água, que podem ou devem ser desviados para rega e para consumo das populações e das indústrias actuais e futuras.
Possibilidade e necessidade de estabelecer a navegação fluvial, utilizando as represas dessas barragens calculando-lhe as eclusas, definindo-lhe os trajectos e o mais necessário a este efeito,
Um programa de infra-estruturas necessárias ao turismo para toda a bacia do Tejo,
Localização dos nossos pólos de desenvolvimento e definição de alguns tipos de indústrias a instalar, cuja viabilidade se antevê como certa.
Análise da capacidade actual do sistema de transportem e seu dimensionamento perante as exigências da programação regional.

É um mundo de problemas.