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1474 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 81

centros industriais de primeira grandeza, mesmo omitindo toda a zona a jusante de Vila Fiança de Xira.
O Entroncamento, a Praia do Ribatejo, Constância, o Tramagal, o Rossio, Abrantes, Alfenarede, Envendos, Mação, Cebolas, Castelo Branco, Covilhã e Tortosendo contam já com unidades industriais de relevo ou são mesmo centros que podemos classificar de industrializados A próxima instalação em Vila Velha de Ródão de um complexo industrial de vulto, o desenvolvimento imediato da zona de Abrantes e de outros locais ribeirinhos, vem ainda reforçar mais a necessidade premente de se caminhar ràpidamente para um Tejo regularizado, aproveitado, navegável. Muitas outras indústrias serão viáveis e necessárias, nomeadamente as decorrentes do uma pomicultura e de uma horticultura que os novos regadios proporcionarão e que, de actividades de subsistência, pasmariam a produções de mercado, em boa parte destinadas a industrialização.
Toda a zona, se coordenada num plano de desenvolvimento harmónico, ficará sujeita a um impulso inesperado de novas actividades, baseadas na transformação das matérias-primas existentes ou suscitadas por novos consumos regionais e locais.
Oferece ensejo a um vasto aproveitamento industrial imediato a mancha de pinhal acima, referida, sita na margem direita do Tejo e pelos vales do Zêzere e do Ocreza, que anda já pelos 150 000 ha e de que se aproveita pràticamente só a madeira destinada a construção e a embalagens. Implantada em terrenos xistosos, quase sempre de montanha, onde outras culturas são escassas e sempre de fraca produtividade, esta mancha abrange os concelhos de Olenos, Seita, Vila do Rei, Figueiró dos Vinhos Pedrógão Grande Ferreira do Zêzere, Mação, Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão e Fundão.
As populações emigram como podem, clandestinamente ou não, uma vez que a pobreza da terra e um deficientíssimo aproveitamento da floresta tomam a vida penosa e incerta. Afora uma fábrica de pasta celulósica em vias de concretização, o aproveitamento da massa florestal citada não tem nenhuma perspectiva válida. As madeiras ditas «de obra» são, em grande parte, exportadas em bruto para outras regiões, e outro tanto acontece a parte das 20 000t de resinas extraídas anualmente. As fábricas de serração existentes, com duas ou três excepções, são, ou obsoletas ou de dimensões inadmissíveis.
Vislumbra-se, porém, uma perspectiva. Esta vasta floresta é susceptível de um aproveitamento integral, se para tanto se lhe estudarem as possibilidades de industrialização e, sobretudo, se se puderem reunir os fundos necessários.
A Lei de Meios relativa ao ano findo consignava uma verba de 100 000 contos para uma experiência piloto de desenvolvimento regional. Não houve experiência nenhuma e a verba não foi aplicada. A Lei de Meios do ano corrente inclui para fim idêntico 150 000 contos.
Perante o acima, exposto, ouso sugerir aqui que a experiência piloto se efectue na região em causa.
Poderia pensar-se numa empresa de economia mista que, além da participação do Estado, integraria as câmaras municipais, os proprietários rurais, a indústria e o comércio locais. O meio geográfico e humano apresenta-se com um cariz ideal para uma experiência deste tipo grande homogeneidade de solos e de culturas, óptima aptidão paia o desenvolvimento do pinheiro-bravo cuja industrialização aqui se sugere, estrutura fundiária defeituosíssima, por excessiva pulverização, meio demográfico receptivo, com gentes sóbrias, dóceis e que facultaram uma mão-de-obra de apreciável qualidade.
A matéria-prima existente daria para a instalação imediata de uma boa unidade de mobiliário e embalagens e outra de prensados, uma terceira unidade dedicada a óleos essenciais e a destilação de madeira, embora requeria estudos, parece viável.
De entre outras possibilidades, avulta a das mesmas. Há meia dúzia de unidades de destilação que trabalham os, 20 000t/ano produzidas na zona. Estas poderiam encaminhar-se para uma concentração onde provavelmente se poderia evolua para alguns derivados da colofónia o atingir mesmo o sector das tintas e vernizes. Esta concentração deveria ser conduzida pelos actuais empresários, que têm revelado capacidade e idoneidade, e poderia manter independência em relação ao segundo complexo de economia mista, recebendo dele, todavia, o auxílio necessário ao seu desenvolvimento.
E passo a outro ponto.
Neste pós-guerra um dos sectores económicos que na maioria dos países da Europa ocidental tiveram crescimento mais espectacular foi, sem dúvida, o do turismo. Apresenta as vantagens de não implicar investimentos de grande vulto, de uma disposição empresarial em níveis médios muito consentânea com desenvolvimento rápidos e ainda a de constituiu uma fonte permanente de divisas exteriores. Mas a maior vantagem desta jovem actividade económica reside na maneira como se desenvolveu, dir-se-ia que veio ao mundo por geração espontânea. Com mais ou menos atractivos, os turistas aparecem. Pode activar-se com propagandas, festivais, etc., mas o fenómeno acentua-se pela necessidade de evasão do homem moderno, pela fuga ao quotidiano. Aconteceu turismo, como acontece um dia de sol. E foi assim também no nosso país.
São de tal modo aceites estas evidências que os Governos comunistas da Europa de Leste não hesitaram em recorrer a esta burguesíssima actividade para reforçar as suas depauperadas balanças de pagamentos.
Também entre nós se vai reconhecendo a importância do fenómeno, embora se encaminhe quase toda a sua promoção para Lisboa, Algarve e Ilha da Madeira.
Tudo voltado para o mais.
Todavia, a Itália alpina, a Suíça e a Áustria recebem massas turísticas de volumes a que nem sequer podemos aspirar, e isto porque têm montanhas neves nos e lagos! E é sobretudo nas médias altitudes que, naqueles países se adensa a influência dos veraneantes.
(...) prescinde-se das praias e o sol mostra-se quando calha! Por cá, parece não se considerar interessante, como atractivo turístico, senão o litoral, e, com este estranho critério, apodrecem na serra da Estrela as infra-estruturas de um teleférico em que homens de bem, orgulhosamente arreigados à sua terra e cientes nas virtualidades atractivas da montanha, empenharem a palavra e os haveres e gastaram a saúde! Que a Divina Providência a se amercere deles, de nós e dos que persistem em tão estranho critério!
Consideram-se, correntemente, como motores das actividades turísticas cinco elementos, principais a água, o sol, as montanhas, as florestas e os monumentos. Ora em nenhuma outra vasta região do solo nacional se terão conjugado tão estreita e concretamente estes cinco atractivos. Se lhe juntarmos o color do das romarias, a bola acusticidade de Monsanto, outrora a Aldeia mais Portuguesa, hoje a mais esquecida, se pensarmos na sedução e curiosidade das neves da Estrela, nas panorâmicas das serias da Guardunha de Alvelos, do Moradal e também e sobretudo da Estrela, acabamos por concluir que qualquer plano de estudo para o desenvolvimento do vale do Tejo há-de colocar o turismo logo a pai da industria-