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1682 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 90

eléctrica equivalente a mais de três vezes a actual produção da metrópole.
Paralelamente, as reservas de carvão, ferro e outros minérios susceptíveis de colocação em mercados estrangeiros ficarão em condições competitivas de exportação através do rio Zambeze, que, após as obras de regularização já previstas e estudadas, proporcionará transporte fluvial a baixo preço.
Se numa visão de conjunto pensarmos que Gabora Bassa fornecerá energia eléctrica a preços que se reputam dos mais baixos do Mundo, suponho que não constituirá fantasia afirmar que no vale do Zambeze a siderurgia encontra excelentes condições para a sua instalação.
Quero crer que a exploração das potencialidades que acabei de enumerar muito sumariamente será a obra do século que porá à prova a capacidade realizadora dos Portugueses.
Os planos existentes darão um impulso na economia de Moçambique para metas que ainda há meia dúzia de anos nos fariam sorrir de incredulidade. Os próprios estudos superiores da província, através de alguns dos seus mestres, colaboraram em várias fases desses planos, dando o melhor do seu esforço e saber. Ainda bem que tal tenha acontecido, pois o conhecimento de problemas de tão grande complexidade, mas de interesse verdadeiramente aliciante, confirmará o verdadeiro sentido que deve ser seguido na formação de técnicos que vão ser necessários para preencher as necessidades cada vez mais crescentes dos diversos sectores de actividade - investigação, ensino, tecnologia, economia, engenharia, etc, cujo número, actualmente, é de uma pobreza confrangedora.
Desejava fazer uma referência, ainda que muito ligeira, aos aproveitamentos hidroagrícolas que se encontram já em exploração, ou na fase executiva, ou apenas programados.
Será através de iniciativas de tão grande alcance como o fomento do regadio que se pode acelerar a fixação de agricultores à terra. E as possibilidades de acesso à terra são imensas, porquanto dos terrenos livres de Moçambique, segundo elementos colhidos, apenas 3 por cento da área da província são propriedade privada.
Existem, pois, perspectivas enormes para levar a efeito um bem ordenado programa de povoamento, quer orientado, quer de livre iniciativa.
Deus permita, que a nova estruturação dada às juntas de povoamento não só possibilite a colonização livre, através do maior rapidez na apreciação e deferimento das pretensões apresentadas, como elimine as peias burocráticas morosas, irritantes e desencorajadoras, até para os mais animosos, que têm contrariado iniciativas de grande alcance.
Uma palavra de apreço se impõe ao Instituto do Algodão, qui! está levando a efeito obra altamente meritória de povoamento orientado, constituindo valiosa experiência de colonização e racionalização agrícola.
Já se encontram em actividade vários colonatos, destinados tanto aos nativos com capacidade para tal como a europeus, sendo a maior parto destes militares que passaram à disponibilidade.
A vida económica dos colonatos tem os seus alicerces apoiados em pré-cooperativas e os aspectos sociais também não foram esquecidos.
Não queria concluir estas considerações sem dedicar uma palavra à obra do Limpopo, concebida pelo homem público de rara envergadura que foi o Eng.º Trigo de Morais: pelo muito respeito e admiração que devo à sua obra, aqui lhe presto a minha homenagem.
Segundo declarações a que foi dada larga publicidade, é intenção do. Governo continuar a engrandecer a obra erguida com o colonato do Limpopo pelo Eng.º Trigo de Morais.
Já se encontra devidamente estudada e orçamentada-a barragem do Massingir, que, através da sua elevada capacidade de armazenamento, permitirá a regularização interanual do rio Limpopo, de que resultará a possibilidade de irrigação de vastas áreas cujo prévio dessalgamento e enxugo se tornava imprescindível.
Os investimentos já feitos, tanto no que diz respeito à obra hidroagrícola propriamente dita como à criação de infra-estruturas que servem as populações instaladas, justificam amplamente a decisão do Governo.
Esperemos, pois, que, paralelamente, a um maior desenvolvimento económico por virtude do alargamento da área de regadio, se verifique uma muito maior produtividade no estrato relativo à população activa agrícola, que, oriunda do continente, foi instalada nesse colonato.
O denso programa que cumprimos, não sem com algumas baixas que rapidamente voltaram ao nosso convívio, incluía a visita aos centros populacionais de maior interesse económico, industrial ou turístico.
Lourenço Marques e Beira, mercê da sua privilegiada posição geográfica, e do constante aperfeiçoamento das suas infra-estruturas e equipamentos apropriados para servir o intenso e sempre crescente, tráfego destinado aos países vizinhos, são verdadeiras portas abertas ao progresso da província.
Existem, igualmente, outros centros populacionais em rápida expansão, quer situados na orla marítima - caso de Nacala -, quer no interior, onde encontrei da parte de todos os seus habitantes uma ânsia de progresso traduzida em numerosas iniciativas, que me surpreenderam agradavelmente.
O patriotismo das gentes de Moçambique patenteou-se a meus olhos sob as mais diversas e significativas formas. Olhos nos olhos, face a face, nos diálogos estabelecidas ficámos com a consoladora certeza de que também para aqueles irmãos a Pátria não se discute.
Gostava de saber traduzir por palavras o calor com que fomos recebidos por toda a parte. As manifestações de portuguesismo que nos foi dado observar, para não dizer que sentimos e partilhámos, durante todo o tempo da nossa permanência em Moçambique, puseram nossos nervos sob elevada tensão.
O acolhimento que nos foi prestado em Vila Cabral e Monte Puez, com a presença dos régulos e das rainhas, são imagens que destaco de entre outras que merecem igual relevo.
E que dizer da forte emoção que me causou a visita a essa formosíssima jóia carregada de história e enaltecida por Camões - a ilha de Moçambique?
A gama de motivos de natureza histórica, arqxiitectónica, turística e folclórica que foi possível observar pareceu-nos ter encurtado o tempo para o muito que ficou por ver.
No meu pobre e descolorido testemunho procurei transmitir a V. Ex.ª alguma coisa do muito que vi, comentando os aspectos que, em consciência, me pareceram dignos de realce.
Depois deste caldear de ideias e entusiasmo transbordante com que regressei ao convívio da família e me embrenhei nos mil problemas por que se dispersa a minha vida profissional, permanece bem vivo o agradecimento devido às entidades que possibilitaram esta viagem de tão profundas e gratas recordações.
Por onde quer que passámos, fomos alvos de carinhosas e entusiásticas recepções, onde todos, sem distinção de hierarquias on de cor de pele, nos cumularam de aten-