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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 171 3074

temporâneo do Brasil e Portugal, discutir a reforma do seu ensino, reflectir nos aspectos essenciais da sua unidade e tentar um esquema de colaboração eficaz entre nós e os Brasileiros na realização das tarefas inerentes ao estudo, cultivo e difusão da língua comum. Segundo os relatos da imprensa, esto Simpósio fui particularmente frutuoso, e na realidade, não é de admitir outra opinião, em ince das conclusões a que chegaram os congressistas. Dessas conclusões, aponto como particularmente relevantes um concernentes a reforma do ensino do português, quanto a métodos e técnicas, de acordo com as modernas orientações e perspectivas da linguística e da pedagogia, e a, preparação cada vez mais cuidadosa e actualizada, nos campos teórico e prático, sobre a língua materna para os professores de todos os graus de ensino; a sugestão de que os futuros leitores sejam previamente preparados para o melhor desempenho de suas funções, e que os Governos criem uma comissão luso-brasileira para os orientar a respeito das actividades e projectos relativos ao ensino do português no estrangeiro; e ainda a criação de um organismo que sirva de centro informador e coordenador dos centros especializados no estudo, cultivo e difusão da língua.

Com estas e outras notáveis recomendações, o Congresso prestou inestimáveis serviços à causa que se propôs defender, sendo, por isso de desejar que não demore a concretizar-se a proposta do reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professor Moniz de Aragão, para que o II Simpósio se realize naquela cidade, sob os auspícios da mencionada Universidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - OU segundo facto, aliás em parte decorrente do primeiro, foi a publicação, em 28 de Abril de 1967, de uma portaria em que o Ministro Galvão Teles aprovou, a título experimental, nova nomenclatura gramatical. Dando, assim, início de solução a um velho problema, o Governo prestou grande serviço ao País, pois atenuou os inconvenientes que resultavam para professores, alunos e autores de livros escolares da diversidade das denominações gramaticais, e criou as condições para a renovação do ensino da língua e para o melhor enquadramento da gramática num plano mais amplo de estudo. Só quem algum dia teve de lidar com estes assuntos poderá estimular a excelência daquela medida governamental.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à instituição que. acima disso haver prestado serviços nunca bastantemente encarecidos, trata-se da Sociedade da Língua Portuguesa, que tem a sua sede nesta cidade de Lisboa. Fundada há vinte e três anos, com a finalidade de promover a colaboração de todos os estudiosos da língua portuguesa, desenvolver o interesse pelo idioma nacional, estudar a função social da linguagem, elaborar estudos científicos, despertar o estudo da correcção linguística e da clareza e beleza da expressão literária, velar pela preservação, desenvolvimento e difusão do português e congregar todas as associações culturais de iguais objectivos, a Sociedade tem cumprido a sua missão com modelares persistência e eficácia, muito embora não tenha encontrado o apoio, compreensão o carinho que merece e muito legitimamente, espera.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vivendo da quotização dos seus 7000 associados, sente, como é de. calcular, enormes limitações. Não obstante, publica mensalmente um utilíssimo boletim, vem editando há anos um dicionário de ampla e sólida informação, deu a lume algumas obras de inegável interesse científico, promove, cursos e conferências e põe à disposição dos agremiados uma biblioteca de 5000 volumes. Porem, se tivesse dotações suficientes, poderia multiplicar estas formas de cultura e criar outras novas, pois aos seus dirigentes não faltam capacidade, dedicação e entusiasmo. E estranharei que tão patriótico e prestante organismo ainda não tenha sido considerado instituição de utilidade pública, para poder auferir as regalias que tal classificação proporciona.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Também cabe aqui uma referência aos esforços de alguns organismos que se têm preocupado com este problema, e cito especialmente a Emissora Nacional, que em tão boa hora organizou e pôs em execução um vasto quadro de cursos de aperfeiçoamento para locutores e outros funcionários, nos quais o ensino do português assumiu lugar preferencial. Se outras organizações estatais ou particulares seguissem o exemplo da Emissora Nacional, poderíamos, dentro de anos, verificar um alto nível de preparação profissional e, dentro desta, um apurado adestramento no uso oral e escrito da nossa língua. Quanto a mim, não tenho dúvidas de que toda a despesa feita em semelhante obra torna os serviços mais rendosos e é por isso, altamente útil ao País.

Finalmente, uma palavra sobro o ensino do português no estrangeiro. Não é segredo para ninguém que a aprendizagem da nossa língua, apesar de ser uma das três principais da América e uma das dez, mais faladas em todo o Mundo, ainda não se faz com a extensão equivalente a sua grandeza e importância. Bem sabemos da expansão que ultimamente tem tido, principalmente nos Estados Unidos, Alemanha Ocidental e Bélgica, mas isto não acontece com aquelas proporções que merece uma língua possuidora de uma das mais ricas literaturas, e ela mesma de incomparável opulência, sonoridade, elegância e ductilidade, sem falar já na vasta gama de interesses da ordem prática quo se adivinham para os povos que quiserem, melhor, que precisam do conviver com mais de 100 milhões de pessoas que a falam em todos os continentes.

A principal razão deste relativo insulamento está apenas na falta de uma política de irradiação, a qual não pode fazer-se sem a orientação de um órgão superior especificamente preparado para o efeito.

O Sr. Elísio Pimenta: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Elísio Pimenta: - Dizem que tem sido extintos alguns leitorados de Português em Universidades inglesas. Se assim é, essa circunstância parece, contrariar a política de irradiação que V. Ex.ª acava de exaltar.

O Orador: - Muito obrigado.

A esse órgão caberiam a investigação dos métodos o técnicas de difusão, a superintendência nos leitorados e escolas, a promoção do cursos P a distribuição das obras dos nossos autores pelos institutos onde se ensina o português. Tanto ou mais do que a diplomacia e o comércio, essa vanguarda ensinante levaria a toda a parte