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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 173 3096

Sendo assim, o Algarve está de parabéns.
Tanto mais quanto é certo que o Governo aprovou no Conselho de Ministros de ontem um decreto-lei que regula o planeamento regional, donde o Algarve espera para os seus problemas melhor audiência e mais autoridade.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cunha Araújo: - Sr. Presidente: Soubemos pela imprensa diária que as homenagens aos heróis (?) do 31 de Janeiro decorreram com elevado civismo, ignoramos se com civismo, no sentido de patriotismo, de devoção ao interesse público, se, como também soe empregar-se o vocábulo, no sentido de compostura, correcção e visível propósito de bem servir aqueles.
De qualquer modo, e seja como for, em qualquer das acepções a reclamada atitude dos cidadãos memoradores é digna de registo o ato de respeito mesmo por parte daqueles que talvez lembrassem o evento por motivos diferentes e com sentido oposto ao dos que habitualmente o recordam para exultar a alvorada da República, dessa mesma República em que ainda vivemos e ó o Regime constitucionalmente adoptado na Nação em que nos integramos. Mas o que importa salientar sobre o demais e que decorreu com elevado civismo a homenagem aos heróis de 31 de Janeiro, precursores da República, que, depois de haver definido como palavra, algures, um orador considerou "ter sido escrita" por aqueles "com uma linguagem de sangue" (sic), in O Primeiro de Janeiro de l de Fevereiro corrente.
Com uma linguagem de sangue!
Eis, em curtas palavras, lodo o sadismo mórbido de um espírito de subversão revolucionária, ainda envolto em sangue, no sangue mais relembrado, que o sangue não edificou, autos obscureceu nos propósitos que o determinaram e tão mal sorvidos se mostram por quem só redimiria aquele na medida em que se esquecesse a luta fratricida que o fez correr, a tingir de vermelho e a sujar indelevelmente o que quarenta e dois anos de límpida República, pelo visto, tristemente, ainda não conseguiram fazer obliterar!
E por isso, será por isso, que o fosso permanece aberto, que o fosso, intransponível, se alonga ante os que, prestigiando a República, a República tem servido, para além de si e com menosprezo das suas convicções pessoais, para a história, que um dia, distante ainda, não irá buscar a sua justificação como regime aos dezasseis anos de balbúrdia sanguinolenta em que se comprometeu, mas ao fraterno convívio dos quarenta e dois anos posteriormente vividos, esses sim, os que deveriam estar presentes na mente dos que relembram o devotamento daqueles que, mais do que o sangue corrido, ura exaltado, queriam o estabelecimento e continuidade do que ainda vigora, merco de unia revolução sem tiros e sem crepes, feita na paz, e na paz vingada e prosseguida.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não sou republicano, e o não sê-lo nunca me impediu alguma vez de servir a Nação em República, a que tantas tezes tenho jurado lealdade e tão traída anda por aí nas palavras e nos actos dos que mais ardorosamente a confessam, esquecidos de que sobre as convicções políticas estão as pátrias mais do que nunca carecidas dos seus filhos - os da nossa a verterem sangue que estrangeiros fazem correr e não vi exaltado pelos republicanos do 31 de Janeiro, é sangue dignamente vertido que nos devia unir e chega bem para cobrir e fazer esquecer o que se evoca paru nos dividir! Isto apesar de o 31 de Janeiro ter sido feito sob o signo do nosso ultramar ofendido pelo ultimato da loura Albion!
Assim, depois de tão estranho e cúmplice silêncio, e depois de ter lido, como afirmado, num jantar de confraternização, "não tenhamos ilusões. Não podemos contar senão connosco próprios, com a nossa unidade" (sic), eu pergunto: e nós, com quem e com que podemos contar?
A resposta, antecipadamente dada, aí fica concludente e decisiva a desiludir os iludidos e a legitimar a repetição do grito de alerta, como outra oportuno, cavcant consules! Cavcant consules. A República está em perigo . . .
Sr. Presidente: Dispostos a continuar numa hora em que, de dentro e de fora, olhares atentos nos espreitam e sôfregos apetites se desencadeiam, sobrepondo o desejo de uma pacificação política à linha dura da intransigente defesa dos princípios orientadores do Regime, dispusemo-nos, obedientes às superiores directrizes dos mais responsáveis:, a uma mais ampla abertura possibilitadora de um entendimento propício ao desfazer de ódios e malquerenças que chocavam os nossos sentimentos.
O estarmos dispostos a continuar -certos de que o continuar, politicamente, como o viver, pressupõe as renovações e adaptações necessárias à permanência- trazia consigo, implícito, o propósito de transigir, renovando ou reajustando de acordo com as necessidades cuja satisfação se entendesse melhor servir os anseios de determinado momento, na demonstração inequívoca da adaptabilidade do sistema e maleabilidade dos princípios orientadores. Era a renovada confiança na solidez das nossas estruturas já consolidadas, e já comprovadas na resistência oferecida às arremetidas várias vezos ensaiadas que nos fornecia o alento.
Era a confiança na autenticidade da representação detida pelos órgãos da soberania que nos predispunha à integração de todos os portugueses de boa vontade.
Era, finalmente, a confiança nos próprios portugueses, já resguardados das virações assopradas dos sectores multíssonos e multívolos de inspiração partidária cujas incidências sofremos em termos que não desejamos ver voltar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso se foi consumindo na generalizada comichão, que se autorizou, no sentido de uma liberalização que abertamente se tem praticado com o aplauso dos de boa fé, de dentro e de fora do País; com a desconfiança de alguns e com a manifesta incredulidade dos de má fé, que nunca chegaremos a conquistar, nem o precisamos, agarrados como se mostram a mitos ultrapassados de que a Nação desdenha e não quer comprar pelo preço oferecido, legitimamente desconfiada, da "massa" que os amalgama.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Muito ou pouco, o que se tem permitido foi-o "sem Compromissos", não obstante, uma vez ou outra, algo demasiado se avançasse muito para além do que o consentia a letra e o espírito desse magistral discurso do Sr. Presidente do Conselho, em que ficou bem vincado o firme propósito de continuar. Isto apesar de nunca se haver prometido mais do que continuar.
Assim, fiéis às linhas mestras, foi com a promessa dessa fidelidade que a Nação se aquietou, submissa e