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6 DE FEVEREIRO DE 1969 3099

O Orador: - Disse o Sr. Presidente do Conselho.
Gostaria que se fosse generalizando um espírito de convivência em que a recíproca tolerância das ideias desfizesse ódios e malquerenças.
Pois é assim que eu, que não alimento ódios contra ninguém, nem me considero extremista ou intolerante, gostaria de ver processar-se a ansiada pacificação, embora pouco tenha dado por um atendível estado de guerra neste lírio exemplo de compostura e vivida unidade nacional em que decorreu a mudança na chefia do Governo, exemplar render da guarda, no meio do angustiosa expectativa, é verdade, mas tocado da reconfortante certeza de que a Nação dispunha, afinal, de tudo quanto era preciso para a sua permanência na tranquilidade há quarenta e dois anos vivida.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que dispunha do tudo u Nação .... e com H graça du Deus, até da serenidade e fortaleza de ânimo de um grande e bom timoneiro, bem senhor do leme e do rumo e, cônscio dos valores a preservar, a tal ponto que dele se poderá dizer, no futuro, que foi, como já ouvi, um Presidente da República a sevir segundo a tradição real . . .
Estaremos de acordo, Srs. Deputados? Oxalá que sim.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se á

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua o debate sobre o aviso prévio acerca da defesa da língua portuguesa.
Tem a palavra o Sr. Deputado Arlindo Soares.

O Sr. Arlindo Soares: - Sr. Presidente: Antes do dar início às singelas considerações que irei produzir, no intuito de trazer uma modesta achega para a concretização dos propósitos enunciados no aviso prévio dos ilustres confrades .Elísio Pimenta e José Alberto de Carvalho, cuja relevância e oportunidade desde já se acentua, quero apresentar a, V. Ex.ª os meus cumprimentos de muito respeito e profunda admiração pelo talento em que tem ilustrado a sua notável carreira pública, recheada de assinalados serviços prestados nu Regime e au País. e desejar, com V. Ex.ª e todos os nossos pares, o pronto e completo restabelecimento de S. Ex.ª o Prof. Mário de Figueiredo, que, com a auréola do seu nome e grandeza de seus méritos, tanto tem honrado essa alta presidência que V. Ex.ª, de igual forma, tem dignificado e prestigiado. E, porque é esta a primeira vez que uso da palavra depois das graves enfermidades que prostraram o Sr. Presidente Salazar, enchendo Portugal inteiro de angústias e desolação, que a Providência e a alta visão do venerando Chefe do Estado em parte desvaneceram, ao concederem-no a felicidade de vermos ao leme da nau do Estado o timoneiro sábio e prudente, que é o Prof. Marcelo Caetano, é meu dever, que gostosamente cumpro, saudar S. Ex.ª o Sr. Presidenta do Conselho e prestar-lhe a homenagem do mais alto apreço, respeito, acatamento e confiança nas excelsas virtudes do eminente homem de Estado, certo, como estou, e todos os portugueses, de que, sob a sua égide, a nossa querida pátria há-de continuar no caminho certo e seguro da Revolução Nacional.
Agora, e já dentro do ânimo que determina a minha subida a esta tribuna, cumpre-me saudar a egrégia figura do Salazar, o grande benemérito da Pátria, que na lapidar definição de S. Ex.ª o Prof. Marcelo Caetano, é o "homem de génio que durante quarenta anos imprimiu, à política portuguesa a marca inconfundível da sua poderosíssima personalidade, dotado de excepcional vigor do pensamento, traduzida por uma das mais eloquentes expressões da nossa língua e senhora du uma vontade inflexível e de uma energia inquebrantável que, ao serviço do interesse nacional, não tinha descanso nem dava tréguas".
Que Deus guarde, ainda por dilatados anos a sua vila preciosa, para que aquele que exercitou a língua com o rigor clássico de um Vieira ou de um Bernardes e nos proporcionou uma era de paz e prosperidade num mundo em constante convulsão possa gozar ainda a felicidade, que bem merece, de ver a nossa terra continuar na ascensão gloriosa do seu rumo histórico.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: É verdade incontroversa que o Mundo é hoje um vulcão permanente e a vida um mar revolto de contradições. Como o nosso querido e venerando Chufe do Estado tão brilhantemente acentuou na sua notável mensagem do Ano Novo, repassada da mágoa, e inquietantes preocupações, que alanceiam a sua alma de homem profundamente bom, o progresso material, que é evidente, nomeadamente no campo da ciência e da técnica, não se tem feito acompanhar do necessário progresso moral. Pelo contrário, assiste-se, dia a dia, a uma sinistra decadência dos valores fundamentais do espírito e o homem bestializa-se, perdendo a consciência da sua missão na terra; que é apenas um passo, e demasiado curto, para a sua ascensão para Deus.
A loucura do nosso; tempo é não sabermos interpretar o sentido dessa missão e, engodados pelos prodígios que a ciência nos vai concedendo, chegarmos a acreditar que ela nos trará a felicidade a, que aspiramos, quando cada vez mais nos afastamos do caminho que a ela nos conduz. O homem é um ser livre por excelência o a ciência fonte inexaurível de bens e de riquezas, mas esses bens e essas riquezas só serão úteis e profícuos quando aplicados com a finalidade última: a participação do homem com a verdadeira ciência que é Deus.
É tão patente aquela decadência o tão assolador o seu alastramento que não são poupadas já as instituições que, por sua natureza, são as depositárias dos valores essenciais du primado do espírito. Fala-se até em autodestruição da Igreja, e o mais grave é que esta queixa aterradora sai dos lábios e do peito torturado do Santo Padre, a sua pedi-a fundamental, a quem os falsos profetas do nosso tempo, alguns ainda envoltos na mesma túnica que cobriu o corpo dos apóstolos e dos mártires, não tem pejo de acusar e apregoar a desaforada desobediência. Horrível sinal dos tempos! . . .
A velha máxima latina homo hominis lupus é cada vez mais actual, e basta um ligeiro relancear de olhos pela orbe terráqueo que o homem parece querer deixar deserto, na ânsia desmedida de desvendar o espaço infinito, para nos apercebermos das ruínas e destruições que a sua animalidade vai provocando. Nenhum canto da Terra está a ser respeitado na fúria demolidora e demoníaca do novo apocalipse, e até este bendito oásis de paz fraterna em que durante anos vivemos foi assaltado pela horda dos bárbaros que nos feriram no cerne da nossa carne e da nossa alma ao pretenderem amputar-nos parcelas sagradas no solo pátrio que havemos de defender, custe o que custar. A firme decisão de nos defendermos, "defen-