O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 173 3098

O Orador: - A reconstrução ma temi do País foi, sem dúvida, obra meritória que não convirá nunca deixar cair no olvídio. Maravilhosa expressão da técnica, ficará, contudo, sem sentido se se esquecer que o foi da técnica ao serviço de uma política, e não de uma política subordinada a uma técnica endeusada e convencida de conter em si as virtualidades necessárias à consolidação o permanência do um regime, o que equivalerá a dizer-se que à política da técnica que tem dominado e desmentalizado, é preferível 11 técnica da política que se tem descurado, se não pratica e até se contraria, aqui e além despistigiados os seus valores demasiado continuadamente desinteressados de uma actividade que muito se perdeu em minimizar.
Não hasta mudar de homens como que a culpar os mudados du um imobilismo cuja responsabilidade lhos não cabe. É preciso mais, só é que realmente se quer avançar no compromisso tomado, ou que, como tal, se deixou tornar, no sentido de mostrar-se uma disposição favorável a uma participação mais activa do grande público na actividade política que, salvaguardado o essencial, já não vejo possibilidades de deixar de satisfazer-se, tão infrene corre o anseio de liberalização possibilitadora de uma Primavera têmpora que a prática de uma larga poda prometeu, mas que só uma enxertia satisfará, como aliás se mostra nas reacções dos sectores da opinião contrária, a quererem, verdade seja, muito mais do que poderemos realmente dar-lhes.
E aqui, convencido de que não estou a pisar terreno alheio - pois não é isto uma Assembleia política e não poderei eu, também, aproveitar-me da liberalização? -, sinto-me tentado, no desenvolvimento do pensamento que me domina e em paralelismo com recentes considerações do Sr. Ministro do Interior, a procurar, também eu, na terminologia da actividade que dá feição principal ao meu carácter, a definição da terapêutica que me parece mais adequada à satisfação das correntes verdadeiramente interessadas em servir o interesse nacional para que mais viçosas floresçam e em melhores condições frutifiquem as "plantas desta lavra em que andamos enredados, preparatória dessa Primavera que se prenuncia.
Assim - e nisto não deixarei decerto de agradar aos que, arredados, se mostram predispostos a transplantação -, direi que, se a poda é realmente essencial à preservação das plantas, no que lhes permite de alijamento dos rumos secos e consequente arejamento com vista à intensificação da sua capacidade produtiva, a enxertia não é menos importante para o lavrador atento, pela maior utilidade resultante de uma possibilidade de mais ampla satisfação dos gostos sempre em mutação. O enxerto, na operação que consiste em introduzir-se uma haste viva de uma planta sadia - eu disse sadia - noutra, tem indiscutível efeito na melhoria da qualidade para melhor satisfação do mercado consumidor, já que, tal como sucede nas vinhas, as renovas tem o risco do custo c os perigos das expectativas. Ao enxertar, assimila-se e integra-se num trabalho sempre experimental, ordenado e parcelar de modo a não só correrem riscos de prejudicar as características fundamentais da genuinidade de determinada cultura.
Cultura, na acepção em que estou empregando a palavra, quer dizer "destino", fim de um trabalho de sobrevivência.
Ora, em política, no constante evoluir das concepções e dos métodos de realização, haverá, parece-nos, que procurar na exertia os frutos mais concordes com as predilecções de dado momento, indo-se ao encontro, não dos gostos extravagantes dos que sempre acham mais sabor no estranho do que no próprio, mas das aspirações legítimas de sentido nacional que também nos sejam comuns, a que mal avisados andaremos se as deixarmos tomar a feição reivindicativa de correntes contrárias capazes de persuadirem de que não caberão nas nossas estruturas ou nas nossas possibilidades os anseios que visam. Interpretando exclusivamente, como o temos feito, a política como preocupação de realizar o bem comum, não vejo em que tenhamos de mudar muito, nem que outra satisfação possamos dar que não seja a de uma possibilidade de enxertarmos os nossos métodos ideais que possam ler estado na preocupação dos nossos adversários, das esquerdas que eles sejam, pois nos mostraremos tanto mais hábeis quanto mais capazes formos, nós mesmos, de fazermos aquilo a que eles chamam a sua revolução, imprudente ontem, talvez possível hoje, consolidadas como se mostram as estruturas necessárias às revisões de posição num meio ambiente em perfeita maturidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por tal processo, permito-me julgá-lo, se poderá chegar a um profícuo arejamento e apaziguamento dos espíritos como modo do alcançar-se a preconizada renovação na continuidade, cuja efectivação, bom será acentuá-lo, de nenhuma forma poderá resultar de pressões estranhas, de dentro ou de fora, mas antes e só do reconhecimento de uma necessidade de mais consentânea integração nas modernas correntes de opinião, em muitos aspectos perfeitamente compatíveis com o ideário dos homens que não querem perder uma revolução em cujos fins cabem os mais avançados anseios que as inspiram e que com tal objectivo se fez na paz, na ordem e tranquilidade públicas e com sentido verdadeiramente humano e cristão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - De contrário, arriscamo-nos a estagnar como sucede com os nossos adversários democráticos, que se não cansam de exibir o mesmo show . . .
Pois evoluamos, mas insistindo sempre em que não mudamos, ademais . . . não é verdade que foi porque se mostrou não terem sofrido alteração as nossas estruturas nacionais que o nosso país foi recentemente considerado, na América, como propício aos investimentos financeiros? . . .
Sr. Presidente: Não sei bem se a linguagem em que me exprimi se adapta, ou mesmo serve o pensamento do Governo quanto à matéria sobre que me debrucei a dar conta de um ponto de vista puramente pessoal, apenas com a ideia de servir o melhor que posso e sei um passado e um presente com que inteiramente me identifico, e o futuro que desejo os continuem e espero possa ser digno deles.
Entretanto, como esteve no espírito das palavras proferidas, sou de opinião que à aparente passividade (?) do inimigo que nos espreita e se apetrecha deveremos opor potencial idêntico e a certeza de que não é fraqueza a tolerância ensaiada, mostrando simultaneamente que somos nós quem está em condições de falar mais alto o com mais autoridade e a convencer de que a mudança de ritmo é possível sem afectar o essencial das partituras; na política como na música . . .

Vozes: - Muito bem!