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6 DE FEVEREIRO DE 1969 3105

Caberia aqui dizer-se ou repetir-se, e nesta hora, e ainda em conexão com o tema debatido, que o ideário da Revolução Nacional tem de ser extraído, no conteúdo da doutrina e na expressão da forma, de todos aqueles ensaios que são os discursos do Presidente Salazar: meditados á luz das melhores tradições nacionais, ganhando assim tanto um carácter como numa indiscutível originalidade, todos eles são animados por um espírito criador e iluminados pela viva inteligência de quem não desejando ser mais do que o interprete de uma vontade colectiva, veio a ser o guia da geração do resgate e ainda o estruturador de uma ampla reforma que abrange todos os sectores da actividade nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mais ainda: o mesmo carácter, a mesma originalidade da própria reforma empreendida, esses os devemos também ao Prof. Doutor Oliveira Salazar - pelo que o "caso português", estudado e encarecido por destacadas personalidades do nosso tempo, é iniludívelmente a consequência imediata do um alto pensamento de filosofia política, este servido por um espírito propenso a meditação das realidades em si mesmas e também a louvar-se de toda a vez numa cultura válida e do mais variado matiz. Na cúpula deste juízo seria também de se inscrever a afirmação de que jamais, como da parte do Presidente Salazar, veio a saber-se de tamanha coerência do pensamento com a acção, ainda na conduta particular e assim na maneira de ser e de viver.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Acrescentemos a palavra adequada e requerida quando os nossos cuidados se volvem para a defesa da própria língua. E digamos que ninguém como o Presidente Salazar, em nossos dias, tanto amou e serviu a língua mãe.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O culto da forma sempre o dominou a todo o momento, porque subjugado a preocupação da clareza e da aplicação imediata das palavras que melhor traduziam um conceito e também da sua conjugação, em ordem à formulação de um juízo. E logo e sempre se impõe, da sua parte, o culto da clareza, porque não é particular do espirito cultivado e esclarecido o recurso ao hermetismo da expressão, ficando este reservado, sim, para quantos encortinam a ignorância com a expressão menos acessível a apressada leitura e fácil raciocínio.

A boa lei da portugalidade bem carecemos nós de a ver divulgada a todo o tempo e sobretudo na escola: saibam os novos o que fomos, para logo saberem o que são e qual o dever, qual a missão que lhes cabe. Exige-o a defesa do nosso património espiritual, riqueza sem par em que se radica a nossa própria individualidade. E não bastará, para tanto - consinta-se a interrogação -, não bastará seleccionar textos do homem de génio a quem os nossos destinos e o futuro dos nossos filhos e netos estiveram confiados por dilatado período du quatro decénios?

Para a difusão da lei da portugalidade, o que se impõe, a meu ver, é a preparação imediata de uma selecta de textos do Presidente Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Faculte-se, depois, a todos os novos, já na escola, já, na oficina ou escritório, a leitura destes textos: através dela será oferecido a todos o conhecimento imediato do Evangelho português, bem como a formação necessária para sentir, amar e respeitar a pureza da nossa língua.
Esta uma sugestão que deixo aqui, na esperança de a ver acolhida, amparada e concretizada por quem de direito. E não será mais do que uma sugestão, o dever que nos impõe a hora presente, que é também uma hora meridiana de Portugal?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Hirondino Fernandes: - Sr. Presidente:

Floresça, fale, cante, ouça, e viva
A portuguesa língua, e já onde for, Senhora vá de sí soberba e altiva.
António Ferreira

Lá em cima, à, sombra das avelaneiras floridas dos ridentes Minho e Galiza: ao longe, o murmúrio das ondas, das ondas do mar de Vigo, espraiando-se na praia: e a dois passos, em perfeita harmonia de sons, o som orquestral dos estorninhos do avelanado.

Aí nasce mas breve, daí sai a portuguesa, língua, que o destino, que a fadara, não se compadecia com tão acanhados limites: galga o Douro, o Tejo, o Sado, para logo embarcar rumo a horizontes mais largos.

Enriquece-se com todo o aroma e fragrância das rosas de Santa Maria e, levada no peito de heróis e santos, continua na sua marcha triunfal: as Tormentas tornam-se Esperança, e em breve aí está ela repartida pelo Mundo em pedaços mil - na Europa, na África, na América, ontem língua franca de toda a Ásia, onde, por três séculos, chegou a falar-se mais ou menos pura, e hoje em Goa, Damão e Dio, quer queiram, quer não, e ainda em Bengala, Malaca, Singapura, Ceilão (sob a forma de crioulo), nalguns pontos da costa do Malabar, etc.
Floresça, fale, cante, ouça-se e viva ..., e a língua portuguesa floresceu e falou e cantou e, daí, necessariamente, se ouviu e viveu.

Fala-se e canta-se e ouve-se e vive-se ainda em quase todo o antigo território, e de tal modo que de entre, aproximadamente, as 2 000 línguas e uns 8 000 dialectos em que os homens se entendem - quando não se desentendem! - ela continua a ser uma das principais línguas comerciais de origem europeia, a sexta, segundo o Atlas Larousse de 1930. e falada por uns 60 e tal a 70 milhões do indivíduos, no dizer de Mário Pei e Nuno Simões (este com, base nos resultados de dois inquéritos organizados, um em 1934 pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e publicado no Boletim Comercial, e outro pela Sociedade de Geografia de Lisboa, conforme respectivo Boletim de Novembro-Dezembro de 1940), para além de outros, ela ocupa um 2.º lugar entre as línguas, românicas. um 4.º entre as de civilização e comerciais e um 9.º entre as línguas do Mundo.
Repartida, muito embora, em "pedaços mil", como dissemos, postos de lado os crioulos propriamente ditos, ela mantém-se, surpreendentemente, sem diversificações dignas de tal nome, em todas as parcelas do território, em contraste bem flagrante com o que sucede em França, Itália, Alemanha, na vizinha Espanha, etc.