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21 DE FEVEREIRO DE 1969 3221

rante e o capitão-tenente Sacadura Cabral ao posto de capitão-de-fragata, por proposta do Ministro da Marinha ao Parlamento, que a aprovou por unanimidade.
O almirante Gago Coutinho foi convidado a proferir conferências no Rio de Janeiro, em Paris, em Madrid, em Nova Iorque, nas agremiações mais distintas - Universidades, entre elas a Sorbona, academias e sociedades científicas. Tomou parte em congressos em Portugal e no estrangeiro. Publicou numerosos artigos na imprensa e foram-lhe conferidas as mais altas condecorações portuguesas e estrangeiras. Todas aceitou grata e delicadamente, mas não fazia gala em as exibir.
Alma simples, despretensiosa, isenta de vaidades, mostrava-se todavia intransigente com tudo o que pudesse afectar a dignidade própria e o prestígio de Portugal e da Armada.
Gago Coutinho entrou por direito próprio nas páginas gloriosas da História de Portugal. O nobre e egrégio almirante bem mereceu da Pátria e da humanidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Armando Cândido: - Sr. Presidente: Deste, mesmo lugar e já na presente legislatura falei da instante e cada vez mais premente necessidade da adequada construção de um porto de mar na ilha de Santa Maria e creio ter posto nesse meu já tão dilatado empenho a alma das razões que lhe assistem, sem cair no exagero, ou seja, como quem pesa a palavra na balança da verdade.
Hoje volto a apelar para. o Governo, mas agora no sentido de não se perder mais tempo quanto ao completo apetrechamento do aeroporto da Nordela, na ilha de S. Miguel, visto que os trabalhos de construção das pistas, acessos e plataforma de estacionamento não estão longe do seu termo.
Este caso do aeroporto da ilha de S. Miguel também é um velho caso, que conheceu as fases do erro inicial na escolha do chamado Campo de Santa Ana, do estagnamento posterior à improvisação que se lhe seguiu e do engasgue na escolha do novo local até ao período de mãos à obra e de mãos na obra, no começo muito embaraçado por causa de dificuldades inesperadas e depois envolvido em inquietantes demoras, nem sempre justificáveis.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Entretanto, a vida económica da maior ilha do arquipélago dos Açores - nos seus 747 km2 vivem 168,7 milhares de pessoas, mais de metade da população dos Açores -, a vida económica da maior ilha do arquipélago dos Açores - repito -, c, o processo das suas relações humanas com o exterior foram acumulando desesperos sobre esperanças e esperanças sobre desesperos, com os danos consequentes, alguns graves e todos irreversíveis.
Desde que os transportes aéreos se afirmaram como uma realidade crescente, as populações passaram a requerê-los com a mesma avidez das asas que cortam o espaço, designadamente as populações mais isoladas e distantes, como a população da ilha de S. Miguel, cujo ritmo de vida. pela intensidade do seu crescimento, carece da expansão a que tem direito.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Afirma-se que as obras do aeroporto - as que estão a ser executadas e dizem respeito, como já referi, às pistas, aos acessos e à plataforma de estacionamento - ficarão concluídas ainda este ano, talvez em Junho próximo, mas ninguém sabe ao certo quando principiam e quando acabam as obras relacionadas com as instalações definitivas dos serviços de apoio ao tráfego aéreo. E uma vez que as infra-estruturas essenciais ainda em construção na ilha dos Açores, que, pelo tamanho do seu território, volume da sua população e quadro das suas actividades, constitui o centro gerador de mais tráfego aéreo no arquipélago, deverão ficar - segundo se afirma - concluídas no aludido mês, é provável que se lhes agregue, à última hora, qualquer coisa de provisório para ir regulando aquele tráfego, dados os lógicos imperativos das futuras e inevitáveis circunstâncias.
Ora a gente pode habituar-se a não ter medo das coisas deste mundo, mas devemos ter medo ao provisório, que jamais cede ou custa muito a ceder ao definitivo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E não me digam que o aeroporto da Nordela poderá servir assim a política aérea dos Açores, que está em vias de ser definida mediante estudos preparatórios com vista a resoluções superiores.
Em meu entender - e salvo o devido respeito por todas as opiniões mais autorizadas -, o aeroporto da Nordela, ha ilha de S. Miguel, não deve ser unicamente equipado para servir o tráfego entre as ilhas do arquipélago. Terá, pelo menos, de possuir as condições exigidas por quaisquer linhas aéreas compatíveis com a capacidade das pistas, e essas linhas requerem elementos de apoio que não devem ser montados e entrar em funcionamento em qualquer instalação provisória e, consequentemente, precária. Porque não concebo o aeroporto da Nordela para o serviço exclusivo de voos entre as ilhas. Ele deverá e terá de servir, tanto quanto possível - e Deus queira que não venha a inserir-se neste ponto alguma áspera dificuldade -, para os voos directos a realizar no maior e mais aconselhado número entre o continente e a ilha de S. Miguel.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, recuso-me a admitir que esta ilha, depois de ter esperado tantos anos por um aeroporto capaz, vá agora, depois do desejado aeroporto aberto à navegação aérea de via reduzida, esperar mais alguns anos pela aparelhagem que o habilite à frequência dos aviões da transportadora nacional considerados de médio curso.
Desejo, Sr. Presidente, ser conciso e claro, tanto quanto possível. Mas desejaria alinhar mais duas considerações: urna, que talvez seja um desabafo; outra, que poderá ser tomada como nota aproveitável.
Tive sempre, a propósito das ligações aéreas com a ilha de S. Miguel, uma concepção que jamais se acomodou à ideia de melhoramentos definitivos a executar, para o efeito, no Campo de Santa Ana. Julguei, desde o princípio, o lugar contra-indicado e por mais de uma vez adiantei e sustentei a necessidade de se encontrar novo terreno que pudesse ser devidamente utilizado na construção do aeroporto que satisfizesse as exigências do presente e fosse ainda susceptível de ser aproveitado no futuro, no sentido de poderem ser nele realizadas as obras que as condições de desenvolvimento do tráfego aéreo viessem a impor.
Esta ideia acabou, felizmente, por vingar, mas era escusado levar-se tanto tempo a erguer projectos contra ela, alguns deles, verdade seja, nascidos da aflição em dotar a ilha de S. Miguel com um aeroporto razoável dentro dos condicionalismos existentes.