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4 DE DEZEMBRO DE 1970 1065

menos desenvolvidos técnica e economicamente. Limito-me a condenar o que DOO é, presentemente, indispensável nesta contexto.

Seria interessante saber-se quanto se gastou ao longo do ano em actividades dispensáveis nesta fase complexa que a Nação enfrenta. E, entretanto, restringem-se, quando não se recusam, por exaustão de dotações, não o duvido, menores verbas destinadas ao bem-estar e promoção sócio-económica das populações, como estradas municipais, abastecimento de água e de electricidade, esgotos, postos sanitários e caminhos vicinais a povoações carecidas de tudo, onde se vive ainda boja ,em muitos aspectos, como no princípio do século.

Todos sabemos que a grande maioria das câmaras municipais pouco ou nada pode fazer para a resolução destes graves problemas, par ausência da receitas e técnicos. É ponto que precisa de uma solução, que, aliás, se não vislumbra fácil.

Discutem-se, certamente, verbas para fins militares que ajudariam a poupar vidas pela eficiência e segurança que confeririam Às operações, permitindo-lhes alcançar eficazmente objectivos que de outro forma ou DUO o são, ou somente à custa de perdas, porventura, evitáveis. Devo, todavia, sublinhar, nesta altura, que as perdas em combate são modestíssimas se as compararmos, por exemplo, com os 2 008 em acidentes de viação na metrópole em 1969 - pouco menos que as sofridas nas trás províncias marterizadas desde o início do terrorismo até ao fim deste mesmo ano. Depois, há que ter presente que, dispondo os militares da meios apropriados e devidamente coordenadas as suas acções com as autoridades administrativas e policiais, o que numa é de mais acentuar, formando um todo homogéneo que reputo fundamental, seria a forma de se conseguir uma verdadeira e eficaz frente de contra-subversão, que deveria englobar todos os recursos disponíveis.

Por outro lado, a atitude e procedimento dos chamados países evoluídos e cristãos - o tal mundo ocidental -, onde o respeito pêlos valores morais deveria ser um axioma, não me parece que nos sejam tão favoráveis como seria lícito esperar, sendo prudente admitir cada vez mais dificuldades futuras em questões primordiais, como sejam aquisições de certo material e equipamentos que, infelizmente, ainda não fabricamos, apesar de enfrentarmos uma guerra de usura há quase dez anos.

O caso de Cabora Bassa, expressão máxima do nosso desenvolvimento económico para fin pacíficos e de bem-estar das populações, é gritante e significativo. Essa torpíssima campanha dos .nossos inimigos não pára, já produziu alguns frutos, e da sua orquestração, generalizada à nossa posição em África no seu conjunto, merecem especial referência a famigerada conferencia de Roma, de 27 a 29 de Junho, pela bênção que receberam os principais cabecilhas responsáveis pelo terrorismo, e a cimeira dos países não alinhados, que deveria antes chamar-se dos países antiocidente, tais os ataques feitos a várias nações do mundo livre, que teve lugar em Lusaca, em Setembro, e que, como aliás era dê esperar, foi mais um impulso para a terrível intriga,- agressividade e injustiça que se desenvolvem contra Portugal. Sem já falar na O. U. A., por ser cediço o seu repertório contra nós, e na decisão do Conselho Mundial das Igrejas, que brada aos céus, por associar o nome de Cristo a malfeitores, é também credor de uma palavra de reacção indignada o escândalo das sessões da Assembleia Geral do 25.° aniversário da criação da O. N. U., a que prefiro não fazer comentários, por ter já tido divulgação que não podia passar despercebida a ninguém. Será, contudo, ainda possível que Portugal contribua com numerário para as despesas de tão inqualificável areópago?

Voltando ao tema inicial das economias em gastos não essenciais, direi que poder-se-á alegar que não podem comparar-se as menores verbas consumidas em despesas dispensáveis com as muito maiores que as necessidades anteriormente enunciadas exigiriam. Desde logo, em quantitativo assim é, mas os princípios é que se me afiguram distorcidos, e ainda que insignificantes relativamente aos 30 milhões de contos do Orçamento Geral, sempre ajudariam a dulcificar alguns anseios mais prementes.

Estamos fazendo um grande esforço, tem de reconhecer-se, na promoção escolar, sanitária e sócio-económica das populações na metrópole e no ultramar, esforço que, todavia, está longe de ser o que todos desejaríamos para suprir atrasos lamentáveis. No ultramar, então, esta promoção sócio-económica é o verdadeiro motor capaz de reconduzir para junto de nós UB populações forçadas pela coacção inimiga, usando dos mais violentos e cruéis processos, a afastarem-se das suas áreas de vivência, constituindo a melhor forma de pôr em prática uma contra-subversão válida e eficaz, pois não é apenas com meios militares que se soluciona um tipo de guerra revolucionária, como já se reconheceu há muito e se tem, felizmente, exemplificado em várias zonas das nossas províncias ultramarinas, cujos chefes merecem aqui uma palavra de alto apreço e consideração.

Permito-me fazer agora uma alusão pessoal a um problema ligado a tão espinhosa matéria: por num, considero que a cabeça da administração civil e o comando-chefe das Forças Armadas deveriam estar investidos na mesma entidade; refiro-me, desde logo, às províncias onde há terrorismo, por ser, a meu ver, a verdadeira forma de obter eficiente e produtiva coordenação da actividade de autoridades civis, militares, paramilitares e policiais, coordenação que, neste tipo de luta total, é mais que fundamental, pois é questão de vencer ou ser vencido.

Continuando a referir-me à metrópole, desejaria ainda acrescentar algumas palavras, porque o atraso de certas regiões é tão chocante que só mediante tenaz esforço será possível ao menos minimizá-lo, já que não se consegue eliminá-lo de um dia para o outro.

O meu distrito - a Guarda - é presentemente dos mais marcados, para não dizer o mais marcado, por carências e atrasos de todas as espécies. A maioria das câmaras municipais não tem receitas que permitam um mínimo de obras, dependendo totalmente das verbas que lhes venham a ser concedidas extraordinariamente. A Comissão do NE que as ajudou o melhor que pôde desde 1967, ano em que foi criada, viu as suas dotações reduzidas em 1970 e alteradas as suas atribuições, o que lhe dá menores possibilidades de recuperação dos grandes atrasos existentes, que era a finalidade que levou a dar vida à Comissão.

Praticamente, os auxílios dependem agora da Direcção--Geral dos Serviços de Urbanização, cuja vastidão de actividades e limitação de verbas não lhe permitem, evidentemente, promover a recuperação dos tais atrasos, objectivo que não pode ser alcançado por outros processos.

Então como estranhar que esta pobre região metropolitana seja das mais castigadas pela emigração, que afundará a agricultura local, levando as terras, já de tu, na sua grande maioria, pouco produtivas, acidentadas e demasiado parceladas, a um abandono sucessivo, que não se enxerga onde terminará! Não pode esquecer-se que a propriedade está pulverizada e que em numerosas freguesias de solo granítico e terras delgadas a mecanização é praticamente inviável. E se acrescentar que é no meu distrito que se situa uma das zonas de menor pluviosidade do País, onde